Espionagem mundial
Echelon volta ao debate



O assunto Echelon vai voltar ao Parlamento Europeu na sessão de 15 a 19 de Maio quando será votada a criação de uma comissão de inquérito.


Depois de um vasto conjunto de deputados ter subscrito um pedido de constituição de uma Comissão temporária de investigação (que será votado em Maio), o sistema de espionagem controlado pelos Estados Unidos voltou a ser debatido no Parlamento Europeu, numa iniciativa em que participou o ministro português da justiça, Fernando Gomes e o comissário Liikanen.
No debate, realizado quinta-feira da passada semana, Fernando Gomes adiantou que mais do que questionar a existência do Echelon, sobre o qual disse não ter dúvidas, o importante é apurar «qual é a utilização» que é feita da informação recolhida e em que medida isso colide com normas de jurídicas dos Estados-membros. Por outro lado, afirmou que deve ser evitada «a devassa dos sistemas de inteligenzia de investigação ou espionagem».
Na circunstância de se provar o uso indevido do sistema, como denuncia um relatório produzido pelo Parlamento Europeu, exemplificando casos de espionagem económica, então «isso seria um problema de uma tal gravidade que teria que levar a UE a tomar uma posição». Por enquanto, apenas existem «suspeições» e nada está provado quanto ao uso dos dados para favorecimento de empresas americanas, considera Gomes.
Em apoio desta tese, o comissário finlandês Erkki Liikanen revelou que recebera na véspera uma carta do departamento de Estado norte-americano na qual os EUA negam que os seus serviços tenham sido alguma vez utilizados para espionagem industrial.
Os eurodeputados mostraram-se mais uma vez divididos, com o PPE e o PSE a manifestarem-se contra a comissão de inquérito. Contudo, o pedido reuniu um vasto número de assinaturas de todos os grupos pelo que poderá vir a ser aprovado na sessão de 15 a 19 de Maio.


«Avante!» Nº 1375 - 6.Abril.2000