Uma questão antiga que se agrava
A questão fundamental que se coloca ao desenvolvimento desportivo do nosso País é a de se saber como, nas actuais condições, o desporto é capaz de fornecer uma contribuição realmente positiva para a formação das crianças e dos jovens, se integra no processo de formação permanente no tempo livre de todos, se estrutura como uma componente autêntica da vida cultural e constitui um factor fundamental de manutenção e melhoria da saúde. É uma questão antiga mas que infelizmente, se coloca cada vez mais com maior acuidade no presente.
De facto, passada uma primeira fase de incompreensão do significado do desporto como fenómeno social, seria natural esperar-se uma alteração da atitude geral perante esta questão. Sobretudo por parte das chamadas «entidades oficiais», ou seja, pelo Poder Político.
Ainda que em grau pouco elevado, essa mudança de atitude deu-se na opinião pública. Mas a política de descomprometimento do Estado e a crise global que se vive, impediram que ela tivesse as repercussões práticas que seriam possíveis e desejáveis. Mais de trinta anos depois do 25 de Abril de 1974, o Orçamento de Estado atribuiu ao desporto cerca de um quarto das verbas que lhe couberam nos orçamentos de 1975 e 1976.
Desta forma, muitos dos problemas subsistem: Como conceber e realizar na escola uma educação física verdadeiramente moderna, capaz de responder às necessidades dos alunos de todos os graus de ensino, acabando especialmente com esse autêntico escândalo nacional (que ninguém valoriza devidamente) que se verifica no 1.º Ciclo do Ensino Básico? Como estruturar um autêntico desporto escolar, explorando todas as potencialidades desta importante actividade na formação global nos jovens? Como possibilitar que o desporto se integre na vida dos bairros e das aldeias, no plano local?
Como garantir que o desporto passe a desempenhar o papel que deve ser o seu no processo do indispensável aumento da produtividade dos trabalhadores portugueses?
Como garantir que o desporto possa vir a desempenhar o papel que lhe deve caber no tempo livre de todos? Como estabelecer relações de um novo tipo entre a escola e o clube, de modo a que se rendibilizem estruturas e se garanta a passagem harmoniosa de uma instituição para a outra? Como tornar realidade a prática desportiva na vida dos jovens trabalhadores que abandonam precocemente a escola? Como enfrentar e resolver a crise do associativismo e dar vida ao clube, essa estrutura essencial para o desenvolvimento desportivo? Como criar condições para que os idosos, os deficientes, as mulheres e todos aqueles que estão segregados desta actividade, passem a ter acesso a ela? Como dignificar as equipas nacionais e apoiar, realmente, os mais dotados para poderem chegar aos níveis mais elevados da prática? Como garantir o indispensável controle médico de todos os praticantes? Como promover o espectáculo desportivo transformando-o num factor de formação cultural festiva, em lugar de continuar a constituir um factor de alienação de vastas massas populares, dando origem a fenómenos cujo carácter em nada dignificam o indivíduo, a sociedade e o próprio desporto?
Estas são algumas das questões de base de uma política desportiva dirigida a todos. Infelizmente, receberam da parte dos responsáveis estatais uma resposta muito pouco satisfatória, se não mesmo de sinal contrário, e, por isso, incapaz de estruturar soluções adequadas às exigências do nosso tempo.
Mas colocar a questão neste pé não será puro irrealismo? Perante a gravidade da situação será justo esperar-se que um dia (quando?), um número significativo (a maioria) daqueles que integram os meios populares, possam aceder a qualquer tipo de prática?
Com efeito, as necessidades têm crescido de uma forma extremamente rápida e as respostas fornecidas são de tal forma débeis, que é fácil cair numa atitude de cepticismo. No entanto, as transformações do mundo económico, as modificações no modo de vida, as novas características do tempo livre, o prolongamento do tempo da escolaridade, o «reordenamento» espacial do País, impõem que se definam novas respostas. Porém, a atitude dos governos e de muitos dirigentes bem instalados no interior do Sistema Desportivo impede activamente que elas se estruturem.
Tudo isto significa que o fosso que nos separa do resto da Europa se aprofunda permanentemente. Os próprios números oficiais demonstram-no quando por exemplo, comparamos a evolução dos praticantes espanhóis e franceses com a dos praticantes portugueses. Neste momento há países da Europa em que a percentagem referida à totalidade da população é de tal modo superior à nossa (por ex. a Finlândia com 90%, a França que quase quadruplicou o número de praticantes federados em menos de 20 anos, etc.) que se torna uma realidade pouco compreensível por todos nós.
De facto, passada uma primeira fase de incompreensão do significado do desporto como fenómeno social, seria natural esperar-se uma alteração da atitude geral perante esta questão. Sobretudo por parte das chamadas «entidades oficiais», ou seja, pelo Poder Político.
Ainda que em grau pouco elevado, essa mudança de atitude deu-se na opinião pública. Mas a política de descomprometimento do Estado e a crise global que se vive, impediram que ela tivesse as repercussões práticas que seriam possíveis e desejáveis. Mais de trinta anos depois do 25 de Abril de 1974, o Orçamento de Estado atribuiu ao desporto cerca de um quarto das verbas que lhe couberam nos orçamentos de 1975 e 1976.
Desta forma, muitos dos problemas subsistem: Como conceber e realizar na escola uma educação física verdadeiramente moderna, capaz de responder às necessidades dos alunos de todos os graus de ensino, acabando especialmente com esse autêntico escândalo nacional (que ninguém valoriza devidamente) que se verifica no 1.º Ciclo do Ensino Básico? Como estruturar um autêntico desporto escolar, explorando todas as potencialidades desta importante actividade na formação global nos jovens? Como possibilitar que o desporto se integre na vida dos bairros e das aldeias, no plano local?
Como garantir que o desporto passe a desempenhar o papel que deve ser o seu no processo do indispensável aumento da produtividade dos trabalhadores portugueses?
Como garantir que o desporto possa vir a desempenhar o papel que lhe deve caber no tempo livre de todos? Como estabelecer relações de um novo tipo entre a escola e o clube, de modo a que se rendibilizem estruturas e se garanta a passagem harmoniosa de uma instituição para a outra? Como tornar realidade a prática desportiva na vida dos jovens trabalhadores que abandonam precocemente a escola? Como enfrentar e resolver a crise do associativismo e dar vida ao clube, essa estrutura essencial para o desenvolvimento desportivo? Como criar condições para que os idosos, os deficientes, as mulheres e todos aqueles que estão segregados desta actividade, passem a ter acesso a ela? Como dignificar as equipas nacionais e apoiar, realmente, os mais dotados para poderem chegar aos níveis mais elevados da prática? Como garantir o indispensável controle médico de todos os praticantes? Como promover o espectáculo desportivo transformando-o num factor de formação cultural festiva, em lugar de continuar a constituir um factor de alienação de vastas massas populares, dando origem a fenómenos cujo carácter em nada dignificam o indivíduo, a sociedade e o próprio desporto?
Estas são algumas das questões de base de uma política desportiva dirigida a todos. Infelizmente, receberam da parte dos responsáveis estatais uma resposta muito pouco satisfatória, se não mesmo de sinal contrário, e, por isso, incapaz de estruturar soluções adequadas às exigências do nosso tempo.
Mas colocar a questão neste pé não será puro irrealismo? Perante a gravidade da situação será justo esperar-se que um dia (quando?), um número significativo (a maioria) daqueles que integram os meios populares, possam aceder a qualquer tipo de prática?
Com efeito, as necessidades têm crescido de uma forma extremamente rápida e as respostas fornecidas são de tal forma débeis, que é fácil cair numa atitude de cepticismo. No entanto, as transformações do mundo económico, as modificações no modo de vida, as novas características do tempo livre, o prolongamento do tempo da escolaridade, o «reordenamento» espacial do País, impõem que se definam novas respostas. Porém, a atitude dos governos e de muitos dirigentes bem instalados no interior do Sistema Desportivo impede activamente que elas se estruturem.
Tudo isto significa que o fosso que nos separa do resto da Europa se aprofunda permanentemente. Os próprios números oficiais demonstram-no quando por exemplo, comparamos a evolução dos praticantes espanhóis e franceses com a dos praticantes portugueses. Neste momento há países da Europa em que a percentagem referida à totalidade da população é de tal modo superior à nossa (por ex. a Finlândia com 90%, a França que quase quadruplicou o número de praticantes federados em menos de 20 anos, etc.) que se torna uma realidade pouco compreensível por todos nós.