
- Nº 1554 (2003/09/11)
Pavilhão da Mulher
A alegria do reencontro
Festa do Avante!
Do debate sobre «a mulher e o cinema» à declamação, da magia à música, do teatro ao vídeo, do desporto à dança, tudo aconteceu este ano no Pavilhão da Mulher.
Mais, quem passasse por este Pavilhão poderia ainda, não só comer a sandwich ou a fatia de bolo caseiro, como adquirir roupas, livros, discos e objectos de toda a natureza. Tudo em segunda mão. Onde? No Bar, no Canto da Roupa ou no Baú do livro. E se, no domingo, os livros e os discos já se tinham esgotado, as roupas continuavam a ser motivo da curiosidade de muitas mulheres que, mesmo ali, por cima das próprias roupas, experimentavam as novas-velhas roupas, todas em óptimo estado. Por isso a maioria comprava.
Os motivos principais de atracção do Pavilhão da Mulher residiam, porém, nos espectáculos que durante os três dias decorreram naquele espaço, tornado pequeno para a quantidade de espectadores que a eles queriam assistir. Mas para as mulheres que lutam não há obstáculos que não se possam vencer. Os espectáculos passaram, assim, para o recinto da festa, sendo frequente ver-se o espaço da mulher envolvido por uma multidão que se amontoava sempre que algo acontecia. Se alguns apenas pretendiam observar o que ali se estava a passar a maioria ficava mesmo era para apreciar o espectáculo.
A magia, executada pelo Grupo de Magia do Teatro de Carnide, foi especialmente apreciado. Ou talvez não, já que não faltava quem se empoleirasse no parceiro para poder assistir ao batuque e cantigas de um grupo de mulheres africanas, à dança cigana, ao tango e à música portuguesa que ali decorreram.
O desporto constituiu outro factor de atracção do Pavilhão da Mulher, com o judo e a ginástica feminina.
Naturalmente, as mulheres não esqueceram, nem podiam esquecer, «a política». E tudo servia para fazer política, o mais pequeno comentário, a mais pequena interrogação eram aproveitados para o esclarecimento e o diálogo que geralmente se alargava ao grupo em volta. Aliás, numa banca de venda de livros, sobressaía um abaixo-assinado reclamando a anulação da sentença de morte aplicada a Amina Lawal era a prova clara que no stand das mulheres, como de resto em todo o recinto, a festa pode aliar-se à luta.
Nota a destacar neste espaço, era o abraço fraterno entre mulheres que, afastadas ao longo do ano, por razões diversas, aproveitam a Festa para recordar momentos de luta e de alegria, para a partilha de esperanças e experiências, para o reacender de forças. Pois, provavelmente, só no próximo ano voltarão a encontrar-se.