Setenta e dois anos

A ge­ne­ra­li­zada opo­sição à guerra teve uma ex­pressão mas­siva e ines­que­cível

Mesmo cor­rendo o risco de nos re­pe­tirmos – ou, me­lhor di­zendo, as­su­mindo cla­ra­mente a ne­ces­si­dade de nos re­pe­tirmos... – afir­mamos que o Avante! é um exemplo sin­gular e uma re­fe­rência in­con­tor­nável no con­junto da im­prensa por­tu­guesa e que cada ani­ver­sário do órgão cen­tral do PCP é mo­tivo de sa­tis­fação e or­gulho não apenas para os co­mu­nistas mas igual­mente para muitos mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e jo­vens de es­querda.

Bas­ta­riam os se­tenta e dois anos de vida do Avante! agora co­me­mo­rados para con­ferir ao nosso Jornal um lugar des­ta­cado no pa­no­rama da im­prensa na­ci­onal. Acresce que mais de me­tade desse tempo de exis­tência (pre­ci­sa­mente qua­renta e três anos) foi vi­vido na clan­des­ti­ni­dade, no com­bate ao fas­cismo, na luta pela li­ber­dade, pela de­mo­cracia, pelos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo – e anote-se que esse facto con­fere ao Avante! um papel sin­gular em re­lação a toda a im­prensa por­tu­guesa. Su­blinhe-se, ainda e mais uma vez (quanto mais não seja para avivar me­mó­rias), que nesse tempo de re­pressão fas­cista - nesse tempo em que re­jeitar, com­bater e vencer a cen­sura com­por­tava su­pe­ri­ores exi­gên­cias de co­ragem e dig­ni­dade e im­pli­cava as con­sequên­cias ter­rí­veis que se sabe - o Avante! foi, de facto, o único jornal que ousou en­frentar a di­ta­dura, de­nun­ci­ando-a e mo­vendo-lhe um com­bate sem tré­guas. Com­bate que cul­minou com a vi­tória da li­ber­dade e da de­mo­cracia no 25 de Abril de 1974, data me­mo­rável para todos os por­tu­gueses, ini­ci­a­dora do pe­ríodo de maior mo­der­ni­dade da His­tória de Por­tugal – pe­ríodo no qual o Avante! ocupou o lugar que lhe com­petia: ao lado dos tra­ba­lha­dores na luta pelos avanços e con­quistas da Re­vo­lução, no com­bate à acção contra-re­vo­lu­ci­o­nária e à re­cu­pe­ração ca­pi­ta­lista, contra a po­lí­tica de di­reita e por uma po­lí­tica de es­querda ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

En­quanto órgão cen­tral do PCP, o Avante! é um veí­culo fun­da­mental na di­fusão da ide­o­logia e do pro­jecto co­mu­nistas, dos ideais que su­portam a vida, a ac­ti­vi­dade, as normas de fun­ci­o­na­mento, o pro­jecto de so­ci­e­dade pelos quais su­ces­sivas ge­ra­ções de mi­li­tantes se têm ba­tido; é o porta-voz das aná­lises, ori­en­ta­ções, me­didas, li­nhas de acção de­fi­nidas pelos con­gressos do Par­tido e le­vadas à prá­tica, nos in­ter­valos dos con­gressos, sob a di­recção do Co­mité Cen­tral do Par­tido; é um im­por­tante elo de li­gação entre a di­recção e as bases do Par­tido e, por­tanto, entre o Par­tido e as massas tra­ba­lha­doras; é o di­fusor pri­vi­le­giado das opi­niões e apre­ci­a­ções do PCP à si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, das pa­la­vras de ordem e das ori­en­ta­ções ade­quadas a cada mo­mento e a cada si­tu­ação; é, enfim (e assim tem sido ao longo dos seus se­tenta e dois anos de vida), a voz dos que não têm voz, a tri­buna dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, dos ex­plo­rados, dos hu­mi­lhados e ofen­didos, das ví­timas de uma so­ci­e­dade que, porque ba­seada na opressão e na ex­plo­ração, cons­titui uma fonte de in­jus­tiças e de­si­gual­dades; e é, por tudo isso, um es­paço de in­ci­ta­mento, es­tí­mulo e or­ga­ni­zação da luta po­pular - muito aquém do que de­se­ja­ríamos em vá­rios as­pectos (no­me­a­da­mente em re­latar, no­ti­ciar e fazer chegar a nossa voz onde é ne­ces­sário que chegue) mas pro­cu­rando ser me­lhor em cada se­mana.

No ac­tual pa­no­rama me­diá­tico na­ci­onal, o Avante! cons­titui um es­paço pri­vi­le­giado ao ser­viço da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores. Não sur­pre­ende que assim seja, co­nhe­cendo-se a na­tu­reza de classe do PCP e sa­bendo-se quem são os pro­pri­e­tá­rios da ge­ne­ra­li­dade dos grandes ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial. No en­tanto, e mesmo sem sur­presas, é bom não es­que­cermos que assim é, e que o facto de assim ser, faz com que o Avante! seja igual­mente o me­lhor de­fensor dos in­te­resses e di­reitos de ou­tras classes e ca­madas so­ciais também elas alvos dos ape­tites in­sa­ciá­veis do grande ca­pital.

O 72º ani­ver­sário do Avante! tem vindo a ser co­me­mo­rado por todo o País, através de ini­ci­a­tivas de con­vívio e de de­bate pro­mo­vidas pelas or­ga­ni­za­ções do Par­tido. Cen­tenas de mi­li­tantes e amigos do Par­tido e do Avante! têm par­ti­ci­pado nessas ini­ci­a­tivas, em todas elas tendo sido su­bli­nhada a im­por­tância e a ne­ces­si­dade da lei­tura re­gular do Avante! e o papel in­subs­ti­tuível do nosso Jornal face à de­sin­for­mação or­ga­ni­zada que hoje do­mina a prá­tica da ge­ne­ra­li­dade da co­mu­ni­cação so­cial. Tudo isso, tem-se con­cluído, con­fere uma im­por­tância par­ti­cular à Cam­panha de Di­fusão do Avante! que, ini­ciada em Se­tembro de 2002 e pros­se­guindo até Maio pró­ximo, tem como ob­jec­tivo fazer chegar mais longe o nosso Jornal, au­mentar a sua ti­ragem e o nú­mero dos seus lei­tores; levar mais e me­lhor in­for­mação a mais mi­li­tantes e amigos do Par­tido, pro­por­ci­o­nando-lhes, assim, uma mais qua­li­fi­cada in­ter­venção po­lí­tica; in­formar um nú­mero cres­cente de ci­da­dãos sobre o que são os co­mu­nistas, a sua his­tória e a his­tória da sua luta, o que de­fendem, por que ob­jec­tivos se batem; levar a um maior nú­mero de pes­soas a in­for­mação sobre o que se passa (e a opi­nião dos co­mu­nistas sobre o que se passa) no País e no Mundo.

A Cam­panha de Di­fusão do Avante! visa, ao fim e ao cabo, levar mais longe a imagem do PCP: a imagem ver­da­deira do PCP – as suas pro­postas, a sua ac­ti­vi­dade, a sua in­ter­venção, o con­teúdo re­vo­lu­ci­o­nário e hu­ma­nista do seu pro­jecto, o seu fun­ci­o­na­mento de­mo­crá­tico, a sua co­e­rência em todos os mo­mentos e si­tu­a­ções - e não aquela imagem de­for­mada, falsa, muitas vezes in­sul­tuosa e pro­vo­ca­tória, di­vul­gada pela co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante e feita à me­dida dos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros que sus­tentam essa co­mu­ni­cação so­cial.