- Nº 1658 (2005/09/8)

O render da guarda

Festa do Avante!

Cada Festa é uma festa. E deixa na memória impressivas imagens e momentos que se não esquecem e que permitem a muita gente não as confundir, por mais anos que passem. Esta foi a 29.ª edição, três décadas passadas sobre a primeira vez que, na FIL, em Lisboa, soubemos, nós, os comunistas que as construímos e os visitantes que connosco partilham três dias de convívio fraterno e de aguda percepção das batalhas a travar, do que éramos capazes. Desde então, através da vicissitudes que contra nós se viraram, com os sucessivos governos a tentarem acabar com o PCP e com as suas cada vez maiores manifestações de vigor, de confiança e de alegria partilhada com os trabalhadores com quem lutamos por um mundo melhor, a Festa cresceu, e cada lugar era oportunidade para dar largas à criatividade, até encontrarmos o poiso que é nosso porque adquirido pelo Partido e esforçadamente renovado e construído.
Já muitas festas a Atalaia viu, assinalando, cada ano que passa, momentos diversos da nossa luta e, todos os anos, vendo alargar-se a fraternidade e o espírito de combate que traz ao PCP muitos mais amigos e ao trabalho organizado cada vez mais camaradas.
Ao longo dos tempos, mais jovens se juntam ao labor e à festa. Muitos camaradas e amigos nos deixaram, cumprido o seu tempo. A festa é também um momento de recordar todos eles. E de verificar o render da guarda, atravessando gerações. A Festa cresce, o PCP reforça-se, por muito difíceis que a realidade e a política se apresentem. Desde há muito, passado um hiato, em finais dos anos 80, em que parecia ter-se esgotado a capacidade de atracção de mais juventude, os três dias na Atalaia são a prova provada de que o Partido se rejuvenesce e cumpre o seu papel histórico de não deixar que os combates de sempre se desvaneçam sob a pressão da ideologia dominante e a bota pesada do ataque aos direitos dos trabalhadores e do povo.
Partido com uma longa história, ímpar e exaltante, Partido jovem e vigoroso, pronto a enfrentar os desafios do presente e do futuro, o PCP mostra na sua Festa, como ao longo do ano o faz nas lutas, a sua confiança e a sua força.
Este ano, ainda a Festa não abrira as portas e ainda o afã dos trabalhos finais empenhava centenas de camaradas, reparámos e comentámos, entre os membros do colectivo do Avante!, preparado para deixar hoje ao leitor uma imagem, certamente incompleta mas verdadeira, da grandiosa jornada festiva: a maioria dos que continuavam o trabalho eram jovens. E a maioria dos responsáveis pelas tarefas – que também não largavam mão do trabalho – eram jovens. Do fundo do coração – permitam-me a emoção – pensei que mais uma vez o render da guarda se mostrava diante dos olhos de todos. O Partido avança para o futuro, confiante nos braços e na inteligência dos que retomam as bandeiras pelas quais sempre lutámos. Saibam os mais velhos resistir à tentação de «arrumar as botas», saibam continuar a contribuir, com a sua experiência e o valor do seu trabalho, hoje menos impetuoso mas sempre firme, para o futuro do Partido cuja finalidade é lutar por um mundo melhor.
Hoje, esse futuro aparece-nos mais seguramente ancorado nos muitos milhares de jovens que aderem ao nosso projecto. E logo na abertura da Festa, quando o novo secretário-geral do PCP, acompanhado pelos membros dos organismos executivos do Comité Central, pela Direcção da Festa e por camaradas da Direcção da JCP, outro sinal nos foi dado observar. Por quem já observou e escreveu sobre muitos momentos como este. Nunca a Praça da Paz esteve tão cheia de gente e nunca o entusiasmo nos pareceu tão vibrante, a sublinhar as palavras de Jerónimo de Sousa que anunciava uma Festa tão fraterna, onde a política, a luta e a cultura e o convívio se juntavam, ligando o passado e o futuro deste Partido de trabalhadores. Abertas as portas, a torrente de visitantes – toda a gente dizia que estava muito mais gente do que nas festas anteriores – fez a festa vibrar de novo momentos inesquecíveis. Que vão perdurar e animar-nos para as batalhas que aí estão.

Leandro Martins