Abril, o futuro
A pretexto das comemorações do 30.º aniversário de Abril, prossegue e intensifica-se o processo de revisão contra-revolucionária da história da revolução de Abril. Deu o mote o «Comissário» designado pelo Governo Barroso/Portas: em vez de revolução, «evolução», ensina ele. Senão veja-se, acrescenta e explica, a actual «maturidade democrática nacional» deste «regime que chegou à idade adulta», desta «democracia consolidada, desenvolvida, em que os indicadores económicos e sociais se situam a níveis semelhantes aos das demais democracias ocidentais». Ou seja, e traduzindo: apesar da revolução e graças à contra-revolução, aqueles que o «Comissário» serve, vivem, hoje, no mesmo sereno mar de rosas habitado pelos seus homólogos europeus.
Palavras não eram ditas e logo entrou em palco o habitual coro síncrono da turba canora de serviço à «democracia madura». Instalados nas democráticas poltronas da política de direita e exibindo as modernidades da praxe, repetem todas as falsificações conhecidas sobre a revolução de Abril e acrescentam-lhes outras patranhas de autoria recente, talvez inspiradas nas palavras do «Comissário» e todas apresentadas como factos incontestáveis e incontestados.
Longe estão, para todos eles, e por tal suspiram de alívio, os tempos da revolução de má memória: esses tempos em que, por efeito de notáveis avanços sociais, económicos, políticos, culturais, civilizacionais, conquistados no decorrer do processo revolucionário, a maioria dos portugueses atingiu níveis de vida nunca até então alcançados – e a que a contra-revolução pôs termo repondo a exploração e a opressão e procedendo a uma desigual, injusta e antidemocrática repartição da riqueza; esses tempos em que Portugal ocupou a primeira fila da modernidade na Europa – a modernidade de facto, gerada pelo novo, e não a velharia travestida de modernidade que se lhe seguiu e hoje impera; esses tempos em que o conteúdo participativo, pedra de toque da democracia, da liberdade e da modernidade, atingiu singular expressão massiva – e que a contra-revolução eliminou, em nome da democracia, da liberdade e da modernidade; esses tempos que, precisamente pelo seu conteúdo progressista, novo, inovador, revolucionário, constituíram um momento maior da história de Portugal e nos mostraram um bocadinho do sonho materializado – sonho que permanece vivo e a apontar para o futuro.
Palavras não eram ditas e logo entrou em palco o habitual coro síncrono da turba canora de serviço à «democracia madura». Instalados nas democráticas poltronas da política de direita e exibindo as modernidades da praxe, repetem todas as falsificações conhecidas sobre a revolução de Abril e acrescentam-lhes outras patranhas de autoria recente, talvez inspiradas nas palavras do «Comissário» e todas apresentadas como factos incontestáveis e incontestados.
Longe estão, para todos eles, e por tal suspiram de alívio, os tempos da revolução de má memória: esses tempos em que, por efeito de notáveis avanços sociais, económicos, políticos, culturais, civilizacionais, conquistados no decorrer do processo revolucionário, a maioria dos portugueses atingiu níveis de vida nunca até então alcançados – e a que a contra-revolução pôs termo repondo a exploração e a opressão e procedendo a uma desigual, injusta e antidemocrática repartição da riqueza; esses tempos em que Portugal ocupou a primeira fila da modernidade na Europa – a modernidade de facto, gerada pelo novo, e não a velharia travestida de modernidade que se lhe seguiu e hoje impera; esses tempos em que o conteúdo participativo, pedra de toque da democracia, da liberdade e da modernidade, atingiu singular expressão massiva – e que a contra-revolução eliminou, em nome da democracia, da liberdade e da modernidade; esses tempos que, precisamente pelo seu conteúdo progressista, novo, inovador, revolucionário, constituíram um momento maior da história de Portugal e nos mostraram um bocadinho do sonho materializado – sonho que permanece vivo e a apontar para o futuro.