Produtores
de tomate
em defesa da agricultura familiar
A defesa da
pequena agricultura e da produção de tomate, a nível nacional
e europeu, foram questões debatidas num encontro das
organizações de produtores sobre o sector do tomate,
recentemente realizado, e que reuniu 25 organizações e mais de
100 participantes.
«Na agricultura
devem ser introduzidos os temas de segurança alimentar,
desenvolvimento rural, qualidade dos produtos, emprego no meio
rural», afirma-se no documento aprovado no encontro. A
preservação da agricultura familiar, «que é respeitadora do
ambiente e da sua biodiversidade» e a especificidade do sector,
«aconselham a saída da agricultura da Organização Mundial do
Comércio, considera-se ainda no documento.
Os produtores de tomate propõem a criação de um Fórum
Nacional de Consulta e debate sobre a Ronda do Milénio e a
Organização Mundial do Comércio, em que as Organizações
Não Governamentais (ONG) nacionais e outros grupos de cidadãos
sejam chamados a participar. E lembram que «as condições de
trabalho e de exploração são desiguais», há países e
regiões «onde os custos de produção são mais baixos em
função da intensificação e das grandes áreas» e outros «em
que o baixo custo de produção é obtido através da desenfreada
e desumana exploração de mão-de-obra, a trabalhar quase em
regime de escravatura, sem direitos nem regalias».
No que respeita à produção de tomate e, em particular, de
tomate para a indústria, o documento salienta que se trata de
«uma actividade fundamental e decisiva para a agricultura
mediterrânea e para as explorações familiares, pelo que se
impõe que, no quadro da União Europeia, o Governo não aceite
quaisquer cedências que «penalizem ainda mais os produtores e
ponham em causa a sobrevivência de muitos agregados
familiares».
Os produtores de tomate referem, em particular, a questão das quotas,
defendendo nomeadamente que «a gestão das quotas / quantidades
/ limiares deve, em cada Estado membro, ser feita pelo organismo
coordenador / pagador (INGA em Portugal) em articulação com as
organizações de produtores».
De entre as conclusões destaca-se ainda a preocupação por que
«o preço mínimo do tomate a pagar à produção, sabendo que
tem duas componentes - um valor do produto base e a diferença de
custos de produção entre o mercado mundial e os países do
Mediterrâneo -, deve garantir um nível de rendimento condigno
aos produtores».