O PARTIDO E OS TRABALHADORES

«É na li­gação aos tra­ba­lha­dores que se si­tuam as fontes de força es­sen­ciais do Par­tido»

No En­contro Na­ci­onal sobre a acção e a or­ga­ni­zação do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho, re­a­li­zado em Ou­tubro pas­sado, foram de­fi­nidas di­versas li­nhas de acção vi­sando o re­forço da in­ter­venção par­ti­dária junto dos tra­ba­lha­dores. De­fi­nição, em cada re­gião e sector, das em­presas pri­o­ri­tá­rias; res­pon­sa­bi­li­zação de ca­ma­radas pelo acom­pa­nha­mento di­recto a essas em­presas (e, sempre que pos­sível, os qua­dros des­ta­cados para essas res­pon­sa­bi­li­dades, de­ve­riam ser li­ber­tados de ou­tras ta­refas); cri­ação de or­ga­nismos de em­presas, a nível re­gi­onal, sec­to­rial e con­ce­lhio; le­van­ta­mentos, nas or­ga­ni­za­ções de base local, dos mi­li­tantes tra­ba­lha­dores e dos lo­cais onde tra­ba­lham – estas al­gumas das me­didas que, res­pon­dendo a pre­o­cu­pa­ções do co­lec­tivo par­ti­dário, foram de­fi­nidas co­lec­ti­va­mente e pas­saram a cons­ti­tuir como que um ponto de ar­ranque para a me­lhoria e o apro­fun­da­mento do tra­balho do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho, ou seja para o re­forço da acção do Par­tido junto da classe ope­rária e dos res­tantes tra­ba­lha­dores.

Entre os par­ti­ci­pantes do En­contro Na­ci­onal, não havia um só que du­vi­dasse das di­fi­cul­dades e da com­ple­xi­dade das me­didas apon­tadas. Mas eram muitos, se­gu­ra­mente a mai­oria, os que con­fi­avam na ca­pa­ci­dade do co­lec­tivo para levar por di­ante as ori­en­ta­ções por todos de­fi­nidas.

Re­cen­te­mente (veja-se o Avante! de há uma se­mana) re­a­lizou-se uma reu­nião na­ci­onal, no de­correr da qual se pro­cedeu ao ba­lanço das me­didas le­vadas por di­ante e aos re­sul­tados ob­tidos. O ba­lanço é am­pla­mente po­si­tivo: há um re­forço sen­sível, nos úl­timos meses, no que toca à pre­sença do Par­tido junto dos tra­ba­lha­dores através das cé­lulas de em­presa. Mostra o ba­lanço feito que, passo a passo – su­pe­rando obs­tá­culos, ul­tra­pas­sando bar­reiras, ven­cendo di­fi­cul­dades - avançou-se no ob­jec­tivo de criar cé­lulas onde elas não exis­tiam e de re­forçar o fun­ci­o­na­mento e a ac­ti­vi­dade das já exis­tentes.

 

É ver­dade que os avanços ve­ri­fi­cados nos deixam muito aquém do que é ne­ces­sário fazer (e, es­pe­ci­al­mente, muito aquém do que é pos­sível fazer); é ver­dade que os obs­tá­culos ao de­sen­vol­vi­mento do nosso tra­balho são con­si­de­rá­veis; é ver­dade que o grande pa­tro­nato, no poder através do Go­verno Bar­roso/​Portas, age, hoje, em muitos casos, em moldes se­me­lhantes aos que ca­rac­te­ri­zavam as suas prá­ticas no tempo do fas­cismo. Mas é ver­dade, também – e essa é a mais im­por­tante das ver­dades – que é forte a de­ter­mi­nação de luta dos co­mu­nistas; que, hoje como no pas­sado, o PCP não vira as costas às di­fi­cul­dades da luta e ocupa, sempre, o lugar que, por na­tu­reza, por prin­cípio, por prá­tica, lhe per­tence.

As pre­o­cu­pa­ções que es­ti­veram pre­sentes no En­contro Na­ci­onal do PCP – e as cor­res­pon­dentes me­didas apon­tadas – se­riam im­pen­sá­veis em qual­quer outro par­tido na­ci­onal. Elas mos­tram, com grande cla­reza, um dos as­pectos mar­cantes que dis­tin­guem o PCP dos res­tantes par­tidos po­lí­ticos – de todos os res­tantes par­tidos po­lí­ticos, su­blinhe-se.

A acção junto dos tra­ba­lha­dores cons­titui a linha de in­ter­venção fun­da­mental para um par­tido que, como o PCP, se afirma, quer ser e é, o par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores. Com efeito, é na li­gação aos tra­ba­lha­dores, aos seus in­te­resses e di­reitos, aos seus an­seios e as­pi­ra­ções, que se si­tuam as fontes de força es­sen­ciais do Par­tido, as raízes mai­ores e mais pro­fundas da sua na­tu­reza de classe, as nas­centes fun­da­men­tais da sua in­fluência so­cial, elei­toral e po­lí­tica, da sua ca­pa­ci­dade de in­ter­venção e de in­flu­en­ci­ação na so­ci­e­dade. Sabe-se que quanto mais só­lida e ampla for a li­gação do Par­tido aos tra­ba­lha­dores, mais forte e in­flu­ente é o Par­tido – e que, quanto mais forte for o Par­tido, quanto maior for a sua in­fluência, me­lhor e mais efi­caz­mente serão de­fen­didos os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores. De todos os tra­ba­lha­dores. De facto, quando di­zemos que o re­forço do PCP é do in­te­resse não apenas dos co­mu­nistas mas de todos os tra­ba­lha­dores, não es­tamos a uti­lizar uma fi­gura de re­tó­rica nem uma frase pro­pa­gan­dís­tica: es­tamos a cons­tatar uma re­a­li­dade, todos os dias con­fir­mada pela prá­tica.

 

A li­gação do Par­tido aos tra­ba­lha­dores – com todo o sig­ni­fi­cado que com­porta – tem tudo a ver com o papel dos co­mu­nistas nas lutas de todos os dias e com a sua in­fluência no mo­vi­mento sin­dical uni­tário. Só os pro­pa­gan­distas do pa­tro­nato é que fingem não ver – e di­vulgam a sua auto-ce­gueira como ver­dade ab­so­luta – que a enorme in­fluência dos co­mu­nistas no mo­vi­mento sin­dical e no de­sen­vol­vi­mento das lutas de massas, de­corre, não de ma­no­bras de bas­tidor, de ne­go­ci­atas de cor­redor, de compra de lu­gares, mas sim da vida e da prá­tica diária dos mi­li­tantes co­mu­nistas em cen­tenas, em mi­lhares de em­presas. Das lutas aí tra­vadas – por me­lhores con­di­ções de tra­balho, por me­lhores sa­lá­rios – e do papel nelas de­sem­pe­nhado pelos co­mu­nistas, ocu­pando, regra geral, a pri­meira fila dessas ba­ta­lhas; cha­mando os tra­ba­lha­dores à luta; jun­tando forças, es­forços e von­tades na cons­trução da uni­dade na acção – e, assim, tor­nando sim­ples, na­tural e ine­vi­tável o facto de, quando os tra­ba­lha­dores são cha­mados a eleger os seus re­pre­sen­tantes nas suas es­tru­turas de classe, es­co­lherem em maior nú­mero aqueles que vêem todos os dias a seu lado e do seu lado, aqueles que, por isso mesmo, mais con­fi­ança lhes me­recem: os co­mu­nistas.

Tudo isto faz com que a pros­se­cução das me­didas de­ci­didas pelo En­contro Na­ci­onal se nos co­loque como questão cen­tral da ac­ti­vi­dade par­ti­dária.

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