- Nº 1626 (2005/01/27)
Governo PSD/PP

A lei do «vale tudo»

PCP
O corrupio de ministros e secretários de Estado em visitas e inaugurações prossegue como se as suas atribuições não fossem apenas as de «um governo demitido e demissionário», alerta a Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP.

Mas estas andanças do Governo não se verificam apenas em Aveiro, repetem-se um pouco por todo o País, considerando a DORAV que o Governo transformou «em prática normal e corrente o uso e abuso do aparelho de Estado para fins marcadamente eleitoralistas».
Só no distrito de Aveiro, desde 15 de Janeiro, já se viu: o secretário de Estado da Educação (CDS-PP) a inaugurar as Piscinas de Oliveira do Bairro (CDS-PP); o secretário de Estado da Juventude (PSD) na assinatura de um protocolo em Oliveira de Azeméis (PSD); o secretário de Estado Ajunto da Segurança Social e da Família (PSD) em inaugurações e visitas em Anadia (PSD), Albergaria-a-Velha (PSD) e Oliveira de Azeméis (PSD); o ministro da Saúde (PSD), acompanhado da secretária de Estado (PSD e candidata no distrito) numa visita ao Hospital de Estarreja (cujo administrador é também candidato do PSD)...
Porém, segundo a DORAV, cuja denúncia remonta a 22 de Janeiro, os dias que se aproximam não são «menos férteis em visitas e iniciativas», estando, ainda, para ver: a secretária de Estado da Saúde (PSD e candidata no distrito de Aveiro) em Castelo de Paiva (PSD); o secretário de Estado da Educação assinando um protocolo; o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Agricultura presente na inauguração do Laboratório da Estação Vitivinicola da Bairrada; o ministro da Segurança Social (Cabeça de Lista do PSD em Setúbal) em visita a Vagos (PSD), Oliveira de Azeméis (PSD) e Estarreja (PSD), onde, em 7 iniciativas faz 6 inaugurações, e, por fim, o ministro da Agricultura (PSD) «entronizado confrade do Bacalhau», em Ílhavo (PSD).

Porto

Também a Direcção da Organização Regional do Porto denuncia as manobras eleitoralistas do Governo demitido no distrito.
Assim, em apenas quatro dias (de 19 a 23 de Janeiro), o secretário de Estado-adjunto do ministro da Segurança Social, Marco António Costa, terceiro candidato do PSD pelo Porto às próximas eleições e responsável distrital do PCP, participou em 35 iniciativas, estrategicamente distribuídas por nove concelhos do Porto: quatro sessões solenes de Câmaras Municipais PSD; 23 visitas institucionais; três inaugurações; dois lançamentos de primeiras pedras e duas presentações de investimentos.
«Em plena pré-campanha eleitoral e em desesperados esforços para evitar o desastre político que se avizinha, este secretário de Estado mobiliza todos os meios e staff ao seu dispor», diz a DORP, acusando o PSD de estar a servir-se «ilegitimamente» de meios e recursos do Estado Português com «propósitos eleitoralistas».
«Vale tudo para impedir que o barco se afunde», prossegue a DORP. Só que, desta vez, «prevalece o sentimento popular de que não há mais nada para salvar».