A expatriação de «cérebros»
Uma dos tipos de informação que não vai rareando nestes dias são os rankings, as classificações, dos países segundo os mais diversos critérios. Muitos destes tipos de informação correspondem a índices que podem ser discutíveis, sobretudo pelo tipo de interpretação a que dão azo e, por isso, a manipulação a que estão sujeitos. Mas, tudo somado, é melhor que a informação e os índices apareçam e que as pessoas se vão habituando a interpretar o seu significado.
Agora. O que nos chegou, foi a vez do ranking dos países segundo a percentagem de licenciados universitários a trabalharem fora dos seus países. E, se bem me recordo, o país campeão em termos desta exportação de cérebros - se considerarmos como «cérebros» os licenciados, ou de grau superior - é o Haiti. Portugal encontra-se também muito «bem» classificado entre o Malawi e a República Dominicana. E são bem uns 20% do total o número de portugueses com instrução superior completa que desempenham as suas actividades no estrangeiro. Em termos absolutos - a quantidade deles -, o número de portugueses no estrangeiro será bastante maior que o dos outros países referidos cujo contingente total será bem menor que o total dos universitários portugueses.
Aliás, o índice referido não nos diz nada acerca do número de desempregados licenciados em cada um dos países. Contudo, parece fácil entender que Portugal, com as suas dezenas de milhares de desempregados licenciados, deverá ser de entre os países mencionados o que ainda possui maior capacidade de exportação de profissionais deste nível académico. E para muitos destes, num país, como o nosso, que os trata depreciativamente ao referir Portugal como um «país de doutores», o melhor é irem-se embora - e já não é mau terem tido a possibilidade de estudar, é o que dá vontade dizer.
De qualquer forma, a aceitação de grande quantidade de licenciados portugueses no estrangeiro parece indicar, para além de que não são necessários em Portugal - o qual, para as necessidades percepcionadas pelos empregadores portugueses tem-nos em demasia -, eles nem serão de tão má qualidade, nem tão «teóricos» - a malta de cá não gosta dos «teóricos» -, como afirma a grande maioria dos nossos empresários, bem como, é claro, os seus sequazes principais, incluindo os principais «fazedores de opinião» dos órgãos de comunicação especializados em economia cá do burgo.
Enquanto escrevo estas linhas, vejo na televisão um jogo de futebol entre o Chelsea e o Manchester United, duas das mais importantes empresas mundiais de um sector económico que move muitos milhões e, seguramente, o seguido com maior atenção não só pelas massas portuguesas, mas também pelos nossos empresários. E noto que estas empresas contam, entre os seus quadros máximos de direcção técnica, dois dos mais conhecidos «doutores», «teóricos», portugueses: Mourinho e Queiroz. Agora, que Peseiro foi libertado das suas funções, tão malvisto que as massas de adeptos da empresa de futebol onde trabalhava, se tiveram de insurgir para que ele fosse posto na rua, talvez seja a grande oportunidade deste «doutor» do futebol voltar a encontrar emprego lá fora. E, se as coisas correrem mal a outros, como Jesualdo e Vingada - de momento a safarem-se! -, será a vez destes «doutores» se irem e não chatearem por cá a malta (o «doutor» Scolari não conta para esta história porque não é português).
Saindo do pequeno ecrã e voltando agora às questões mais gerais do contingente português da força de trabalho com instrução superior, um tema que queria referir é o da composição dos licenciados em termos de matérias. Esta questão não é possível analisar, é claro, com base num índice sintético como a percentagem de licenciados de um país no estrangeiro. E o facto que quero salientar é o ser costume argumentar que o problema dos nossos licenciados desempregados é serem das áreas sociais e humanísticas, de haver demasiados advogados. Os engenheiros e mesmo os das ciências «duras» não teriam por cá problemas de emprego. Hmmm! Então os expatriados serão todos das áreas das Letras, conhecendo bem as nossas leis, a nossa história, a filosofia, a nossa língua, também os nossos antropólogos e sociólogos é que conseguem emprego no estrangeiro.
Ou não serão antes os poucos médicos, engenheiros, físicos, matemáticos e biólogos os expatriados?
Que tristeza de situação a nossa!
Agora. O que nos chegou, foi a vez do ranking dos países segundo a percentagem de licenciados universitários a trabalharem fora dos seus países. E, se bem me recordo, o país campeão em termos desta exportação de cérebros - se considerarmos como «cérebros» os licenciados, ou de grau superior - é o Haiti. Portugal encontra-se também muito «bem» classificado entre o Malawi e a República Dominicana. E são bem uns 20% do total o número de portugueses com instrução superior completa que desempenham as suas actividades no estrangeiro. Em termos absolutos - a quantidade deles -, o número de portugueses no estrangeiro será bastante maior que o dos outros países referidos cujo contingente total será bem menor que o total dos universitários portugueses.
Aliás, o índice referido não nos diz nada acerca do número de desempregados licenciados em cada um dos países. Contudo, parece fácil entender que Portugal, com as suas dezenas de milhares de desempregados licenciados, deverá ser de entre os países mencionados o que ainda possui maior capacidade de exportação de profissionais deste nível académico. E para muitos destes, num país, como o nosso, que os trata depreciativamente ao referir Portugal como um «país de doutores», o melhor é irem-se embora - e já não é mau terem tido a possibilidade de estudar, é o que dá vontade dizer.
De qualquer forma, a aceitação de grande quantidade de licenciados portugueses no estrangeiro parece indicar, para além de que não são necessários em Portugal - o qual, para as necessidades percepcionadas pelos empregadores portugueses tem-nos em demasia -, eles nem serão de tão má qualidade, nem tão «teóricos» - a malta de cá não gosta dos «teóricos» -, como afirma a grande maioria dos nossos empresários, bem como, é claro, os seus sequazes principais, incluindo os principais «fazedores de opinião» dos órgãos de comunicação especializados em economia cá do burgo.
Enquanto escrevo estas linhas, vejo na televisão um jogo de futebol entre o Chelsea e o Manchester United, duas das mais importantes empresas mundiais de um sector económico que move muitos milhões e, seguramente, o seguido com maior atenção não só pelas massas portuguesas, mas também pelos nossos empresários. E noto que estas empresas contam, entre os seus quadros máximos de direcção técnica, dois dos mais conhecidos «doutores», «teóricos», portugueses: Mourinho e Queiroz. Agora, que Peseiro foi libertado das suas funções, tão malvisto que as massas de adeptos da empresa de futebol onde trabalhava, se tiveram de insurgir para que ele fosse posto na rua, talvez seja a grande oportunidade deste «doutor» do futebol voltar a encontrar emprego lá fora. E, se as coisas correrem mal a outros, como Jesualdo e Vingada - de momento a safarem-se! -, será a vez destes «doutores» se irem e não chatearem por cá a malta (o «doutor» Scolari não conta para esta história porque não é português).
Saindo do pequeno ecrã e voltando agora às questões mais gerais do contingente português da força de trabalho com instrução superior, um tema que queria referir é o da composição dos licenciados em termos de matérias. Esta questão não é possível analisar, é claro, com base num índice sintético como a percentagem de licenciados de um país no estrangeiro. E o facto que quero salientar é o ser costume argumentar que o problema dos nossos licenciados desempregados é serem das áreas sociais e humanísticas, de haver demasiados advogados. Os engenheiros e mesmo os das ciências «duras» não teriam por cá problemas de emprego. Hmmm! Então os expatriados serão todos das áreas das Letras, conhecendo bem as nossas leis, a nossa história, a filosofia, a nossa língua, também os nossos antropólogos e sociólogos é que conseguem emprego no estrangeiro.
Ou não serão antes os poucos médicos, engenheiros, físicos, matemáticos e biólogos os expatriados?
Que tristeza de situação a nossa!