PCP condena «lamentável e condenável convergência» do PS com a maioria governamental

Modelo único para partidos

Vítor Dias tornou pú­blica an­te­ontem «uma ve­e­mente e frontal opo­sição do PCP» aos pro­jectos de lei apre­sen­tados pelo PS, pelo PSD e pelo CDS-PP, sobre fi­nan­ci­a­mento dos par­tidos e sobre uma nova lei dos par­tidos.

O con­teúdo dos pro­jectos foi ana­li­sado se­gunda-feira na Co­missão Po­lí­tica do Par­tido, que de­cidiu «em­pre­ender uma vi­go­rosa de­núncia pú­blica das con­cep­ções que os ins­piram e alertar para que a sua apro­vação re­pre­sen­taria um in­to­le­rável re­tro­cesso de ca­rácter pro­fun­da­mente an­ti­de­mo­crá­tico».

O PCP que­lembra estes pro­jectos foram apre­sen­tados «no quadro de uma la­men­tável e con­de­nável con­ver­gência, entre a mai­oria go­ver­na­mental e o PS, em torno da ur­gente co­lo­cação na agenda po­lí­tica de uma su­posta "re­forma do sis­tema po­lí­tico", o que serve ma­ni­fes­ta­mente as con­ve­ni­ên­cias go­ver­na­men­tais de des­viar as aten­ções de pro­blemas efec­ti­va­mente cru­ciais do País e so­bre­tudo das de­vas­ta­doras con­sequên­cias so­ciais e eco­nó­micas da sua po­lí­tica».

Na de­cla­ração de Vítor Dias, membro da Co­missão Po­lí­tica, sa­li­enta-se que «todos os pro­jectos já apre­sen­tados, pelo PS, PSD e CDS, têm em comum o pro­pó­sito de impor, seja ina­cei­tá­veis li­mi­ta­ções à ac­ti­vi­dade de ou­tros par­tidos, por via de uma nova lei de fi­nan­ci­a­mento, seja inad­mis­sí­veis in­ge­rên­cias es­ta­tais nas formas de fun­ci­o­na­mento e or­ga­ni­zação in­ternas de par­tidos, através de uma nova lei dos par­tidos».

Su­bli­nhando que «nem o PS, nem o PSD, nem o CDS-PP têm qual­quer au­to­ri­dade ou per­curso que lhes per­mita apre­sen­tarem-se agora como cam­peões da trans­pa­rência» nessa ma­téria, o PCP aponta, como «grandes e ca­pi­tais ob­jec­tivos» dos pro­jectos sobre fi­nan­ci­a­mento dos par­tidos:

- au­mentar sig­ni­fi­ca­ti­va­mente as sub­ven­ções do Es­tado aos par­tidos e às suas cam­pa­nhas elei­to­rais que é par­ti­cu­lar­mente fa­vo­rável a par­tidos como o PSD e o PS, que sempre ficam com a parte de leão e em cujas re­ceitas glo­bais a sub­venção es­tatal já hoje tem um grande peso;

- criar ex­ces­sivas li­mi­ta­ções e ab­surdas di­fi­cul­dades à ob­tenção pelos par­tidos de re­ceitas pró­prias (de­sig­na­da­mente na área das ini­ci­a­tivas de an­ga­ri­ação de fundos), cri­ando uma si­tu­ação ex­tre­ma­mente des­fa­vo­rável a par­tidos, como o PCP, que vivem pre­do­mi­nan­te­mente de re­ceitas pró­prias que são fruto de uma ge­ne­rosa e es­for­çada ac­ti­vi­dade mi­li­tante.


Contra Abril


Os pro­jectos coin­ci­dentes do PSD (apoiado pelo CDS-PP) e do PS com vista a uma nova lei dos par­tidos, «ao pre­ten­derem impor por via legal um mo­delo único de fun­ci­o­na­mento e or­ga­ni­zação in­ternos para todos os par­tidos, re­pre­sentam uma in­so­lente ten­ta­tiva de sub­versão e es­ma­ga­mento de prin­cí­pios e con­cep­ções de­mo­crá­ticas jus­ta­mente pro­te­gidos pela ordem ju­rí­dica pós-25 de Abril».

O PCP re­fere a pro­posta do PSD para que os par­tidos de­po­sitem os seus fi­cheiros de mi­li­tantes no Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal e as pro­postas do PS e do PSD para que os Es­ta­tutos dos par­tidos sejam su­jeitos à apro­vação do mesmo Tri­bunal, como de­mons­tração de que «os par­tidos pro­po­nentes não só não têm me­mória his­tó­rica sobre pro­ce­di­mentos si­mi­lares, como se atrevem a querer impor um tipo de de­ta­lhada re­gu­lação legal da vida in­terna dos par­tidos que não existe em países eu­ro­peus que têm quase ses­senta anos de con­ti­nuada vida de­mo­crá­tica».

«Não há outra forma de co­locar a questão : PSD, CDS-PP e PS querem impor por lei a ou­tros par­tidos as suas pró­prias con­cep­ções sobre ma­té­rias em re­lação às quais, em termos de­mo­crá­ticos, a de­cisão só pode per­tencer à opi­nião e von­tade dos mem­bros desses par­tidos», acusou Vítor Dias.

De­pois de dar, «como ne­nhum outro, uma va­liosa con­tri­buição para a con­quista da li­ber­dade», e pos­suindo «um longo e hon­roso pas­sado de in­sub­missão pe­rante todas as formas de do­mes­ti­cação, in­ge­rên­cias e pres­sões ex­ternas», o PCP tem por «se­guro e certo que, com ac­tivo em­pe­nha­mento dos seus mi­li­tantes e apoi­antes, dará um firme com­bate às in­to­le­rá­veis e an­ti­de­mo­crá­ticas im­po­si­ções e in­ge­rên­cias con­tidas nos pro­jectos do PSD e do PS, e que ple­na­mente jus­ti­ficam a emer­gência de um mo­vi­mento de opi­nião que, fa­zendo o PS e o PSD re­cu­arem, poupe a vida de­mo­crá­tica do País a uma si­tu­ação de grave con­fronto po­lí­tico».


Sem au­to­ri­dade


PS, PSD e CDS não estão em con­di­ções de se ar­vo­rarem em cam­peões da trans­pa­rência no fi­nan­ci­a­mento de par­tidos.

Só em 1999 o PS e o PSD con­cor­daram com a re­pe­tida pro­posta do PCP de proibir o fi­nan­ci­a­mento dos par­tidos por em­presas.

Nos Acór­dãos do Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal sobre as contas anuais dos par­tidos, o PS, o PSD e o CDS-PP são os que mais crí­ticas re­cebem por de­fi­ci­ên­cias e ir­re­gu­la­ri­dades.

Oito anos de­pois de for­mu­lada essa exi­gência legal, con­ti­nuam a não apre­sentar contas con­so­li­dadas (res­pei­tantes a todas as suas es­tru­turas, e não apenas à ac­ti­vi­dade cen­tral), ig­no­rando assim rei­te­ra­da­mente um ponto que o TC con­si­dera «es­sen­cial e es­tru­tu­rante» para a trans­pa­rência e fis­ca­li­zação das contas e que o PCP sempre tem cum­prido.



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