Funcionários da Agricultura e Pescas em luta

Sócrates confrontado

Para amanhã à tarde, junto à residência oficial do primeiro-ministro, está convocado um plenário nacional de trabalhadores do Ministério da Agricultura e Pescas, contra a «mobilidade especial» e as suas graves consequências.

Com este «logro» perdem os tra­ba­lha­dores e a eco­nomia na­ci­onal

Foi dos gabinetes do ministro Jaime Silva, sem negociação nem sequer informação aos sindicatos, que saiu uma «reestruturação» que reduz os serviços e ameaça o emprego de mais de três mil funcionários, considerados excedentários por via dos mecanismos da «mobilidade especial».
Para a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, esta decisão do Governo «não representa nenhuma reestruturação séria, racional e fundamentada», mas antes «a vontade de entregar funções a privados e de reduzir as despesas com pessoal, mesmo que isso seja feito à custa do encerramento de serviços, da concentração em detrimento da desconcentração, da paralisação das estruturas por ausência de uma clara atribuição de funções, da destruição do trabalho (designadamente de investigação) produzido ao longo de anos».
Responder a esta ofensiva exige dos trabalhadores que recorram quer à luta jurídica, quer à luta sindical, pelo que, ao mesmo tempo que formalizam as reclamações contra uma eventual colocação nas listas de mobilidade especial, são também chamados a participar em acções de luta – explica a FNSFP/CGTP-IN, em comunicado. A par de iniciativas desencadeadas em vários organismos, a federação apresentou um pré-aviso de greve para todo o dia de amanhã, de forma a permitir que trabalhadores de todo o País possam deslocar-se a Lisboa, para o plenário, às 15 horas.
Apelando a «uma forte tomada de posição, por parte de todos aqueles que querem defender a estabilidade de emprego na Função Pública e um Ministério com serviços de qualidade», a federação salienta que «esta reestruturação é um logro, que só traz prejuízo para os trabalhadores do Ministério e para a agricultura nacional».
O «aviltante processo» da mobilidade especial pode levar à licença sem vencimento, depois de um período de perda parcial de remuneração, mas os trabalhadores que estão em regime de contrato individual de trabalho «poderão ser confrontados com o despedimento puro e simples», alerta a federação.
A FNSFP anunciou para anteontem o início de uma campanha nacional, inserida neste processo de luta, que tem expressão na afixação de faixas junto aos principais organismos em todo o País.

Dis­pensa
com in­su­fi­ci­ência

A Por­taria N.º 379/​2007, dos mi­nis­té­rios das Fi­nanças e da Agri­cul­tura, abriu na se­mana pas­sada um con­curso para aqui­sição de ser­viços de im­pressão, en­ve­lo­pagem e ex­pe­dição de do­cu­mentos, a prestar ao Ins­ti­tuto de Fi­nan­ci­a­mento da Agri­cul­tura e Pescas, in­vo­cando que tal ne­ces­si­dade se deve, no­me­a­da­mente, a «in­su­fi­ci­ência de re­cursos hu­manos» da­quele or­ga­nismo – re­velou a FNSFP.
Ora, re­para a fe­de­ração, o IFAP (re­sul­tado da fusão do INGA com o IFADAP) pre­para-se para dis­pensar um nú­mero ainda não de­ter­mi­nado de tra­ba­lha­dores, pro­va­vel­mente nunca in­fe­rior a 30 por cento dos efec­tivos ac­tuais.
Antes de de­ci­direm esta compra de ser­viços, no valor de um mi­lhão e 350 mil euros, nem o IFAP, nem os mi­nis­tros das Fi­nanças e da Agri­cul­tura se pre­o­cu­param em pre­en­cher as «in­su­fi­ci­ên­cias de pes­soal» com tra­ba­lha­dores de ou­tros or­ga­nismos do Mi­nis­tério, que estão a ser dis­pen­sados, afirma ainda a fe­de­ração, con­cluindo que, «com mais este caso, fica pro­vado que a este Go­verno só in­te­ressou re­duzir o nú­mero de tra­ba­lha­dores da Função Pú­blica e pri­va­tizar ser­viços».


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