O primeiro-ministro sérvio, Vojislav Kostunica, deslocou-se a Lisboa, segunda-feira, para um encontro com o seu homólogo José Sócrates, presidente em exercício da União Europeia. O objectivo central da reunião pedida pelo dirigente sérvio foi transmitir de viva voz a posição de Belgrado quanto ao estatuto da província do Kosovo, matéria que voltou anteontem ao centro do debate nas Nações Unidas.
Em conferência de imprensa após o diálogo com Sócrates - cujo apoio ao plano de independência do Kosovo apresentado pelo representante da ONU, Martii Ahtisaari, foi já expresso -, Kostunica reiterou que «a Sérvia não vai aceitar abdicar de 15% do seu território» e defendeu, em contraposição aos EUA e à UE, um estatuto baseado em «mais autonomia».
O governante sérvio manifestou-se ainda contra a manutenção da NATO naquela fracção do território, situação que se manteria, explicou, mesmo que Belgrado cedesse e aceitasse a declaração de soberania do Kosovo.
Sobre a eventual aplicação de sanções à Servia pelo facto do país rejeitar o plano Ahtisaari, nomeadamente a recusa da adesão da nação ao espaço comum europeu, Kostunica reconheceu que «há políticos que falam sobre isso» mas destacou que «a questão não pode ser colocada desta forma», até porque, tal seria «indecente», concluiu.
O líder do governo da Sérvia estará até ao final desta semana em périplo por vários países membros da UE com o intuito de os convencer a aceitarem um solução intermédia para a província do Kosovo, ocupada por uma força de intervenção internacional desde os bombardeamentos contra a ex-Jugoslávia em 1999.