- Nº 1593 (2004/06/9)
Criticas em Évora

Carvalhas desmascara Governo

Em Foco
O secretário-geral do PCP desafiou o primeiro-ministro a romper o silêncio sobre o aumento do défice económico da Madeira e a esclarecer se o pacto de estabilidade se aplica naquela região.

«Porque será que Durão Barroso, Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite não dizem um grama que seja sobre o défice na Madeira. Então aí não há despesismo», perguntou Carlos Carvalhas, em Évora, durante um piquenique, onde participaram largas centenas de pessoas.
Na iniciativa, o secretário-geral do PCP citou o relatório do Tribunal de Contas, da passada semana, e concluiu que o Governo utiliza o pacto de estabilidade para impor políticas restritivas no continente, e proceder de forma diferente com o Executivo de Alberto João Jardim.
«Então o pacto de estabilidade já não se aplica na Madeira? Estão todos caladinhos! Isto é a política do funil, o que mostra a hipocrisia e o cinismo com que estas questões são tratadas», sustentou.
Carlos Carvalhas abordou ainda a decisão governamental da privatização parcial do grupo «Águas de Portugal». «Isto é quase como privatizar a vida», afirmou, lendo um carta enviada por Eça de Queiroz ao então director-geral das águas no século XIX, depois de lhe ter sido cortada a água.
«Rogo-lhe, excelentíssimo senhor, que me diga sem evasões qual é a coisa que, no uso do seu pleno direito, posso cortar a V. Exª», escreveu o escritor português, tendo Carlos Carvalhas aconselhado os portugueses a fazerem o mesmo para «cortarem a política do Governo».
Antes, a cabeça de lista da CDU ao Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo, insistiu que o candidato do PS, Sousa Franco, acusou o CDS/PP de Paulo Portas de ser «racista e xenófobo», apesar de dois meses antes os socialistas se terem entendido com os democratas-cristãos para aprovar uma revisão constitucional que subjuga a lei fundamental portuguesa a uma constituição europeia que nem sequer está ainda aprovada.
Ilda Figueiredo acusou ainda o Governo de estar a utilizar o pacto de estabilidade na zona euro para a «concretização de políticas restritivas» e pediu um «cartão vermelho» para o Executivo, no próximo dia 13.