- Nº 1532 (2003/04/10)
Investimento em Ciência e Tecnologia

Um atraso muito grande

PCP
«Investimento em Ciência e Tecnologia Para uma Estratégia de Desenvolvimento» e «Fraude e Evasão Fiscal» foram temas em debate nas iniciativas promovidas pelo PCP, no sábado, em Lisboa, no âmbito da acção «Em Movimento por um Portugal com Futuro».

Promovido pela Comissão para as Questões da Ciência e Tecnologia junto do Comité Central, a primeira iniciativa contou com a participação de algumas dezenas de quadros técnicos e científicos, em que destacavam docentes universitários e jovens investigadores em princípio de carreira. Uma iniciativa que permitiu desenhar um retrato crítico da situação em que se encontra o sistema nacional de investigação e desenvolvimento e consideradas as perspectivas de evolução que podem antever-se no quadro da situação geral do País e das tendências que se manifestam a nível da União Europeia e do mundo.
João Caraça, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão e director do Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian, definiu, em traços largos, o conjunto de transformações associadas à revolução científica e tecnológica, intensificada a partir do final da segunda guerra mundial, que são suporte do presente processo de globalização.
Objecto de particular atenção, foi a situação dos recursos humanos afectos às actividades de investigação, incluindo pessoal técnico, cuja carência foi sublinhada, e bolseiros, utilizados pelo sistema em cada vez maior número, em muitos casos em funções sem correspondência com o estatuto que devem possuir. Várias intervenções debruçaram-se sobre a posição que o País ocupa neste sector de actividade, no conjunto dos estados membros da União Europeia, mostrando o grande atraso reflectido nos indicadores usualmente utilizados, quer no que respeita a meios humanos, quer, principalmente, no que respeita aos recursos financeiros disponibilizados para investimento e funcionamento dos grupos e unidades de investigação.

Prosseguir intervenção

A presença de Konstantinos Alyssandrakis, eurodeputado comunista grego e professor universitário especialista em astrofísica, permitiu aprofundar o conhecimento da situação actual do sector da investigação científica e tecnológica na Grécia, com muitos traços comuns ao português.
A intervenção do PCP no Parlamento Europeu e na Assembleia da República, nesta área especializada, foi abordada respectivamente por Ilda Figueiredo Luísa Mesquita, tendo sido sublinhada em particular a importância de prosseguir o trabalho que vem sendo desenvolvido no sentido de levar as questões de ciência e tecnologia ao hemiciclo de S. Bento.
A política desastrosa do actual Governo, seguindo-se à inacção anterior, nomeadamente no que respeita aos grandes laboratórios públicos, aparece como motivo de fundada preocupação pelos riscos de fragilização e degradação dos recursos nacionais nesta área de grande importância estratégica para o futuro desenvolvimento do País.
A animação do debate levou que os trabalhos fossem encerrados já com mais de uma hora de atraso sobre o horário previsto.