Na Palestina ocupada não pode haver eleições livres
A presidência da OLP foi entregue a Abu-Mazen sem grande contestação e as eleições palestinianas estão marcadas para 9 de Janeiro. Resta saber o que fará Israel.
«As incursões militares nos territórios ocupados continuam»
Este cenário contraria as expectativas israelitas, cuja política de linha dura necessita do pretexto da violência para se auto legitimar. O tiroteio registado a semana passada durante a visita de Abu-Mazen a Gaza foi bem acolhido em Telavive, mas o incidente não teve consequências e o facto é que todas as facções palestinianas estão a dar provas de grande contenção.
Para Israel, deixar que o novo presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) seja eleito num processo que o legitime como um interlocutor válido no sempre adiado processo de paz é um verdadeiro pesadelo. A construção do muro do apartheid e a anexação de 58% da Cisjordânia correm o risco de ser postas em causa, inclusive pelo amigo americano. Bush promete dedicar mais atenção ao Médio Oriente neste segundo mandato, não sendo de excluir que uma qualquer «solução de paz» seja cozinhada nos próximos quatro anos.
Percebe assim por que razão Ariel Sharon declarou, ainda antes da morte de Arafat, que não haveria negociações com os seus sucessores até que pusessem «fim ao terrorismo». Posteriormente, Sharon anunciou que não falará com Abu-Mazen a menos que este ponha cobro de imediato ao «incitamento» contra Israel nos meios de comunicação social e nas escolas palestinianas.
O primeiro-ministro israelita sabe que semelhantes exigências apenas poderão avolumar os obstáculos à paz, por impossíveis de satisfazer, tanto mais que as incursões militares nos territórios ocupados continuam, tal como prossegue nas escolas israelitas o ensino do desrespeito pelos direitos do povo palestiniano.
A responsabilidade de Israel
As manobras para impedir qualquer sucesso de Abu-Mazen são de tal modo evidentes que o chefe da delegação da ANP às negociações, Saab Erekat, afirmou no início da semana que, a prosseguir nesse caminho, Israel inviabilizará qualquer esforço para reactivar um plano de paz no Médio Oriente.
Em declarações à rádio Voz da Palestina, Erekat referiu-se expressamente à necessidade de acabar com os assassinatos «selectivos» e condenou o ataque que provocou a morte de três civis no domingo passado, na cidade de Batonia, Cisjordânia. Para o representante da ANP, o êxito das eleições, previstas para 9 de Janeiro de 2005, depende da vontade política de Telavive, que deverá cooperar retirando os bloqueios das estradas e abandonando sua política de assassinatos.
As declarações de Erekat foram feitas após uma reunião de membros da direcção da ANP com o ainda secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, realizada em Jericó, onde foi debatida a situação dos palestinianos presos em Israel e a expansão dos colonatos israelitas em território palestiniano.
Na agenda esteve ainda a questão do dito «Muro de Segurança» que Telavive está a construir na Cisjordânia.
Na reunião com Powell participaram o presidente da Organização para a Libertação da Palestina, Mohamed Abbas, o primeiro-ministro Ahmed Korei, o presidente interino da ANP, Rauhi Fatuh e o chanceler Nabil Shaat.
Powell chegou domingo à noite a Israel, tendo-se encontrado na segunda-feira com o primeiro-ministro Ariel Sharon e com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Silvan Shalom.
Segundo Sharon informou na comissão parlamentar de Segurança, representantes palestinianos e israelitas devem encontrar-se nos próximos dias para debater questões relacionadas com as eleições palestinianas. Israel promete suspender as restrições à movimentação dos palestinianos, mas sintomaticamente ainda não respondeu à questão sobre a retirada das suas tropas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, sem o que será difícil falar de «eleições livres».
Para Israel, deixar que o novo presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) seja eleito num processo que o legitime como um interlocutor válido no sempre adiado processo de paz é um verdadeiro pesadelo. A construção do muro do apartheid e a anexação de 58% da Cisjordânia correm o risco de ser postas em causa, inclusive pelo amigo americano. Bush promete dedicar mais atenção ao Médio Oriente neste segundo mandato, não sendo de excluir que uma qualquer «solução de paz» seja cozinhada nos próximos quatro anos.
Percebe assim por que razão Ariel Sharon declarou, ainda antes da morte de Arafat, que não haveria negociações com os seus sucessores até que pusessem «fim ao terrorismo». Posteriormente, Sharon anunciou que não falará com Abu-Mazen a menos que este ponha cobro de imediato ao «incitamento» contra Israel nos meios de comunicação social e nas escolas palestinianas.
O primeiro-ministro israelita sabe que semelhantes exigências apenas poderão avolumar os obstáculos à paz, por impossíveis de satisfazer, tanto mais que as incursões militares nos territórios ocupados continuam, tal como prossegue nas escolas israelitas o ensino do desrespeito pelos direitos do povo palestiniano.
A responsabilidade de Israel
As manobras para impedir qualquer sucesso de Abu-Mazen são de tal modo evidentes que o chefe da delegação da ANP às negociações, Saab Erekat, afirmou no início da semana que, a prosseguir nesse caminho, Israel inviabilizará qualquer esforço para reactivar um plano de paz no Médio Oriente.
Em declarações à rádio Voz da Palestina, Erekat referiu-se expressamente à necessidade de acabar com os assassinatos «selectivos» e condenou o ataque que provocou a morte de três civis no domingo passado, na cidade de Batonia, Cisjordânia. Para o representante da ANP, o êxito das eleições, previstas para 9 de Janeiro de 2005, depende da vontade política de Telavive, que deverá cooperar retirando os bloqueios das estradas e abandonando sua política de assassinatos.
As declarações de Erekat foram feitas após uma reunião de membros da direcção da ANP com o ainda secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, realizada em Jericó, onde foi debatida a situação dos palestinianos presos em Israel e a expansão dos colonatos israelitas em território palestiniano.
Na agenda esteve ainda a questão do dito «Muro de Segurança» que Telavive está a construir na Cisjordânia.
Na reunião com Powell participaram o presidente da Organização para a Libertação da Palestina, Mohamed Abbas, o primeiro-ministro Ahmed Korei, o presidente interino da ANP, Rauhi Fatuh e o chanceler Nabil Shaat.
Powell chegou domingo à noite a Israel, tendo-se encontrado na segunda-feira com o primeiro-ministro Ariel Sharon e com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Silvan Shalom.
Segundo Sharon informou na comissão parlamentar de Segurança, representantes palestinianos e israelitas devem encontrar-se nos próximos dias para debater questões relacionadas com as eleições palestinianas. Israel promete suspender as restrições à movimentação dos palestinianos, mas sintomaticamente ainda não respondeu à questão sobre a retirada das suas tropas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, sem o que será difícil falar de «eleições livres».