- Nº 1661 (2005/09/29)
Ucrânia

Yuchtchenko em maus lençóis

Breves Intenacional

Depois de ter subido ao poder na Ucrânia na sequência de uma «revolução» com contornos ainda pouco claros, Viktor Yuchtchenko viu-se obrigado a renunciar a parte do seu programa político e a recorrer ao apoio do seu rival nas últimas eleições, Viktor Yanukovitch, o qual chegou a acusar de controlar uma rede de corrupção estatal na ex-república soviética.
Desta forma, o actual presidente garantiu o apoio dos deputados na nomeação de Yekhanurov como novo primeiro-ministro.
Em troca, aceita a limitação dos poderes presidenciais em favor do Conselho Supremo, órgão que a partir do próximo ano passará a escolher o chefe de governo numa mudança de regime presidencialista para parlamentarista, desiste dos processos interpostos contra o seu anterior adversário político e põe fim à campanha repressiva movida contra todos os seus opositores.
Muito embora as medidas privatizadoras, «pró-ocidentais» e neoliberais preparadas pela anterior primeiro-ministro, Yulia Timotchenko, não tenham sido cabalmente afastadas, o novo homem-forte do executivo governamental apresenta-se como um político mais próximo de Moscovo, tendo já anunciado uma visita ao Kremlin.
Yulia acabou por demitir-se na sequência de um conjunto alargado de escândalos de corrupção envolvendo membros do seu governo. Ninguém parece querer admitir, mas o facto é que a tão propalada «revolução laranja» deixou aos ucranianos, no mínimo, um gosto amargo a política do logro.