Futuro do País hipotecado
O Porto é o distrito com piores taxas de abandono escolar da União Europeia, uma situação analisada por uma delegação da Juventude CDU que reuniu com a Interjovem, na semana passada.
O abandono escolar está a «hipotecar o futuro do País»
Margarida Botelho, candidata da CDU ao Parlamento Europeu, considera que o fenómeno do abandono escolar e do trabalho infantil se relaciona, por um lado, com os baixos salários, à precariedade e ao desemprego das famílias e, por outro, com a facilidade com que esses jovens encontram trabalho junto das estruturas de têxtil, calçado e construção civil daquela zona. «Como essas empresas pagam baixíssimos salários, jovens de 13, 14, 15 anos arranjam empregos, às vezes trabalhando nas próprias casas, pagos à tarefa, dinheiro que entra pela porta das traseiras nas empresas», refere a candidata.
«Como não há uma fiscalização adequada, é uma pescadinha de rabo na boca. Há dificuldade em encontrar um bom emprego, surgem estas oportunidades e os jovens abandonam ainda mais facilmente a escola», acrecenta.
Recentemente, durante uma campanha da Interjovem contra o trabalho infantil realizada no Porto, a organização foi mal recebida por empresários e pelos próprios pais. «Isto acontece porque as condições de vida são muito precárias e o dinheiro que os jovens recebem é necessário para as famílias», analisa Margarida Botelho.
Incentivar o estudo
O PCP defende uma fiscalização apurada do trabalho infantil, mas sublinha que o principal trabalho reside na prevenção. «O problema tem de ser resolvido a montante, impedindo que as crianças abandonem a escola», afirma a candidata, recusando o pacote de medidas apresentado pelo Executivo de Durão Barroso: «O que o Governo pretende é criar uma escola social para as crianças que abandonaram o ensino, criando uma espécie de separação entre liceus e escolas técnicas como havia antes do 25 de Abril. Não é por aí que se resolve, mas sim com um combate muito firme ao trabalho infantil, de condenação clara e efectiva das empresas que empregam crianças e depois tentar reintegrá-las na escola.
A prevenção do abandono escolar tem de passar pela melhoria da situação económica das famílias, mas igualmente pelo incentivo e motivação ao prosseguimento dos estudos. «Evitar que as crianças abandonem a escola é muito difícil se têm de se levantar de madrugada para apanhar um transporte para ir para as aulas, se os professores são colocados tarde, se as turmas têm trinta alunos e quase não há acompanhamento individualizado, se no concelho não existe o curso do secundário gostavam de ter. Estas são questões do funcionamento do sistema de ensino que têm de estar presentes quando se pensa na prevenção», salienta.
Desfavorecidos hoje e amanhã
A situação destes jovens é precária, mas sê-lo-á ainda mais no futuro. «Estão a cumprir tarefas que não são adequadas à sua idade, não têm o espaço de desenvolvimento psico-social necessário e vão ser adultos em desvantagem porque frequentaram menos tempo a escola. Têm menos utensílios culturais e educativos para enfrentar a vida e vão ter dificuldades em encontrar um emprego que não se baseie na exploração pura e simples da sua força de trabalho», prevê Margarida Botelho.
A candidata considera que esta situação está a «hipotecar o futuro do País». Actualmente, mais de 40 por cento dos jovens portugueses abandonam o ensino antes do fim da escolaridade obrigatória. Esta é a maior percentagem dentro da União Europeia, incluindo os novos Estados membros.
«Além do que isto significa para cada um dos jovens, implica que o nosso país está em completo desfavorecimento e que o modelo de desenvolvimento se baseia nos baixos salários, em vez de assentar na qualificação dos trabalhadores», declara.
«Como não há uma fiscalização adequada, é uma pescadinha de rabo na boca. Há dificuldade em encontrar um bom emprego, surgem estas oportunidades e os jovens abandonam ainda mais facilmente a escola», acrecenta.
Recentemente, durante uma campanha da Interjovem contra o trabalho infantil realizada no Porto, a organização foi mal recebida por empresários e pelos próprios pais. «Isto acontece porque as condições de vida são muito precárias e o dinheiro que os jovens recebem é necessário para as famílias», analisa Margarida Botelho.
Incentivar o estudo
O PCP defende uma fiscalização apurada do trabalho infantil, mas sublinha que o principal trabalho reside na prevenção. «O problema tem de ser resolvido a montante, impedindo que as crianças abandonem a escola», afirma a candidata, recusando o pacote de medidas apresentado pelo Executivo de Durão Barroso: «O que o Governo pretende é criar uma escola social para as crianças que abandonaram o ensino, criando uma espécie de separação entre liceus e escolas técnicas como havia antes do 25 de Abril. Não é por aí que se resolve, mas sim com um combate muito firme ao trabalho infantil, de condenação clara e efectiva das empresas que empregam crianças e depois tentar reintegrá-las na escola.
A prevenção do abandono escolar tem de passar pela melhoria da situação económica das famílias, mas igualmente pelo incentivo e motivação ao prosseguimento dos estudos. «Evitar que as crianças abandonem a escola é muito difícil se têm de se levantar de madrugada para apanhar um transporte para ir para as aulas, se os professores são colocados tarde, se as turmas têm trinta alunos e quase não há acompanhamento individualizado, se no concelho não existe o curso do secundário gostavam de ter. Estas são questões do funcionamento do sistema de ensino que têm de estar presentes quando se pensa na prevenção», salienta.
Desfavorecidos hoje e amanhã
A situação destes jovens é precária, mas sê-lo-á ainda mais no futuro. «Estão a cumprir tarefas que não são adequadas à sua idade, não têm o espaço de desenvolvimento psico-social necessário e vão ser adultos em desvantagem porque frequentaram menos tempo a escola. Têm menos utensílios culturais e educativos para enfrentar a vida e vão ter dificuldades em encontrar um emprego que não se baseie na exploração pura e simples da sua força de trabalho», prevê Margarida Botelho.
A candidata considera que esta situação está a «hipotecar o futuro do País». Actualmente, mais de 40 por cento dos jovens portugueses abandonam o ensino antes do fim da escolaridade obrigatória. Esta é a maior percentagem dentro da União Europeia, incluindo os novos Estados membros.
«Além do que isto significa para cada um dos jovens, implica que o nosso país está em completo desfavorecimento e que o modelo de desenvolvimento se baseia nos baixos salários, em vez de assentar na qualificação dos trabalhadores», declara.