Terror psicológico
Na Tyco Electronics, em Évora – antiga Siemens -, a maior unidade industrial do Alentejo, a administração instaurou processos disciplinares e suspendeu preventivamente dirigentes e delegados sindicais, como represália pelas acções de informação e esclarecimento à população sobre a repressão que se vive na empresa. Segundo uma nota da direcção da União dos Sindicatos do Porto, a suspensão surge após o despedimento de uma delegada sindical, grávida na altura. A medida foi anulada pelo Tribunal do Trabalho mas a trabalhadora não foi reintegrada. Controlados por vídeo-vigilância, os trabalhadores são proibidos de ir à casa de banho e pressionados para rescindir os contratos quando contraem doenças profissionais. A administração tem tido o desplante de exibir filmes durante o período de trabalho, onde ameaça deslocalizar a unidade, justificada com os «elevados salários» auferidos em Portugal, afirma-se na película. Foram ainda estabelecidas normas que incentivam à denúncia de colegas de trabalho. As ausências por motivos de consulta médica e por assistência inadiável aos filhos são consideradas faltas injustificadas. Ali trabalham 1700 operários, na maioria mulheres, e o administrador Piteira é apontado como o principal responsável pela onda de repressão.