
- Nº 1616 (2004/11/18)
Concentração nacional a 30 de Novembro
Reformados passam fome
Nacional
O MURPI convocou uma jornada de luta e uma concentração nacional em Lisboa para 30 de Novembro. A organização denuncia que milhares de reformados passam fome.
A concentração nacional organizada pelo MURPI-Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos foi marcada para as 14h30 do próximo dia 30, em frente ao Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço, em Lisboa. O objectivo é reivindicar pensões dignas, medicamentos a preços acessíveis, a abolição das taxas moderadoras e defender o serviço nacional de saúde e a segurança social pública, universal e solidária. A organização recusa ainda a nova lei das rendas e o aumento do custo de vida, dos preços dos transportes e das taxas da saúde.
«A nossa luta não pode parar quando dois milhões de portugueses vivem em estado de pobreza e os donos do poder só têm olhos para o seu umbigo, de barriga cheia; quando a fraude e a evasão fiscal rondam os 7 mil milhões de euros por ano. Denunciamos a demagogia dos prometidos aumentos de 50 cêntimos por dia, para pensionistas que passam muitos mal no seu dia-a-dia, muitos até com fome», lê-se no anúncio da iniciativa.
«Senhores governantes, os reformados não querem ser outra vez enganados, iludidos e utilizados como carne para canhão eleitoral. Estamos fartos de passar mal», afirma o MURPI, exigindo aumentos de 27 euros para o regime não contributivo e contributivo até 15 anos; 22 euros para os regimes contributivos até 30 anos; e 17 euros para os regimes contributivos de mais de 30 anos.
Grandes desigualdades
O MURPI afirma que Portugal é um dos países com maiores desigualdades sociais, onde os reformados são tratados «de forma humilhante» ao mesmo tempo que, em 2003, a banca obteve 96 milhões de euros de lucros e o grupo Sonae triplicou os seus lucros. «Perante este cenário, que legitimidade tem o poder para recusar aos reformados aumentos dignos?», questiona.
O MURPI acusa o Governo de demagogia, afirmando que os anunciados aumentos de 2,5 a 9 por cento para os reformados economicamente mais débeis se traduzem em apenas mais 50 cêntimos diários. «Trata-se de um insulto às pessoas que mais precisam. Dos 2,6 milhões de reformados, pensionistas e idosos, receberão este “aumento” cerca de 400 mil pessoas, que também são de carne e osso e que têm despesas, principalmente com medicamentos e assistência médica e hospital», sublinha.
A organização compara as pensões comuns à reforma do antigo ministro Mira Amaral, que, após dois anos a trabalhar na Caixa Geral de Depósitos, foi reformado com mais de 3600 contos por mês, aos 58 anos.