Contra a privatização

Greve na TAP

Sin­di­catos e Co­missão de Tra­ba­lha­dores da TAP con­testam o rumo de­fi­nido para a em­presa e marcam greve total para os pró­ximos dias 11, 12, 29 e 30 de Abril.

A greve de quatro dias não é o fim do pro­cesso de luta

Im­pedir a apli­cação do de­creto de lei que prevê a pri­va­ti­zação da trans­por­ta­dora aérea na­ci­onal, re­cen­te­mente pro­mul­gado pelo Pre­si­dente da Re­pú­blica, é o prin­cipal ob­jec­tivo da greve de quatro dias con­vo­cada pela Co­missão de Tra­ba­lha­dores e pelos vá­rios sin­di­catos da TAP.

Em co­mu­ni­cado, a Co­missão de Tra­ba­lha­dores con­si­dera que as es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores não podem deixar de cri­ticar o «se­cre­tismo e a au­sência de diá­logo, que foram uma cons­tante na ac­tu­ação do Go­verno, Pre­si­dência da Re­pú­blica e Con­selho de Ad­mi­nis­tração da TAP». E lembra que a em­presa «faz parte do uni­verso de es­tru­turas vi­tais para o in­te­resse na­ci­onal e re­pre­senta um pa­tri­mónio in­con­tor­nável para de­zenas de em­presas e muitos mi­lhares de tra­ba­lha­dores de forma di­recta ou in­di­recta».

A CT re­lembra que o pro­cesso de re­cu­pe­ração ini­ciado pela TAP há dois anos atrás deu re­sul­tados po­si­tivos – mesmo numa con­jun­tura des­fa­vo­rável –, ím­pares no con­texto das com­pa­nhias aé­reas eu­ro­peias. A Co­missão de Tra­ba­lha­dores as­si­nala que a trans­por­ta­dora na­ci­onal con­se­guiu so­bre­viver à «ver­da­deira he­ca­tombe» que se abateu sobre as suas par­ceiras no Qua­li­flyer, a Swis­sAir e a Sa­bena. Tal re­cu­pe­ração, con­si­dera, deve-se não só a novas op­ções de gestão in­tro­du­zidas mas so­bre­tudo ao «sa­cri­fício e em­penho dos tra­ba­lha­dores».

Para a CT, as su­ces­sivas ga­ran­tias dadas pelos ad­mi­nis­tra­dores aos tra­ba­lha­dores, «com vista a obter a res­pec­tiva adesão aos pro­jectos de seg­men­tação da em­presa», têm sido des­men­tidas pelo Go­verno, que busca ob­jec­tivos con­cretos para a TAP. Se­gundo a CT, os tra­ba­lha­dores já per­ce­beram que «as in­ten­ções des­trui­doras do Go­verno apa­recem de braço dado com in­te­resses e ape­tites pri­vados e mul­ti­na­ci­o­nais, pondo em causa a so­bre­vi­vência fu­tura» da em­presa.

As or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras da greve en­tendem que o pro­cesso não se es­gota nesta acção e mantêm-se dis­po­ní­veis para di­a­logar com os ór­gãos de so­be­rania. Foram já so­li­ci­tadas au­di­ên­cias aos grupos par­la­men­tares sobre a seg­men­tação e pri­va­ti­zação da TAP.


O cul­minar da ofen­siva

A cé­lula do PCP na TAP iden­ti­fica-se com as or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras da greve na sua opo­sição frontal à pri­va­ti­zação e seg­men­tação da em­presa. Para os co­mu­nistas, este é o ca­minho para a des­truição da com­pa­nhia aérea na­ci­onal. A cé­lula co­mu­nista afirma que a po­lí­tica de di­reita e as su­ces­sivas ofen­sivas de­sen­vol­vidas pelos di­fe­rentes go­vernos (do PSD, PS e PSD/​PP) com vista à pri­va­ti­zação da TAP no todo ou em partes são res­pon­sá­veis pelos pro­blemas e di­fi­cul­dades com que a em­presa se de­fronta e pelo des­ba­ra­ta­mento de enormes quan­ti­dades de re­cursos do Es­tado. E a si­tu­ação só não é mais grave, con­si­deram os co­mu­nistas, «porque a acção dos tra­ba­lha­dores com a sua co­ra­josa luta e ele­vado brio e de­sem­penho pro­fis­si­onal tem evi­tado a des­truição» da em­presa.

O PCP, em co­e­rência com o que tem de­fen­dido, propõe um outro ca­minho para a trans­por­ta­dora aérea. Manter a TAP unida, como em­presa de ban­deira com ca­pi­tais ex­clu­si­va­mente pú­blicos, co­lo­cada ao ser­viço da eco­nomia na­ci­onal e do País é o rumo pro­posto pelos co­mu­nistas.


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