Encontro Regional do Secundário de Castelo Branco da JCP

Governo provoca degradação do ensino

Os jovens comunistas de Castelo Branco alertam para a diminuição da qualidade do ensino secundário e apontam as causas. Entre elas, a falta de material escolar, a degradação das escolas e o défice de professores.

Nos exames «tem de se despejar matéria e a pressão é imensa»

O 2.º Encontro Regional do Ensino Secundário de Castelo Branco da JCP, realizado no sábado na Escola Frei Heitor Pinto, fez uma análise «bastante negativa» das políticas educativas do Governo PSD/CDS-PP. «Com este Governo de direita e retrógrado, os ataques ao ensino público são mais do que óbvios, pois este apela à privatização, à degradação e à elitização do ensino», acusam os jovens comunistas, numa nota à imprensa.
Referindo que para existir qualidade no ensino é preciso criar melhores condições materiais e humanas, a JCP afirma que em Portugal «a realidade está longe de ser exemplar», nomeadamente no distrito de Castelo Branco. Existem muitas escolas sem salas suficientes para o bom funcionamento das aulas, o aquecimento para os dias frios de Inverno «é ainda uma utopia», há paredes de salas com fendas e janelas partidas e não existem materiais de recurso para as aulas como mapas, livros, retroprojectores, televisões e vídeos. Há outras deficiências, como a falta de laboratórios, refeitórios e pavilhões gimnodesportivos, ou a insuficiência de casas de banho e as frequentes «condições sub-humanas» em que se encontram.
Os jovens comunistas lembram que existem mais de 30 mil professores no desemprego, apesar de serem necessários para diminuir o tamanho das turmas, e que os funcionários não têm aptidões profissionais e são «sempre em número insuficiente». «É fundamental exigir um financiamento público, não perdendo nunca de vista as obrigações do Governo nas responsabilidades educativas», sustentam.

Privatização à vista

«A privatização do ensino é um objectivo claro da direita e do grande capital financeiro», consideram os participantes do Encontro Regional. A Lei de Bases da Educação, ainda em discussão pública, introduz gestores profissionais na direcção das escolas, «que terão apenas em vista a contenção de despesas, o lucro e o negócio. Logo, os interesses educativos deixam de ser importantes, a qualidade diminui e o lucro aumenta. A cumplicidade entre as empresas e as escolas será enorme, num jogo em que os estudantes são meros peões.»
Os rankings das escolas vêm agudizar a diferença entre instituições: as boas serão ainda melhores e as más serão ainda piores. «Este Governo, à boa maneira de George W. Bush, entende que o insucesso escolar passa pelos estudantes e que a melhor maneira de o combater é acabar com eles», comenta a JCP.
A revisão curricular, os exames carácter eliminatório e o fim da segunda fase dos exames nacionais são outras preocupações dos estudantes, que defendem a avaliação contínua como o método mais correcto para avaliar os alunos, ao contrário de exames de duas horas, «onde se tem de despejar matéria e em que a pressão é imensa. É normal os exames correrem mal. Acabar a segunda fase de exames é reduzir à metade as hipóteses. A nota mínima é um insulto à avaliação contínua.»
Para a JCP, a luta dos estudantes é a única forma de evitar estas ofensivas. «O ministro David Justino não está disposto a ouvir os estudantes, nem estes estão dispostos a continuar a ouvir o que ele tem para dizer. O Dia Nacional de Luta de 19 de Fevereiro será uma importantíssima jornada em defesa dos direitos dos estudantes e da escola pública.»

Organização cresce

O encontro fez um balanço da actividade da organização, concluindo que o número de militantes aumentou e que a qualidade da intervenção cresceu, com actividades regulares, protestos e lutas nas diferentes escolas secundárias da região.
«Com o aumento dos recrutamentos foi possível reforçar os colectivos já existentes e proporcionar condições para a criação de novos. A eleição de camaradas para as associações de estudantes das diferentes escolas prova que os estudantes estão conscientes do trabalho que os comunistas fazem se pauta pela diferença e pela positiva», sublinha a JCP.


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