Manifestação de agricultores

A crise no sector leiteiro é grave

Um mi­lhar de pro­du­tores de leite ma­ni­fes­taram-se no Porto contra a im­po­sição de multas para os que ul­tra­passem as quotas de pro­dução, aler­tando para a pos­si­bi­li­dade de ocor­rerem fa­lên­cias.

«Pre­ten­demos a re­gi­o­na­li­zação da quota na­ci­onal lei­teira para im­pedir a "san­gria" das zonas do in­te­rior para o li­toral e a de­ser­ti­fi­cação em certas re­giões», afirmou du­rante a ini­ci­a­tiva João Dinis, da Con­fe­de­ração Na­ci­onal da Agri­cul­tura (CNA) exi­gindo «que seja apro­vada e fi­nan­ciada a cons­trução do La­bo­ra­tó­rios In­ter­pro­fis­si­onal de Aná­lises ao Leite».

Os pro­du­tores de leite, que des­fi­laram, na pas­sada quinta-feira, em al­gumas ruas do Porto em di­recção ao Go­ver­nador Civil, quei­xaram-se que os su­ces­sivos go­vernos (PS, PSD/​PP) e a União Eu­ro­peia in­cen­ti­varam os agri­cul­tores por­tu­gueses a pro­du­zirem mais e me­lhor, e agora, de­pois de grandes in­ves­ti­mentos nas ex­plo­ra­ções lei­teiras que atin­giram bons ní­veis de pro­dução, são obri­gados a pagar multas.

Du­rante a ma­ni­fes­tação, na qual foram dis­tri­buídas gra­tui­ta­mente pe­quenas gar­rafas de leite, foi de­nun­ciado o en­cer­ra­mento de mais de 50 mil ex­plo­ra­ções lei­teiras do País. Os par­ti­ci­pantes pro­tes­taram contra a ac­tual quota na­ci­onal de leite, de­fi­nida pela Po­lí­tica Agrí­cola Comum (PAC), que é de 1 mi­lhão e 870 mil to­ne­ladas, com a in­clusão da pro­dução dos Açores na ordem dos 500 mil to­ne­ladas.

No final do pro­testo foi en­tregue uma carta a um ad­junto do Go­ver­nador Civil do Porto que pro­meteu en­ca­milhá-lo para o mi­nistro da Agri­cul­tura, Se­vi­nate Pinto, e para o pri­meiro-mi­nistro, Durão Bar­roso. O mesmo do­cu­mento foi di­ri­gido ao Di­rector Re­gi­onal da Agri­cul­tura.

Os agri­cul­tores exigem que o Go­verno con­siga junto da União Eu­ro­peia um au­mento de cem mil to­ne­ladas da quota lei­teira e que in­cen­tive os por­tu­gueses a con­sumir mais leite e pro­dutos lác­teos. Exigem também uma so­lução para não serem eles a pagar a multa de 15 mil euros por terem ex­ce­dido em 50 mil to­ne­ladas a quota per­mi­tida para esta cam­panha, que ter­mina a 31 de Março.

Uma das me­didas su­ge­ridas pelos agri­cul­tores ao Go­verno é a compra da quan­ti­dade ex­ce­den­tária deste ano e a sua en­trega ao Banco Mun­dial contra a Fome. Por outro lado, querem que os Açores voltem a ser con­si­de­rados uma re­gião ul­tra­pe­re­fé­rica e não conte para a quota na­ci­onal.


Trac­tores des­filam até Braga


No dia an­te­rior, também em pro­testo contra as quotas lei­teiras de­ter­mi­nadas pela PAC, cerca de 500 agri­cul­tores, em trac­tores, ini­ci­aram em Bar­celos uma marcha até Braga.

Os agri­cul­tores, oriundos de Bar­celos, Braga, Vila do Conde, Póvoa do Varzim e Ponte de Lima, con­cen­traram-se na Co­o­pe­ra­tiva Agrí­cola de Bar­celos, exi­bindo car­tazes contra a PAC e contra o Ins­ti­tuto Na­ci­onal de Ga­rantia Agrí­cola (INGA).

«Pe­dimos ao mi­nistro da Agri­cul­tura que ponha o INGA a fun­ci­onar, já que ainda não estão pro­ces­sados os pa­ga­mentos re­fe­rentes a Julho de 2002», disse Carlos Braga, um dos or­ga­ni­za­dores do pro­testo.

Os agri­cul­tores apro­vei­taram, também, para cri­ticar a ale­gada pas­si­vi­dade da mai­oria das as­so­ci­a­ções e co­o­pe­ra­tivas do sector, que nada têm feito em de­fesa da classe: «Onde estão as po­si­ções dos or­ga­nismos as­so­ci­a­tivos a favor da mu­dança da PAC?»

A ex­cepção - su­bli­nhou Carlos Braga - «é a As­so­ci­ação de De­fesa dos Agri­cul­tores do Dis­trito de Braga que apoiou pu­bli­ca­mente a ma­ni­fes­tação, cuja a or­ga­ni­zação é com­ple­ta­mente es­pon­tânea e oriunda da so­ci­e­dade civil».



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