Grandes retalhistas ditam as regras
A Comissão Europeia aprovou na segunda-feira o regulamento que permite desbloquear os mais de 75 milhões de produtos têxteis chineses que se encontravam retidos nas fronteiras comunitárias.
A liberalização dos têxteis ameaça milhões de empregos na UE
O aumento vertiginoso das importações de têxteis oriundos da China alarmou a indústria europeia, que dá emprego a cerca de 2,7 milhões de pessoas em mais de 180 mil empresas.
Entre Janeiro e Fevereiro entraram no mercado nada menos do que 913 milhões de pares de peúgas e meias chinesas, ou seja um aumento de 57 vezes em relação ao ano anterior. As T-shirts registaram um aumento de 187 por cento; outros produtos entraram sem qualquer controlo em quantidades maciças.
O sector têxtil do Velho Continente desencadeou uma vaga de protestos, exigindo que a Comissão Europeia accionasse as cláusulas de salvaguarda de modo a proteger este sensível mercado da invasão chinesa. Contudo, Bruxelas resistiu a adoptar medida tão «drástica» e preferiu iniciar um diálogo com a China que levaria ao acordo de 10 de Junho que limita as importações em determinadas categorias de produtos até 2008.
Contudo, as grandes cadeias multinacionais de vestuário anteciparam-se à entrada em vigor dos novos limites efectuando encomendas maciças à China. O resultado foi que, pouco depois de o acordo ter sido concluído, as quotas voluntariamente estabelecidas entre as partes foram rapidamente esgotadas. Em consequência, os produtos começaram a acumular-se nos portos europeus, sob o protesto dos importadores e grupos retalhistas que ameaçavam deixar vazias as lojas de vestuário.
Ao desbloquear os contentores retidos, a Comissão respondeu aos interesses da grande distribuição, desferindo um golpe que poderá ser fatal para muitas empresas europeias e de países em desenvolvimento que exportavam para a Europa.
Uma resolução liberal
A gravidade da situação levou o Parlamento Europeu a provar uma resolução em Julho passado, onde sublinhava que a UE devia restringir ainda mais as «importações anormais de têxteis chineses».
No passado dia 6, os eurodeputados voltaram a debater a questão, aprovando um novo texto que, apesar de incluir algumas propostas positivas para o sector têxtil, continua marcada pela defesa da liberalização.
Por isso, os deputados do PCP votaram contra o documento na sua globalidade, lamentando que importantes propostas por si apresentadas tenham sido rejeitadas pelo hemiciclo.
Porém, uma delas, apresentada pelo deputado do PCP Pedro Guerreiro, foi aprovada por 503 votos a favor, onde se incluíram todos deputados portugueses, à excepção de um: Miguel Portas, do Bloco de Esquerda, que optou pela abstenção.
A proposta contemplada na resolução final observa justamente que «a abolição das quotas no sector dos têxteis e do vestuário pode ter graves consequências para as regiões menos favorecidas, podendo contribuir para uma diminuição do PIB regional por habitante, situação que requer uma resposta adequada».
Entre Janeiro e Fevereiro entraram no mercado nada menos do que 913 milhões de pares de peúgas e meias chinesas, ou seja um aumento de 57 vezes em relação ao ano anterior. As T-shirts registaram um aumento de 187 por cento; outros produtos entraram sem qualquer controlo em quantidades maciças.
O sector têxtil do Velho Continente desencadeou uma vaga de protestos, exigindo que a Comissão Europeia accionasse as cláusulas de salvaguarda de modo a proteger este sensível mercado da invasão chinesa. Contudo, Bruxelas resistiu a adoptar medida tão «drástica» e preferiu iniciar um diálogo com a China que levaria ao acordo de 10 de Junho que limita as importações em determinadas categorias de produtos até 2008.
Contudo, as grandes cadeias multinacionais de vestuário anteciparam-se à entrada em vigor dos novos limites efectuando encomendas maciças à China. O resultado foi que, pouco depois de o acordo ter sido concluído, as quotas voluntariamente estabelecidas entre as partes foram rapidamente esgotadas. Em consequência, os produtos começaram a acumular-se nos portos europeus, sob o protesto dos importadores e grupos retalhistas que ameaçavam deixar vazias as lojas de vestuário.
Ao desbloquear os contentores retidos, a Comissão respondeu aos interesses da grande distribuição, desferindo um golpe que poderá ser fatal para muitas empresas europeias e de países em desenvolvimento que exportavam para a Europa.
Uma resolução liberal
A gravidade da situação levou o Parlamento Europeu a provar uma resolução em Julho passado, onde sublinhava que a UE devia restringir ainda mais as «importações anormais de têxteis chineses».
No passado dia 6, os eurodeputados voltaram a debater a questão, aprovando um novo texto que, apesar de incluir algumas propostas positivas para o sector têxtil, continua marcada pela defesa da liberalização.
Por isso, os deputados do PCP votaram contra o documento na sua globalidade, lamentando que importantes propostas por si apresentadas tenham sido rejeitadas pelo hemiciclo.
Porém, uma delas, apresentada pelo deputado do PCP Pedro Guerreiro, foi aprovada por 503 votos a favor, onde se incluíram todos deputados portugueses, à excepção de um: Miguel Portas, do Bloco de Esquerda, que optou pela abstenção.
A proposta contemplada na resolução final observa justamente que «a abolição das quotas no sector dos têxteis e do vestuário pode ter graves consequências para as regiões menos favorecidas, podendo contribuir para uma diminuição do PIB regional por habitante, situação que requer uma resposta adequada».