Situação social degrada-se a olhos vistos

Realidade desmente Governo

En­cer­ra­mento de em­presas, de­gra­dação dos sa­lá­rios e ver­ti­gi­noso au­mento do de­sem­prego, eis, em sín­tese, a face mais vi­sível do agra­va­mento da si­tu­ação so­cial na re­gião Norte do País.

Para este dra­má­tico e pre­o­cu­pante quadro, aliás ex­ten­sivo a todo o País, chamou a atenção do Par­la­mento na pas­sada se­mana o de­pu­tado co­mu­nista Ho­nório Novo. Fê-lo em de­cla­ração po­lí­tica, pro­fe­rida em nome do PCP, onde deu a co­nhecer o es­sen­cial dos tes­te­mu­nhos re­co­lhidos pela sua ban­cada no de­curso das re­centes Jor­nadas Par­la­men­tares re­a­li­zadas no Porto.

Foi um re­lato cir­cuns­tan­ciado de quem, por a acom­pa­nhar de perto, no quo­ti­diano, co­nhece bem a re­a­li­dade. A que acresce, no caso, a van­tagem de esta ter sido uma in­for­mação re­co­lhida e sis­te­ma­ti­zada pelo Grupo Par­la­mentar co­mu­nista no de­curso das inú­meras vi­sitas, reu­niões e con­tactos que man­teve com as mais di­versas en­ti­dades e or­ga­ni­za­ções.

No plano da saúde, desde logo, o que res­salta, se­gundo a ava­li­ação feita pelos de­pu­tados co­mu­nistas, é que a pri­va­ti­zação de cinco uni­dades hos­pi­ta­lares de­ci­dida pelo Go­verno, trans­for­mando-as em so­ci­e­dades anó­nimas – em obe­di­ência à ló­gica de uma gestão eco­no­mi­cista da saúde - vai não só «pre­ju­dicar os utentes» como «dis­cri­minar os do­entes», de­gra­dando si­mul­ta­ne­a­mente a «qua­li­dade dos cui­dados pres­tados».

Noutro plano, cons­ta­tado pela ban­cada co­mu­nista foi também o facto de, ao con­trário das pro­messas de in­ves­ti­mento para a re­gião, tudo con­correr para o «apro­fun­da­mento dos de­se­qui­lí­brios e das as­si­me­triais re­gi­o­nais», acen­tu­ando-se, como as pró­prias es­ta­tís­ticas con­firmam, as perdas em ín­dices como o de de­sen­vol­vi­mento, de pro­du­ti­vi­dade, a qua­li­dade do em­prego e o poder de compra.

«A re­a­li­dade des­trói pela base e desfaz por com­pleto os ce­ná­rios idí­licos que o Go­verno de di­reita anuncia aos quatro ventos», su­bli­nhou Ho­nório Novo, antes de re­cordar que só no mês de Ja­neiro cinco mil novos pe­didos de sub­sídio de de­sem­prego deram en­trada na Se­gu­rança So­cial.

Um au­mento do de­sem­prego que as­sume es­pe­cial pre­o­cu­pação no sector da cons­trução civil, no­me­a­da­mente no in­te­rior do dis­trito, em­bora, como foi dito, se re­gistem in­di­ca­dores não menos in­qui­e­tantes no co­mércio e nos ser­viços, onde os des­pe­di­mentos au­mentam em flecha.

Sector sobre o qual pairam pers­pec­tivas som­brias é também o da co­mu­ni­cação so­cial, sob a ameaça do en­cer­ra­mento de de­le­ga­ções e de em­presas (caso da «No­tí­cias Ma­ga­zine» e da «NTV»), en­quanto alastra a pre­ca­ri­zação do tra­balho.

«A marcar passo», se­gundo as pa­la­vras de Ho­nório Novo, mantêm-se, por outro lado, os in­ves­ti­mentos pú­blicos de grande al­cance para o dis­trito, seja, por exemplo, a nova ae­ro­gare do Ae­ro­porto, sejam as vias ro­do­viá­rias já anun­ci­adas há longos anos (como o IC24 e o IC25), sejam ou­tras infra-es­tru­turas cuja con­cre­ti­zação deixa de estar ga­ran­tida em tempo útil como são os casos do Centro Ma­terno In­fantil do Norte ou o novo Hos­pital de Vila do Conde/​Póvoa do Varzim.



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