- Nº 1742 (2007/04/19)
Aniversário do Partido em Odivelas

Encontro fascista é provocação ao 25 de Abril

PCP
Em Odivelas, no domingo, Jerónimo de Sousa considerou provocatório o encontro europeu de organizações juvenis fascistas, que se realiza no próximo sábado em Lisboa.

Jerónimo de Sousa participou, domingo, em Odivelas, num grande almoço comemorativo do 86.º aniversário do Partido. Celebrava-se, portanto, a história e a luta dos comunistas portugueses durante mais de oito décadas. Uma história e uma luta feitas de coragem, abnegação e dedicação. Em vésperas de mais um aniversário do 25 de Abril, respirava-se liberdade e exaltavam-se os mais nobres valores já criados pela humanidade.
Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa acusou o Governo e o Presidente da República pelo seu silêncio sobre uma manifestação de neonazis e neofascistas que ocorrerá em Lisboa depois de amanhã, dia 21. Esta manifestação, sublinhou, realizada a quatro dias de mais um aniversário da Revolução dos Cravos, é uma «provocação ao 25 de Abril e aos democratas» portugueses.
O silêncio dos órgãos políticos mais responsáveis do País perante esta iniciativa fascista revela, no mínimo, uma permissão inaceitável à luz do regime democrático, afirmou Jerónimo de Sousa. O Governo, prosseguiu, está obrigado a respeitar a Constituição, «para já não falar do Presidente da República, que jurou respeitar e defender» a Lei Fundamental. A Constituição da República, no número 4 do artigo 46.º, define expressamente que «não são consentidas (…) organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista».
Em vários órgãos de comunicação social, foi anunciada a realização de uma conferência de organizações juvenis de extrema-direita da Europa a ter lugar em Portugal no dia 21. De Portugal, participa a Juventude Nacionalista, ligada ao Partido Nacional Renovador, que assume a organização do evento.
«Da nossa parte, e cientes da vontade da maioria do povo português, tais forças e tais ideias não podem ter lugar num País e numa sociedade democrática onde a liberdade tenha um valor intrínseco», afirmou.

Roteiro ou mudança política?

Referindo-se às comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio, o secretário-geral do PCP destacou a necessidade de estas serem feitas à luz da «realidade actual» do País. E esta, sustentou, é marcada por uma forte ofensiva contra os direitos sociais dos trabalhadores e das camadas populares.
O PS, realçou Jerónimo de Sousa, comete um erro, ao julgar que «saciando o apetite dos poderosos e fustigando os que menos têm e menos podem, os que vivem do seu trabalho e das suas reformas, da sua pequena empresa ou exploração agrícola, pode governar por muito tempo». Mas engana-se, rematou. No que respeita aos trabalhadores e ao povo, a «paciência tem limites»!
O «Roteiro para a Inclusão» de Cavaco Silva, que fez recentemente um ano, mereceu as críticas do dirigente comunista. Com acções deste género, comentou, sossegam as consciências e «ficam bem na televisão». Mas, frisou, o problema é que enquanto existirem políticas que geram a pobreza não há «roteiros», «programas», «projectos» ou «campanhas» que resolvam o problema da pobreza.
Em Portugal, lembrou o secretário-geral do PCP, um terço dos pobres trabalham, enquanto outro terço são reformados ou pensionistas. E acusou o Governo de promover políticas que aumentam o desemprego, baixam as reformas e os salários, aumentam o custo de vida e as desigualdades. O País precisa é de uma alteração de políticas, afirmou.