Évora
Instabilidade
na Siemens
A Comissão
Concelhia de Évora do PCP está «preocupada» e «indignada»
com o clima de incerteza e medo em que estão a viver muitos
trabalhadores da Siemens em Évora.
Desde Janeiro de 1999, foram despedidos cerca de 300
trabalhadores e dezenas de outros estão a ser pressionados pela
Administração no sentido de rescindirem o seu contrato de
trabalho, sendo remetidos para a «prateleira» caso não aceitem
a rescisão. Enquanto isto, para poder corresponder ao volume de
encomendas em carteira, a administração pressiona trabalhadores
a fazerem horas extraordinárias.
Ou seja, «contrariando todas as operações de marketing por
parte do Governo e do PS» relativamente à nova unidade
instalada em Évora, 90 por cento dos trabalhadores estão
contratados a termo e laboram na maior precariedade, enfrentando
uma «"disciplina" ditatorial».
Esta é uma situação tanto mais grave, quanto a Siemens recebeu
milhões de contos do Estado português com a promessa de
investir na criação de mais emprego estável. A realidade é,
porém, de desinvestimento e indefinição relativamente ao
futuro e da venda da Siemens S.ª de Évora a uma multinacional
norte-americana Tyco, sediada nas Bermudas e cuja administração
ninguém conhece.
O PCP está, pois, solidário com a luta dos trabalhadores da
Siemens e compromete-se a desenvolver um conjunto de iniciativas
que levem a administração, o Governo e o PS a cumprir os
compromissos que assumiram com os trabalhadores e a população
de Évora.
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Na
AR
PCP quer interpelar Pina Moura
O PCP vai propôr a presença do ministro das Finanças e da Economia no Parlamento para o confrontar com a situação laboral na antiga fábrica da Siemens em Évora, onde os operários estão preocupados com ameaças de desemprego.
A iniciativa foi
divulgada esta terça-feira pelo deputado comunista Lino de
Carvalho, no final de uma reunião com a comissão intersindical
da empresa que, recentemente, afirmou existir um «clima de
instabilidade na fábrica».
A preocupação dos operários resulta da intenção da
administração de «afastar 120 trabalhadores efectivos de
imediato, através de rescisão por mútuo acordo», metade dos
quais já se concretizou, conforme adiantou a sindicalista Helena
Costa.
No final da visita à fábrica, vendida pela Siemens à
multinacional americana Tyco Internacional, Lino de Carvalho
adiantou a intenção de interpelar o ministro da tutela na
próxima sessão de perguntas ao Governo na Assembleia da
República, a 7 e Janeiro.
O deputado quer que o governo «não ignore mais este grave
problema e que intervenha, com urgência, para evitar que mais
umas centenas de trabalhadores väo para o desemprego». E que,
sublinhou, «mais uma multinacional se fique a rir embolsando
milhões de contos do Estado Português em apoios financeiros e
benefícios fiscais para projectos que depois não concretiza,
amputa ou altera substancialmente».
Ao reunir com a comissão de trabalhadores, Lino de Carvalho
disse terem ficado «mais sublinhadas as suas preocupações
relativas às pressões da empresa para a rescisão de
contratos», com substituição desses operários por «jovens
que aceitem trabalhar em condições precárias».
Embora a Siemens tenha esclarecido que o processo de venda da sua
antiga fábrica de relés, que emprega cerca de 1100
trabalhadores, esteja concluído desde 1 de Outubro deste ano, a
comissão de trabalhadores realça o «clima de instabilidade que
se vive na fábrica».