Rendido
Para os que se julgavam a salvo das investidas de Prado Coelho, porque poupados por algum tempo nas suas crónicas às elucubrações políticas do costume, o engano durou pouco. A sua aversão ao progresso, e sobretudo a sua rendição às teses do capital, é mais forte do que a sua teimosa, ainda que louvável, persistência e esforço para tentar discorrer pelos intervalos da cultura. Coisa que, admita-se, com mais ou menos acerto o põe a coberto do aforismo popular da cavadela e correspondente minhoca a que inevitavelmente se sujeita sempre que da política se aproxima.
Fascinado pelo neologismo, Prado revela-se rendido à «flexisegurança» e às virtudes que a coisa teria para o desenvolvimento económico do país. Para que não restem dúvidas sobre onde e com quem está, não se vá dar o caso de vir a ser considerado descartável no papel que lhe atribuíram, Prado não hesita em citar elogiosamente Carrapatoso e o Compromisso Portugal e verberar com os preconceitos do costume Jerónimo de Sousa e o PCP. Com as limitações que se lhe reconhecem, as teses que sustenta dificilmente seriam diversas das que os principais representantes do grande capital defendem: flexibilidade das leis de trabalho e precarização do emprego. Registe-se que apresentadas, ainda que sem sucesso, com aquele toque de intelectualidade que estoicamente se esforça por alcançar. Não falta mesmo uma referência a Negri, apresentado como um radical de extrema esquerda, para sustentar a ideia que perante o tema «entre esquerda e direita nem tudo é linear».
Posta de lado a dificuldade do autor, avesso que será por força de um pensar tortuoso à linearidade da coisa, em distinguir a esquerda da sua direita reconheça-se que Prado não hesita em situar-se perante o tema. Tudo para ele se resumirá a uma inevitável condenação de todos quantos trabalham a se renderem à ideia de «para resistir à globalização desistirem de um trabalho para toda a vida e aceitar a flexisegurança». Sentença tão mais cómoda quanto quem a profere fala com a segurança de quem pelo trabalho a que se presta tem, pela módica contraprestação de se ter rendido aos interesses do grande capital, futuro e rendimento para toda a vida.
Fascinado pelo neologismo, Prado revela-se rendido à «flexisegurança» e às virtudes que a coisa teria para o desenvolvimento económico do país. Para que não restem dúvidas sobre onde e com quem está, não se vá dar o caso de vir a ser considerado descartável no papel que lhe atribuíram, Prado não hesita em citar elogiosamente Carrapatoso e o Compromisso Portugal e verberar com os preconceitos do costume Jerónimo de Sousa e o PCP. Com as limitações que se lhe reconhecem, as teses que sustenta dificilmente seriam diversas das que os principais representantes do grande capital defendem: flexibilidade das leis de trabalho e precarização do emprego. Registe-se que apresentadas, ainda que sem sucesso, com aquele toque de intelectualidade que estoicamente se esforça por alcançar. Não falta mesmo uma referência a Negri, apresentado como um radical de extrema esquerda, para sustentar a ideia que perante o tema «entre esquerda e direita nem tudo é linear».
Posta de lado a dificuldade do autor, avesso que será por força de um pensar tortuoso à linearidade da coisa, em distinguir a esquerda da sua direita reconheça-se que Prado não hesita em situar-se perante o tema. Tudo para ele se resumirá a uma inevitável condenação de todos quantos trabalham a se renderem à ideia de «para resistir à globalização desistirem de um trabalho para toda a vida e aceitar a flexisegurança». Sentença tão mais cómoda quanto quem a profere fala com a segurança de quem pelo trabalho a que se presta tem, pela módica contraprestação de se ter rendido aos interesses do grande capital, futuro e rendimento para toda a vida.