Massacre numa praia de Gaza
A matança israelita numa praia de Gaza, a 9 de Junho, abalou o povo de Israel, mas não travou os bombardeamentos que continuam a matar civis palestinianos.
«Aviões israelitas voltaram a bombardear Gaza nos últimos dias»
«Na praia de Gaza, perdemos uma batalha - a da nossa imagem como povo e como seres humanos», escreveu no Maariv, o mais popular jornal israelita, o escritor David Grossman, uma das vozes mais empenhadas na luta pela paz. As suas palavras traduzem o choque e as interrogações provocadas em Israel pelas imagens dramáticas de Huda Ghalya, a menina palestiniana de 10 anos, única sobrevivente de uma família morta no bombardeamento, chorando junto do cadáver do pai na praia de Al-Sudania.
O título do Yediot Aharonot, diário de grande tiragem - «Tragédia na praia de Gaza» - não chega no entanto para ilustrar a dimensão do crime perpetrado: onze palestinianos mortos, todos civis, incluindo crianças, e dezenas de feridos, na sequência de cinco ataques aéreos, um dos quais lançado a partir do mar.
A praia estava cheia de famílias por ser feriado em Gaza, pelo que a matança só pode ter sido deliberada.
O caso de Huda, que perdeu o pai, a mãe e três irmãos (de um ano e meio, três e 10 anos), não pode ser visto como acidental. E tanto assim é que, apesar da manifestação em frente da casa do primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, encabeçada por uma das filhas do chefe do Executivo, aviões israelitas voltaram a bombardear Gaza nos últimos dias, matando mais de uma dezena de palestinianos.
«Não há dúvida de que o sucedido em Gaza foi um massacre sangrento contra o nosso povo, os nossos civis, sem nenhuma espécie de discriminação», afirmou o presidente Abu Mazen, que exortou a «comunidade internacional, o Conselho de Segurança da ONU e o Quarteto (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU) a pôr fim à política de assassinatos de Israel».
Um apelo com poucas probabilidades de ser ouvido, já que Washington reagiu de imediato, não para condenar o ataque à praia de Al-Sudania, mas para dizer compreender «o direito à defesa» de Israel.
O braço armado do Hamas também reagiu, anunciando o fim da trégua que mantinha há cerca de ano e meio e prometendo retaliar.
Israel acusa Hamas
O exército israelita anunciou entretanto não ser responsável pela matança de Gaza. Um inquérito militar dirigido pelo general Meir Klifi e realizado em tempo recorde, conclui, segundo notícias divulgadas anteontem, terça-feira, que os palestinianos mortos na praia de Gaza foram vítimas da explosão de uma bomba ou de uma mina colocada na praia pelo movimento islamita Hamas para frustrar eventuais desembarques da marinha de Israel.
Segundo os serviços secretos israelitas, citados pela Lusa, o Hamas teria tomado aquelas disposições nas últimas semanas, na sequência de informações que davam conta da infiltração, na Faixa de Gaza, de unidades militares especiais israelitas a operar contra activistas envolvidos no disparo de foguetes Qassam.
A comissão, refere a imprensa, chegou a esta conclusão após ter visionado imagens de televisões árabes e reunido um certo número de provas, como os estilhaços encontrados em três dos palestinianos feridos pela explosão e tratados em Israel. As notícias dão ainda conta de que as fotografias aéreas da cratera aberta pela explosão na praia não correspondem ao impacto de um projéctil, mas sim de uma bomba ou de uma mina.
«Fronteiras provisórias»
O diário israelita Haaretz informou anteontem que o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, vai propor ao presidente palestiniano, Mahmud Abbas, a criação de um Estado independente com «fronteiras provisórias» em Gaza e em 90 por cento da Cisjordânia.
Segundo o articulista Akiba Eldar, citado pela Agência Lusa, a proposta representa a renúncia de Olmert ao plano para fixar unilateralmente as fronteiras entre Israel e a Palestina, que ficariam assim sujeitas a futuras negociações.
As fronteiras provisórias estender-se-iam ao longo do «muro racista», como lhe chamam os palestinianos, que Israel está a construir na Cisjordânia em território da Palestina, reservando para si o controlo do vale do Jordão.
A ministra dos Negócios Externos israelita, Tzipi Livni, justificou a proposta alegando que «actualmente o presidente Abbas não é parceiro para negociar um acordo final de paz, mas pode sê-lo para outros ajustamentos de base das várias fases do processo proposto pelo Roteiro para a Paz».
Segundo Livni, o estabelecimento de um Estado palestiniano com fronteiras provisórias seria «um compasso de espera com vista a um acordo final» de paz.
Recorda-se que até à vitória eleitoral do Movimento da Resistência Islâmica (Hamas), o presidente Abbas excluía a alternativa de um Estado independente com fronteiras temporárias e exigia o reinício das negociações de paz, interrompidas desde Janeiro do 2001, para alcançar um acordo definitivo com Israel.
A proposta israelita parece ser inspirada pelo Quarteto de Madrid para o Médio Oriente, cujo representante, Marco Otte, terá proposto a Israel o desmantelamento de colonatos judaicos isolados da Cisjordânia em coordenação com a ANP.
De acordo com o Haaretz, o Quarteto daria ao presidente Abbas garantias internacionais de que as linhas para onde recuar o exército israelita na Cisjordânia, que ocupa desde a guerra de 1967, não serão a fronteira definitiva do futuro Estado palestiniano.
O título do Yediot Aharonot, diário de grande tiragem - «Tragédia na praia de Gaza» - não chega no entanto para ilustrar a dimensão do crime perpetrado: onze palestinianos mortos, todos civis, incluindo crianças, e dezenas de feridos, na sequência de cinco ataques aéreos, um dos quais lançado a partir do mar.
A praia estava cheia de famílias por ser feriado em Gaza, pelo que a matança só pode ter sido deliberada.
O caso de Huda, que perdeu o pai, a mãe e três irmãos (de um ano e meio, três e 10 anos), não pode ser visto como acidental. E tanto assim é que, apesar da manifestação em frente da casa do primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, encabeçada por uma das filhas do chefe do Executivo, aviões israelitas voltaram a bombardear Gaza nos últimos dias, matando mais de uma dezena de palestinianos.
«Não há dúvida de que o sucedido em Gaza foi um massacre sangrento contra o nosso povo, os nossos civis, sem nenhuma espécie de discriminação», afirmou o presidente Abu Mazen, que exortou a «comunidade internacional, o Conselho de Segurança da ONU e o Quarteto (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU) a pôr fim à política de assassinatos de Israel».
Um apelo com poucas probabilidades de ser ouvido, já que Washington reagiu de imediato, não para condenar o ataque à praia de Al-Sudania, mas para dizer compreender «o direito à defesa» de Israel.
O braço armado do Hamas também reagiu, anunciando o fim da trégua que mantinha há cerca de ano e meio e prometendo retaliar.
Israel acusa Hamas
O exército israelita anunciou entretanto não ser responsável pela matança de Gaza. Um inquérito militar dirigido pelo general Meir Klifi e realizado em tempo recorde, conclui, segundo notícias divulgadas anteontem, terça-feira, que os palestinianos mortos na praia de Gaza foram vítimas da explosão de uma bomba ou de uma mina colocada na praia pelo movimento islamita Hamas para frustrar eventuais desembarques da marinha de Israel.
Segundo os serviços secretos israelitas, citados pela Lusa, o Hamas teria tomado aquelas disposições nas últimas semanas, na sequência de informações que davam conta da infiltração, na Faixa de Gaza, de unidades militares especiais israelitas a operar contra activistas envolvidos no disparo de foguetes Qassam.
A comissão, refere a imprensa, chegou a esta conclusão após ter visionado imagens de televisões árabes e reunido um certo número de provas, como os estilhaços encontrados em três dos palestinianos feridos pela explosão e tratados em Israel. As notícias dão ainda conta de que as fotografias aéreas da cratera aberta pela explosão na praia não correspondem ao impacto de um projéctil, mas sim de uma bomba ou de uma mina.
«Fronteiras provisórias»
O diário israelita Haaretz informou anteontem que o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, vai propor ao presidente palestiniano, Mahmud Abbas, a criação de um Estado independente com «fronteiras provisórias» em Gaza e em 90 por cento da Cisjordânia.
Segundo o articulista Akiba Eldar, citado pela Agência Lusa, a proposta representa a renúncia de Olmert ao plano para fixar unilateralmente as fronteiras entre Israel e a Palestina, que ficariam assim sujeitas a futuras negociações.
As fronteiras provisórias estender-se-iam ao longo do «muro racista», como lhe chamam os palestinianos, que Israel está a construir na Cisjordânia em território da Palestina, reservando para si o controlo do vale do Jordão.
A ministra dos Negócios Externos israelita, Tzipi Livni, justificou a proposta alegando que «actualmente o presidente Abbas não é parceiro para negociar um acordo final de paz, mas pode sê-lo para outros ajustamentos de base das várias fases do processo proposto pelo Roteiro para a Paz».
Segundo Livni, o estabelecimento de um Estado palestiniano com fronteiras provisórias seria «um compasso de espera com vista a um acordo final» de paz.
Recorda-se que até à vitória eleitoral do Movimento da Resistência Islâmica (Hamas), o presidente Abbas excluía a alternativa de um Estado independente com fronteiras temporárias e exigia o reinício das negociações de paz, interrompidas desde Janeiro do 2001, para alcançar um acordo definitivo com Israel.
A proposta israelita parece ser inspirada pelo Quarteto de Madrid para o Médio Oriente, cujo representante, Marco Otte, terá proposto a Israel o desmantelamento de colonatos judaicos isolados da Cisjordânia em coordenação com a ANP.
De acordo com o Haaretz, o Quarteto daria ao presidente Abbas garantias internacionais de que as linhas para onde recuar o exército israelita na Cisjordânia, que ocupa desde a guerra de 1967, não serão a fronteira definitiva do futuro Estado palestiniano.