- Nº 1530 (2003/03/27)
Em causa situação económica-financeira

Bombeiros à beira da ruptura

Assembleia da República

O PCP voltou a chamar a atenção do Parlamento para o que considera ser a «dramática situação» económica-financeira em que se encontram as Associações de Bombeiros. «Muitas delas estão à beira da ruptura financeira ou mesmo tecnicamente falidas», alertou o deputado comunista Rodeia Machado, lembrando que só a «"carolice" dos seus dirigentes e a vontade férrea do voluntariado ainda as mantém a funcionar».

Para estas dificuldades financeiras concorre não apenas o já de si insuficiente valor pago pelos serviços de saúde no transporte de doentes em ambulâncias como ainda o sistemático atraso com que esse serviços são pagos, a que se veio juntar nos últimos meses o aumento dos combustíveis.

Como salientou Rodeia Machado, que falava no período antes da ordem do dia de uma das sessões plenárias da semana transacta, este quadro afecta especialmente as associações sedeadas no interior do País, onde os serviços de ambulância são muito requisitados pelos idosos. Difícil, para as associações humanitárias, é conseguir a prestação de um serviço de qualidade garantindo simultaneamente o retorno financeiro que permita a manutenção e a reparação do material.

Um equilíbrio que se tem revelado quase impossível de atingir, justificando, por isso, a preocupação pelo actual estado de «estrangulamento financeiro» que, a manter-se, como advertiu o deputado comunista, «pode potenciar o desequilíbrio do sistema de transporte de doentes em ambulância e, consequentemente, todas as actividades de socorro e emergência confiadas a Bombeiros».

E se é manifesta a «forma pouco cuidada» como o Governo tem lidado como este problema, como fez notar Rodeia Machado, a verdade é que tal atitude não constitui um acto isolado, antes corresponde à sua incapacidade para definir uma estratégia para o sector. Exemplo disso mesmo é o que se passa com a criação do Serviço de Bombeiros e de Protecção Civil, em substituição do Serviço Nacional de Bombeiros e do Serviço Nacional de Protecção Civil. O Executivo limitou-se a aglomerar as duas leis orgânicas das estruturas fundidas, «com pouca inovação e pouca operacionalidade», afastando da reestruturação o Instituto Nacional de Emergência Médica, acusou Rodeia Machado.