Listas unitárias condenam
Negócio do BPSM
é «um escândalo»



A decisão de vender o Banco Pinto e Sotto Mayor ao BCP de Jardim Gonçalves «aprofunda a entrega do poder político ao poder económico, com a consequente subversão da própria democracia», afirmam as listas unitárias candidatas às eleições de 12 de Abril, para os corpos gerentes do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas.

Numa nota distribuída sexta-feira, aquela decisão do Governo – à qual, «por certo, não serão estranhos os apoios anteriormente dados às campanhas eleitorais do PS» – é considerada «um escândalo», pois vem contemplar mais uma vez o grupo BCP, «que pratica uma política de violação brutal e sistemática das leis laborais nas suas empresas» e que assim é colocado no lugar de «primeiro beneficiário da agiotagem financeira e especulativa da economia nacional».

As listas unitárias recordam que, ainda no dia 29 de Março, um membro da administração de Jardim Gonçalves «considerava, com sobranceria, que a actuação da Inspecção Geral do Trabalho para tentar impor o respeito pela lei era uma forma de "promover o trabalho clandestino na banca".
Na nota alerta-se para o facto de que «os trabalhadores do BPSM que, por diversas vezes, demonstraram ser o maior garante do banco, não podem continuar a ser cobaias de mais experiências "laboratoriais", internas e externas, dos insaciáveis interesses do capital», uma vez que «com elas já sofreram e continuam a sofrer prejuízos como nenhuns outros». Feito o negócio entre o Governo e Jardim Gonçalves, «é imperioso salvaguardar a estabilidade, a dignidade e a imagem de todos os trabalhadores do BPSM e, simultaneamente, promover a imprescindível e justa melhoria das suas condições sociais e salariais», defendem os unitários.

Eleições dia 12 e liberalização

A posição tomada pela Lista B (coligação PS, PSD e MRPP) quanto à liberalização dos horários de trabalho no sector comprova que, «estando em sintonia com os objectivos dos banqueiros e do Governo e não podendo ter uma actuação independente destes, não está em condições de defender os bancários».
Este comentário das listas unitárias – Lista A, para os corpos gerentes do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, nas eleições que vão ter lugar no dia 12, quarta-feira – surgiu como reacção a declarações da Tendência Socialista, no «Correio da Manhã» de 29 de Março, afirmando que os sindicatos verticais do sector bancário não colocam nenhuns obstáculos ao alargamento do horário de trabalho, que os trabalhadores estariam dispostos a negociar horários que permitissem a abertura das agências até às 18 horas, ou mesmo horários diferenciados entre as 8 e as 21 horas e até dizendo que, no limite, os sindicatos aceitam um cenário de trabalho de 24 horas por dia.

Os candidatos unitários apelam ao fortalecimento da unidade dos bancários, para resistir à ofensiva do grande capital e do Governo, para combater a insegurança e a violação da lei e dos direitos dos trabalhadores e para suprir «a subordinação partidária da Lista B». Assim, as listas unitárias apresentam-se aos bancários como «a única alternativa de voto para defender os seus direitos e a dignidade da sua profissão».


«Avante!» Nº 1375 - 6.Abril.2000