Eurodeputados
constatam
violência em Chiapas
Uma delegação do Parlamento Europeu reuniu-se na passada semana, em Acteal, no Estado de Chiapas, com índios deslocados pela actividade dos grupos paramilitares.
A delegação era
chefiada pelo deputado socialista António Seguro, representante
do PE para os países da América Central, que em declarações
à imprensa citadas pela Lusa confirmou o teor de várias
denúncias de violação dos direitos humanos naquela região.
«As pessoas querem regressar às suas casas e trabalhar nas suas
terras, mas têm medo de ser atacadas dada a falta de
segurança», disse Seguro sobre a sua visita a Acteal, onde, em
22 de Dezembro de 1998, foram massacrados 45 índios.
Sublinhando que no município de Chenalhó, a que pertence
Acteal, existe uma enorme pobreza, o eurodeputado exortou todos
os organismos envolvidos na busca de uma solução pacífica para
o problema a trabalharem no sentido de «respeitar a vida a vida
humana e salvas as pessoas».
Desde Janeiro de 1994, perto de seis mil índios viram-se
obrigados a deixar as suas casas face às constantes ameaças de
forças paramilitares que contam com o apoio do governo mexicano.
A delegação vai agora apresentar um relatório ao Parlamento
Europeu expondo o que viu em Chiapas, o qual, a julgar pelas
declarações conhecidas, confirmará as razões dos que
protestaram contra o acordo comercial entre o México e a União
Europeia, assinado no passado dia 23 de Março, em Lisboa, na
presença do presidente mexicano, Ernesto Zedillo.
No mesmo dia, um grupo de jovens integrou-se na manifestação da
CGTP-IN acusando a UE de hipocrisia ao fazer vista grossa à
violação dos direitos humanos em troca do acesso a um mercado
de 375 milhões de pessoas. O respeito pelos direitos dos índios
foi igualmente exigido num abaixo-assinado, subscrito por um
amplo conjunto de personalidades, que foi entregue à
presidência europeia.