Viana do Castelo precisa de uma voz diferente


A apresentação pública dos candidatos da CDU pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, realizada no dia 6 de Agosto, foi, segundo o seu mandatário, um acto de «alto significado político» pelo interesse com que a coligação encara no distrito a possibilidade do seu reforço.

O reforço do número de votos e do número de deputados da CDU na Assembleia da República é indispensável para «abrir caminho a uma alternativa democrática ao rotativismo habitual» entre o PS e o PSD - incompatível «com uma qualquer maioria absoluta do PS» - e ao desenvolvimento do País.
Um desenvolvimento que, para a CDU, tem que assentar na defesa das alavancas essenciais da economia portuguesa, numa mais justa distribuição do rendimento nacional, na valorização da nossa produção, na criação de emprego com direitos e no combate às enormes assimetrias regionais existentes.
Assim, as verbas para o desenvolvimento do Alto Minho terão de resultar de «uma postura persistente, coerente» e «identificada com os reais interesses do distrito», que os candidatos da CDU se comprometem a assumir.
João Duarte, primeiro candidato da CDU por Viana do Castelo, após ter tecido críticas às políticas seguidas primeiro pelo PSD e depois pelo PS, afirmou que Portugal está confrontado com duas possibilidades de evolução a curto e médio prazos. Uma, a afirmação de Portugal «como Estado-nação em desenvolvimento numa União Europeia de povos e Estados soberanos e iguais em direitos, renovada e com um rumo económico, social e político, distinto das orientações neo-liberais que têm sido dominantes». Outra, uma evolução no sentido de transformar Portugal numa «"região europeia" de um estado europeu mais ou menos federal, parceiro menor de um bloco económico-político-militar, mais ou menos dependente dos Estados Unidos da América».
Para o cabeça de lista da CDU, essa evolução vai ser determinada pela correlação de forças políticas, económicas e socais que resultarem das próximas eleições legislativas, em que «vamos sufragar o projecto político que queremos».
Ora, com o rotativismo entre o PS e o PSD no governo, o que se tem verificado é que o distrito de Viana do Castelo tem sido esquecido pelos investimentos públicos, que o índice de envelhecimento da sua população tem vindo a acentuar-se, e que enferma de atrasos que se traduzem em índices de desenvolvimento que ou são iguais ou inferiores aos dos distritos do interior.
Em resumo, um atraso que se deve ao «desenvolvimento bicéfalo de Portugal entre Lisboa e Porto» e é agravado pelo abandono a que os governantes o têm votado e que se traduz pelo desaparecimento de mais de 1700 dos 2700 pescadores que existiam, de 35,6% das explorações agrícolas da região e à diminuição do investimento público desde 1997.
Os próximos anos serão, pois, «determinantes» para o distrito, impondo-se que Viana do Castelo «se desenvolva depressa, não por inércia ou arrastamento, mas por um forte impulso que, de forma coordenada e rápida, desencadeie os instrumentos necessários» ao seu crescimento. O que, como se viu, não é possível com o PS ou o PSD.
A CDU pugnará, contudo, por esse desenvolvimento sustentado do distrito, daí a importância da eleição de um deputado seu por Viana. Um deputado que, ao mesmo tempo, terá um «efeito positivo» junto dos deputados dos outros partidos, «cuja passividade e cultura de obediência perante o governo e os poderes instituídos» lhes retira «força e empenho da luta pelo desenvolvimento do distrito».
A terminar, João Duarte deixou um desafio aos seis deputados eleitos por este círculo eleitoral: que, juntamente «com as associações de municípios e de desenvolvimento regional, as organizações sócio-profissionais e culturais e os órgãos da administração concentrada» definam as «prioridades do distrito e, em Abril de cada ano, no âmbito do Orçamento e do Plano para o ano seguinte, apresentem uma proposta comum».


Lista de candidatos da CDU pelo círculo de Viana do Castelo


«Avante!» Nº 1342 - 19.Agosto.1999