
- Nº 1710 (2006/09/7)
Exposição e brigadas de contacto
À conversa com a JCP
Festa do Avante!
Toda a intervenção da JCP é política, mas há momentos mais marcadamente políticos do que outros. É o caso da exposição da Cidade da Juventude e das brigadas de contacto que vão conversando com os jovens visitantes da Festa.
Este ano, a exposição aborda o 8.º Congresso da JCP (realizado em Maio, em Gaia), os ataques aos jovens trabalhadores e aos estudantes e as respectivas lutas, a solidariedade internacionalista, o Encontro Nacional do Ensino Secundário e a Conferência Nacional do Ensino Superior, ambos marcados para 18 de Novembro.
A exposição mostra o presente e o futuro da JCP. Nas palavras de Diogo Vasconcelos, a actividade da organização está aqui reflectida. «Por isso também está a luta da juventude, contra as políticas do Governo, no plano da educação e do trabalho. Por estarmos na Festa do Avante! e por contactarmos aqui com muitas pessoas que muito dificilmente contactaríamos, este é um espaço privilegiado de afirmação», refere o dirigente.
Esta exposição é um ponto de chegada, mas sobretudo um ponto de partida. «A Festa coincide com o início das aulas e com o regresso ao trabalho. Damos a conhecer a JCP para recrutar mais jovens. Não há melhor maneira de começar o ano que temos pela frente. Além disso, contribui para a formação política e permite o contacto com uma série de bandeiras e de lutas da JCP», diz Diogo.
Cara a cara
Os 30 anos da aprovação da Constituição da República foi o tema deste ano das brigadas de contacto da JCP. Grupos de quatro militantes circulam pela Atalaia e metem conversa com jovens visitantes, dando esclarecimentos e divulgando as posições dos comunistas.
Maria João Antunes, de Évora, participou pela primeira vez nas brigadas na noite de sexta-feira. «É uma tarefa gratificante, porque ganhamos empedância para outras coisas, discutimos, percebemos... É preciso ter um bocadinho de lata para começar as conversas, mas vamos em grupo e os mais tímidos vão ficando à vontade aos poucos», conta.
As duas horas que dura cada brigada não permite conversar com muita gente. «Falamos com seis, dez pessoas porque entramos em discussão. Podemos não fazer recrutamentos, mas a malta fica a pensar no que dissemos e se calhar inscrevem-se na próxima distribuição que houver na sua escola», diz Maria João.
Muitas vezes, estas conversas põem as pessoas a pensar em coisas que nunca pensaram. «Muitos não sabiam que existia apoio ao arrendamento jovem nem que o Governo pretende acabar com isso, argumentando que não ajuda o mercado imobiliário. É uma questão social, não é uma questão comercial ou económica», defende a militante, lembrando que o PCP apresentou uma proposta no Parlamento para que nenhum jovem dispenda mais de 20 por cento do seu salário com a renda.
O tema mais polémico das brigadas de contacto foi a guerra. «Mas acho que conseguimos mostrar que a Constituição define que Portugal se deve reger pelo princípio da não ingerência, que não pode mandar tropas para o extrangeiro nem pode ajudar os americanos a invadir países, a transformar nações independentes em novas colónias. A lei define isto. A maior parte das pessoas não sabia. Aliás, não tem noção de como a Constituição é avançada e progressista.»
A duração da jornada de trabalho foi também abordada. «Há empresas que não respeitam as 40 horas semanais, porque o Código do Trabalho lhes dá uma manobra para porem os trabalhadores a trabalhar 12 horas por dia. Quando encontrávamos pessoas nestas circunstâncias, diziam-nos que assim ganham mais e que precisam dos 500 euros que assim conseguem para pagar a casa. Temos de explicar que isto só se resolve pela luta, que não é justo, que a empresa se está a apropriar da mais-valia», diz Maria João.
Outro tema comum é o da militância. «A maior parte dos jovens não percebe o que é a militância», considera. «Não fazem a mínima ideia que a Festa é construída por militância, por trabalho voluntário. Mas acho que ao fim de algum tempo, a malta começa a entender e a gostar do que está a ouvir», acrescenta.