- Nº 1543 (2003/06/26)
Utentes do IC-19

Fartos de promessas

Nacional
A Comissão de Utentes do IC-19 exige do Governo o alargamento daquela via e critica a falta de prazos concretos para a construção da estrada IC-16 e das circulares Nascente e Poente ao Cacém.

As críticas foram apontadas pela comissão de utentes em caderno reivindicativo entregue, na passada semana, no Ministério das Obras Públicas. «Soubemos que o primeiro troço do alargamento do IC-19, entre o Nó de Queluz e o Nó do Cacém, já não vai ficar concluído este ano. Pelo contrário, o lançamento desta empreitada é que arranca até ao final do ano», lamentou, em declarações à comunicação social, Adelina Machado, representante dos utentes.
«No que diz respeito ao IC-16 (via alternativa ao IC-19, entre Sintra e Lisboa), ficamos apenas a saber que o concurso será lançado brevemente, mas não exactamente quando, e lamentamos que a intenção do Governo seja introduzir portagens», disse Adelina Machado.
No caderno reivindicativo, a Comissão de Utentes alude às muitas promessas que ficaram por cumprir neste ano e meio de mandato do Executivo governamental, que acusa de nada ter feito para a resolução do problema das acessibilidades, com «graves consequências» para a população que «a cada dia que passa continua a ser penalizada com a perda diária de três horas em filas de trânsito».
De acordo com Adelina Machado, a reintrodução das portagens na Circular Regional Externa de Lisboa (CREL) veio ainda agravar mais a situação de ruptura em que se encontram as acessibilidades e «dificultar a vida de quem vive e/ou trabalha no concelho de Sintra, do ponto de vista social, por representar mais um imposto, e da mobilidade, uma vez que esta circular representava uma escapatória ao já tão saturado IC-19».
«Demoramos em média, por dia, uma hora e 30 minutos na deslocação casa/trabalho, sendo que para chegar ao IC-19 se demora cerca de 40 minutos. Isto significa que perdemos diariamente três horas em filas intermináveis de trânsito», critica ainda.
Uma situação, que segundo a Comissão de Utentes, se agrava de ano para ano devido ao aumento da construção e à ausência de investimento da administração central em acessibilidades e transportes.
«Se recuarmos 20 anos, constatamos que as principais vias rodoviárias existentes nessa altura eram basicamente as mesmas de hoje, tendo sido objecto, e só em alguns casos, de pequenas correcções de traçado e perfil transversal. Mas em contrapartida a população quase quadruplicou», sublinhou a responsável.
Motivos que levam a comissão a exigir a revogação da decisão de reintroduzir as portagens na CREL, o alargamento do IC-19 em toda a extensão (entre Queluz e Ranholas), o início imediato da construção do IC-16, sem portagens, «dada a sua definição urbana e o estudo de impacto ambiental que preconiza ser de 80 quilómetros/hora a velocidade máxima de serviço».

Medidas urgentes

«No que diz respeito ao IC-16, tem que ser construído por troços de modo a ir garantindo o serviço às populações mais próximas da CREL. De reter que o prazo estabelecido pelo anterior Governo para a conclusão de toda a obra - em 2004 - já não se irá cumprir», lamentou.
A construção das vias circulares Nascente e Poente ao Cacém, e do IC-30 (Abrunheira/Linhó), também sem portagens, a remodelação dos nós de Massamá e do Cacém, e a conclusão da Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL) e do Eixo Norte/Sul (em Lisboa) são também outras exigências.
«É ainda urgente redefinir a política urbanística do concelho, criar a Autoridade Metropolitana de Transportes, concluir as obras de quadruplicação da via férrea e remodelar os interfaces, garantindo o acesso gratuito aos parques de estacionamento dos utentes com título de transporte válido», frisa a comissão.
A estrutura representativa de utentes do IC-19 diz estar «farta»de promessas que não passam disso mesmo, sendo este já o quarto caderno reivindicativo entregue no Ministério das Obras Públicas. «As promessas já não nos interessam, queremos é ver as obras concluídas», concluiu Adelina Machado.