Sindicatos da Administração Pública acusam

Governo quer «despachar»

O executivo do PS pretende consumar as alterações a vínculos, carreiras e remunerações, o mais depressa possível, para impedir os sindicatos de ouvirem os trabalhadores.

Serão muito graves as con­sequên­cias para toda a po­pu­lação

À saída do encontro, dia 24, em que foram debatidos os diplomas sobre Acção Social Complementar e a nova orgânica dos Serviços Sociais da Administração Pública, no Ministério das Finanças, com o secretário de Estado da Administração Pública, a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (FCSAP), Ana Avoila, acusou o Governo, em declarações à Lusa, de tentar «despachar a correr, as negociações» para impedir que os trabalhadores tomem posição.
A discussão «não tem em conta o tempo necessário para podermos discutir e negociar matérias fundamentais que levaram 30 anos a construir», afirmou, salientando que estão em causa «muitas matérias graves».
A Frente Comum exige a salvaguarda do vínculo público, rejeita a precariedade no emprego e a instabilidade nas carreiras, considerando que todos os trabalhadores devem estar em igualdade de circunstâncias. A actualização salarial anual, a manutenção dos quadros de pessoal, a desburocratização dos concursos e uma actualização das carreiras «sem abrir espaço à polivalência de funções», mantendo-se o mesmo modelo, são propostas de que a FCSAP não abdica.

Mais in­se­gu­rança

A estrutura sindical rejeita o fim das progressões automáticas, a generalização do contrato individual de trabalho, os tectos máximos para aumentos e promoções, a coincidência com o sector privado nos regimes de horários, férias e faltas e a possibilidade de cessação do vínculo laboral por ter classificação de mau desempenho, que o Governo pretende aplicar.
No dia 23, a FCSAP reiterou, em comunicado, os princípios que considera fundamentais para que constem nos diplomas em apreciação sobre Acção Social Complementar e a nova orgânica dos Serviços Sociais da Administração Pública.
A manutenção dos benefícios e o seu alargamento a todos os trabalhadores, aposentados e familiares, seja qual for o seu vínculo à Administração Pública, a adopção de medidas que compensem o agravamento da situação dos trabalhadores e dos aposentados, em resultado da insegurança e da desregulamentação provocadas pelas decisões políticas e a garantia de emprego compatível para os 605 trabalhadores previstos para integrar nos novos Serviços Sociais, são os outros princípios enunciados.

Pi­ores ser­viços

Com as medidas do Governo ficarão agravadas as condições de atendimento nos serviços do Estado, avisou a FCSAP.
Ao lembrar que a privatização de serviços «fará subir os custos», a Frente Comum denuncia a intenção do Governo de se desresponsabilizar da prestação de serviços públicos – contrariando a Constituição da República -, de reduzir os salários e as pensões, agravar as condições de aposentação, eliminar o vínculo de emprego público generalizando o contrato individual, extinguir o regime de carreiras e os quadros de pessoal, implementar o despedimento sem justa causa e a precariedade com aumentos dos horários de trabalho e diminuir significativamente o número de trabalhadores.


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