CGTP-IN exige regularização e igualdade

Imigrantes estão a sindicalizar-se

Trocar experiências e reforçar a organização junto dos trabalhadores imigrantes com vista à sua sindicalização foi o propósito do encontro promovido pela CGTP-IN, dia 15, em Lisboa.

Para os 300 mil tra­ba­lha­dores imi­grantes a sin­di­ca­li­zação é a sua sal­va­guarda

Cada vez mais imigrantes procuram os sindicatos, na busca de apoio e informação.
O encontro nacional de dirigentes, delegados e activistas da Imigração confirmou a prioridade desta frente de trabalho e a necessidade de prosseguir o reforço dos meios técnicos e humanos de apoio aos trabalhadores imigrantes, bem como a sensibilização com vista à sua sindicalização e participação.

Urge al­terar a Lei

O encontro exortou o Governo a alterar a Lei, de forma a incluir o princípio de que «quem trabalha e contribui para a sociedade terá facilidades de regularização». Foi ainda exigida a inclusão da «responsabilidade solidária do dono da obra», tendo em conta a participação dos sindicatos no apoio aos imigrantes e no controlo e sancionamento dos patrões infractores, como refere a resolução.
A eliminação de quotas para contingentes de imigração e a sua substituição por uma efectiva gestão dos fluxos migratórios sustentada em perspectivas humanistas; a alteração do regime de reagrupamento familiar, estendendo-o a todos os imigrantes independentemente do título de permanência, permitindo o acesso a trabalho para o cônjuge e facultando o acesso dos filhos ao ensino; um efectivo combate ao trabalho ilegal e à exploração patronal, através da responsabilização criminal, civil e laboral dos empregadores, sem penalizar os trabalhadores, são outras das reivindicações enunciadas.
A central exige um efectivo acesso dos imigrantes ao sistema de Saúde e às prestações sociais, à formação profissional, à habitação e a todos os serviços públicos, em condições de igualdade, como qualquer trabalhador nacional. A actuação policial, para a CGTP-IN, ela deve dirigir-se às redes mafiosas. No contacto com os imigrantes, as entidades e os serviços públicos devem ter um comportamento «mais civilista e menos policial».

Somos todos tra­ba­lha­dores<7s­trong>

Como ficou claro no en­contro, o que une os tra­ba­lha­dores imi­grantes aos na­ci­o­nais é mais do que aquilo que os di­vide. Muitas in­ter­ven­ções de­mons­traram como certos pa­trões usam pre­con­ceitos ra­cistas e xe­nó­fobos para tentar opor tra­ba­lha­dores imi­grantes contra na­ci­o­nais. A questão fun­da­mental, com foi re­pe­tido, é que todos são tra­ba­lha­dores por conta de ou­trém e quanto menos di­reitos ti­verem uns, pior será para todos. Daí que a cen­tral con­si­dera fun­da­mental a to­mada de cons­ci­ência de classe por parte dos tra­ba­lha­dores para que, co­lec­ti­va­mente, possam en­frentar a ofen­siva contra os seus di­reitos la­bo­rais e so­ciais pro­ta­go­ni­zada pelo Go­verno PS.
A CGTP-IN con­ti­nuará a ba­sear a sua acção na so­li­da­ri­e­dade, na igual­dade e no es­pí­rito de classe, com­ba­tendo todas as formas de ra­cismo e xe­no­fobia. Até à Con­fe­rência Sin­dical sobre Or­ga­ni­zação, agen­dada para No­vembro, a cen­tral vai con­ti­nuar a pro­mover ac­ções de sen­si­bi­li­zação e eleger mais di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais imi­grantes.
Foi eleita a Co­missão Na­ci­onal de Tra­ba­lha­dores Imi­grantes e a re­so­lução foi en­viada aos ór­gãos de so­be­rania e aos par­tidos po­lí­ticos.

O quadro legal está ca­duco

Dois anos após a apli­cação do quadro legal em vigor, a CGTP-IN cons­tata que ele é «ina­de­quado e con­tribui, ob­jec­ti­va­mente, para o au­mento des­re­gu­lado da imi­gração e da ex­plo­ração», lê-se na re­so­lução. A cen­tral acusa o Ser­viço de Es­tran­geiros e Fron­teiras e a Ins­pecção-Geral do Tra­balho de terem «uma ori­en­tação ex­ces­si­va­mente po­li­cial, uma ino­pe­rância real ou uma ac­tu­ação bu­ro­cra­ti­zada que be­ne­ficia as em­presas in­frac­toras».
Ac­tu­al­mente, são mais de 300 mil os tra­ba­lha­dores imi­grantes, na mai­oria em pro­fis­sões de baixas qua­li­fi­ca­ções, des­ta­cando-se a cons­trução civil, as lim­pezas in­dus­triais e do­més­ticas, a ho­te­laria e a res­tau­ração, «tão mal re­mu­ne­rados que, muitas vezes, não lhes é pos­sível efec­tu­arem os des­contos ne­ces­sá­rios à re­gu­la­ri­zação», afirmou Ma­nuel Cor­reia, do Con­selho Na­ci­onal da CGTP-IN e da Frente Anti-Ra­cista.
A re­so­lução sa­li­enta a forma como a ge­ne­ra­li­dade o pa­tro­nato uti­liza esta mão-de-obra sem di­reitos, «como ins­tru­mento de pressão para tentar fazer baixar o valor dos sa­lá­rios de todos os tra­ba­lha­dores e fugir ao cum­pri­mento de di­reitos la­bo­rais».


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