Contra a privatização

«A água é um bem público»

«Os Verdes» lan­çaram, terça-feira, em San­tarém, a dis­cussão das im­pli­ca­ções da pri­va­ti­zação da água em Por­tugal. Esta cam­panha vai per­correr o País nos pró­ximos meses.

«Os Verdes» lan­çaram, terça-feira, em San­tarém, a dis­cussão das im­pli­ca­ções da pri­va­ti­zação da água em Por­tugal. Esta cam­panha vai per­correr o País nos pró­ximos meses.

Para esta cam­panha, que visa ser o «pon­tapé de saída para a dis­cussão de uma questão fun­da­mental ainda longe das pre­o­cu­pa­ções das po­pu­la­ções», o Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes» editou um li­vrinho em banda de­se­nhada, com uma pri­meira ti­ragem de 50 mil exem­plares, a dis­tri­buir du­rante as ac­ções que se vão re­a­lizar nas prin­ci­pais ci­dades do País.

En­tre­tanto, Ma­nuela Cunha, da di­recção na­ci­onal de «Os Verdes», em de­cla­ra­ções à co­mu­ni­cação so­cial, de­nun­ciou, esta se­mana, que o Go­verno está a avançar com a in­tenção da pri­va­ti­zação do sector, ini­ciada pelo exe­cu­tivo so­ci­a­lista, uma me­dida com «graves im­pli­ca­ções não só no preço como na qua­li­dade da água que con­su­mimos» e cuja dis­cussão se en­contra li­mi­tada a um pe­queno grupo.

«A água é um bem es­casso, fun­da­mental à vida, es­tru­tu­rante do de­sen­vol­vi­mento e com im­pli­ca­ções no pró­prio or­de­na­mento do ter­ri­tório», pelo que a dis­cussão de uma questão tão im­por­tante não pode res­tringir-se a um cír­culo fe­chado, adi­antou.

In­ti­tu­lada «A água é um bem pú­blico, não é uma mer­ca­doria», a cam­panha ini­ciou-se terça-feira em San­tarém e pros­se­guiu, no dia se­guinte, até Braga.

Nesta acção, o li­vrinho de BD foi en­tregue a es­tu­dantes da Es­cola Su­pe­rior Agrária de San­tarém (es­co­lhida porque «não há agri­cul­tura sem água»), se­guindo-se uma reu­nião com o Con­selho de Ad­mi­nis­tração dos Ser­viços Mu­ni­ci­pa­li­zados e a en­trega do livro aos fun­ci­o­ná­rios destes ser­viços e de­pois aos ci­da­dãos que cir­cu­lavam pela ci­dade.


Água não é um ne­gócio


Fri­sando que os au­tarcas des­co­nhecem as im­pli­ca­ções da pri­va­ti­zação do sector, Ma­nuela Cunha adi­antou que a cam­panha visa es­cla­recer e alertar para si­tu­a­ções «gra­vís­simas» que se estão a co­locar nou­tros pontos do Globo, no­me­a­da­mente na Amé­rica La­tina, onde al­gumas po­vo­a­ções se viram pri­vadas de água po­tável por não serem ren­tá­veis para as grandes mul­ti­na­ci­o­nais que ex­ploram o sector.

«A água é um bem pre­cioso que tem de ser bem ge­rido, não pode ser um ne­gócio», disse Ma­nuela Cunha. Com esta ini­ci­a­tiva, «Os Verdes» querem «pôr os ci­da­dãos a pensar no que vai acon­tecer se, desde a cap­tação ao tra­ta­mento, a água for con­tro­lada pelo sector pri­vado» e ques­ti­onam o que vai acon­tecer em termos de gestão de um bem que é es­casso, quando o ob­jec­tivo dos pri­vados é vender mais.

Dando o exemplo de Se­túbal, onde o an­te­rior exe­cu­tivo ca­ma­rário con­ces­si­onou a água por um pe­ríodo de 40 anos, per­dendo por com­pleto o con­trolo das ta­rifas e da qua­li­dade da água, Ma­nuela Cunha afirmou que é pre­ciso alertar os au­tarcas de que «de­pois de en­trar no pro­cesso é muito di­fícil re­cuar».

Ci­tando outro exemplo, o de Monção, no Gerês, onde o sis­tema mul­ti­mu­ni­cipal, com par­ti­ci­pação de pri­vados, re­cusa levar a água a lo­ca­li­dades a cotas mais ele­vadas, a di­ri­gente de Os Verdes frisou as im­pli­ca­ções no or­de­na­mento do ter­ri­tório, «que não pode estar de­pen­dente de in­te­resses pri­vados».



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