- Nº 1551 (2003/08/21)
Argentina

Torcinários podem ser julgados

Internacional

abusos dos direitos humanos, foram revogadas na passada semana, dia 12, pela Câmara de Deputados do Parlamento argentino, numa sessão em que foi igualmente ratificada a Convenção das Nações Unidas, que estabelece que os crimes de guerra não podem prescrever.
As leis em causa, conhecidas com «do Ponto Final», de 1986, e do «Dever de Obediência», de 1987, foram adoptadas nos primeiros anos da democracia argentina sob pressão dos militares e mantinha fora da alçada dos tribunais mais de um milhar de operacionais responsáveis pela morte de 15 mil a 30 mil opositores à ditadura.
A decisão foi festejada por milhares de pessoas que se concentraram frente ao edifício do Parlamento. No entanto, as dúvidas que se levantam sobre a sua constitucionalidade (no país, há quem sustente que os militares apenas estavam a cumpri o seu dever , defendendo o país da extrema-esquerda), tornam provável que os visados apenas possam ser julgados depois de o tribunal Supremo se pronunciar.
Acresce que, segundo a tradição parlamentar argentina, os deputados podem alterar um lei, mas não revogá-la, competência que, alegadamente, é exclusiva do Supremo Tribunal.
Apesar disso, o presidente nestor Kirchner já declarou preferir que os julgamentos se realizem no interior do país e não na Europa, onde alguns juízes se mostram interessados em julgar os réus.
Jorge Videla e Emilio Massera, duas figuras centrais do regime, não deverão ser atingidos, uma vez que já foram julgados, condenados a prisão perpétua e depois perdoados pelo presidente Carlos Menem.