Iraque

Guerra não leva à paz

O Tribunal Mundial sobre o Iraque (WTI) exige a retirada dos EUA daquele país e apela à concessão de asilo político aos desertores norte-americanos.

«Os EUA constituem o principal obstáculo a qualquer pacificação»

O apelo surge num momento em que se intensifica o ataque das forças dos EUA contra a cidade de Fallujah, considerado o «primeiro acto de uma ofensiva geral que o Pentágono planeou sobre as cidades iraquianas não dominadas pelas forças da coligação».
Para a comissão organizadora da Audiência Portuguesa do WTI, a guerra no Iraque «apenas começou», uma vez que os EUA «não se mostram capazes de vencer a resistência iraquiana com os meios que têm usado», mas também não aceitam recuar. Para aquela organização, «a própria arrogância com que a guerra foi declarada e conduzida» faz com que todo o prestígio norte-americano esteja em jogo, com ele, «décadas de esforços visando a dominação do mundo».
Considerando que para Washington o que está em jogo no Iraque é «ainda mais importante do que na guerra do Vietname», o WTI manifesta a sua convicção de que «os EUA só podem sair do Iraque deixando atrás um governo amigo», objectivo difícil dado que «têm muito poucos amigos na região e nenhuma eleição democrática poderá produzir um tal governo».

Perigos acrescidos

Neste contexto, o WTI adverte para que «devemos esperar seriamente uma escalada militar», o que a recente imposição do estado de emergência no Iraque, por um período de 90 dias, vem confirmar.
Na opinião do Tribunal, não será pela força que a grave situação poderá ser resolvida, pelo que urge que os EUA «façam prova de realismo, retirem as suas tropas do Iraque sem condições e tirem as conclusões que se impõem a respeito do carácter inaceitável das guerras preventivas».
«É ilusório pedir que as suas forças fiquem até que o Iraque esteja pacificado ou estabilizado, porque a sua presença é de tal modo detestada que constitui o principal obstáculo a qualquer pacificação», refere o WTI, reafirmando a sua posição de se opor
«por todos os meios pacíficos e legais a qualquer tentativa de esmagar a resistência iraquiana através de uma escalada militar, como foi tentado na guerra do Vietname».
O Tribunal Mundial sobre o Iraque iniciou a sua actividade em Abril de 2004 e propõe-se levar a cabo uma série de sessões que deverão culminar numa sessão final em Istambul, em 2005. A iniciativa insere-se na tradição do Tribunal Russell sobre a guerra do Vietname, criado em 1967, e dos trabalhos do Tribunal Permanente dos Povos e de outros tribunais semelhantes, como o que teve lugar em Bruxelas em 1991.

Povo de Fallujah apela à ONU

Os representantes do povo de Fallujah enviaram um apelo ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para que «se empenhe na situação de Fallujah para evitar um novo massacre». O documento data de 14 de Outubro mas mantém toda a actualidade. Nele se denuncia os crimes de genocídio que as forças norte-americanas estão a cometer em Fallujah.
«Os aviões despejam as suas mais potentes bombas na cidade sobre os civis, matando e ferindo centenas de pessoas inocentes. Ao mesmo tempo, os tanques atacam a cidade com artilharia pesada. (...) Só na noite de 13 de Outubro os bombardeamentos norte-americanos demoliram 50 casas em cima dos seus moradores. Será isto um genocídio, ou uma lição sobre a democracia norte-americana? É evidente que os norte-americanos estão a cometer actos de terror contra a população de Fallujah por uma razão apenas: a sua recusa em aceitar a ocupação» - lê-se na carta a Annan.
Lembrando que o Iraque foi devastado «com o pretexto da ameaça das armas de destruição maciça», o texto sublinha que os EUA, depois de toda a razia e de terem morto milhares de civis, admitiram que não encontraram armas, mas «nada disseram sobre os crimes que entretanto cometeram».
O que os EUA fizeram, segundo o documento, foi criar «um novo alvo difuso: Al-Zarqaui». Para os representantes de Fallujah trata-se de «mais um pretexto para justificar os seus crimes, bombardeando e matando civis diariamente. Quase um ano se passou desde que este novo pretexto foi inventado, e sempre que destroem casas, mesquitas, restaurantes, e matam mulheres e crianças, dizem "lançámos uma operação bem sucedida contra Zarqaui". Nunca dirão que o mataram, porque tal pessoa não existe. E isso significa que a liquidação de civis e o genocídio diário vão continuar».
Abandonado à discricionaridade dos EUA, o povo da martirizada cidade iraquiana lançou a Kofi Annan um apelo lancinante que não teve resposta: «Queremos que a ONU se empenhe na situação de Fallujah para evitar um novo massacre».


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