Nova ameaça recai sobre os palestinianos

Mira apontada para Gaza

Israel está a preparar uma acção militar de grande envergadura contra a Faixa de Gaza depois do confronto entre palestinianos e o exército israelita em Telem, do qual resultaram quatro mortos e um sequestrado.

«Familiares exigem libertação de todos os presos palestinianos»

«Dei ontem ordem ao comandante militar para preparar as nossas forças para uma operação militar de grande envergadura e de longa de duração», revelou, segunda-feira, o primeiro-ministro israelita. A afirmação de Ehud Olmert confirma que Tel Avive se apresta para fazer regressar os combates à Faixa de Gaza, o pior dos cenários possíveis para a população do território que há meses se vê privada dos mais elementares meios e géneros em resultado do embargo de fundos decretado pelos EUA e a UE contra a Autoridade Nacional Palestiniana e o governo liderado pelo Hamas.
A abertura de mais um página na longa crise israelo-palestiniana surge na sequência dos confrontos de domingo entre militantes palestinianos e soldados israelitas num posto fronteiriço de Gaza, do qual resultaram quatro mortos, dois de ambos os lados, seis feridos e o sequestro de um soldado israelita.
Olmert justificou o recurso bélico com a necessidade de «atingir todos os envolvidos no rapto, onde quer que estejam», disse, aproveitando a ocasião para lançar acusações em todas as direcções, responsabilizando directamente pelo sucedido quer o presidente da ANP, Mahmud Abbas, quer o chefe do executivo, Ismail Haniyeh.
Fontes citadas por agências internacionais afirmam que a decisão do responsável israelita tem a cobertura da UE e dos EUA. As mesmas fontes garantem que diplomatas egípcios já iniciaram as conversações com o grupo de raptores, mas ninguém assegura que Israel não aproveite a situação para golpear o povo palestiniano invadindo novamente a Faixa de Gaza. Centenas de soldados de infantaria e de unidades mecanizadas do exército de Israel já se encontram mobilizados e com a mira apontada para a Palestina.

Organizações querem troca de presos

Entretanto, Mahmud Abbas apelou ao comando palestiniano que mantém refém um soldado israelita para que o liberte de imediato por forma a evitar uma reacção de força por parte de Israel. Abbas exigiu ainda ao primeiro-ministro Haniyeh e ao ministro do Interior, Said Siam, para que ordenem uma busca «casa a casa», a começar pelas cidades de Rafah e Khan Yunis.
Opinião contrária à do presidente da ANP expressaram os Comités de Resistência Popular, estrutura que reivindicou o rapto e é tida como afecta ao Hamas, as Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, grupo alegadamente ligado à Fatah, e as organizações dos familiares dos presos palestinianos.
Em comunicados autónomos enviados aos órgão de comunicação social, os dois primeiros pretendem condicionar a libertação do soldado à negociação do regresso a casa das «mulheres e menores presos nos cárceres de Israel», ao passo que os segundos vão mesmo mais longe e, em conferência de imprensa convocada para Ramalah, exigiram que todos os activistas palestinianos detidos por Israel sejam imediatamente libertados.
Acresce que os grupos armados lembraram que a operação levada a cabo não se tratou de uma tentativa de reacendimento do conflito, mas tão somente de uma acção de represália contra os ataques que a aviação israelita efectuou nas últimas semanas sobre Gaza matando mais de vinte civis, entre os quais crianças, e um dos mais destacados dirigentes dos Comités Populares, Jamal Abu Samhadana.

A «mão amiga» dos EUA

A preceder a escalada da violência, o Senado norte-americano aprovou, no final da semana passada, o bloqueio de todos os fundos destinados à ANP até que esta reconheça formalmente o Estado de Israel. Não se conhece posição semelhante da administração dos EUA relativamente ao reconhecimento por parte de Israel do Estado palestiniano.
O projecto agora aprovado será ainda sujeito a conciliação com um anterior proveniente da Câmara dos Representantes, cujo além de incluir no embargo o «auxílio humanitário», mesmo o prestado por ONG’s, nega os vistos de entrada em território americano a funcionários da ANP filiados no Hamas e proíbe a abertura de uma secção de interesses da Palestina em Washington.


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