NA PRIMEIRA LINHA
«Nós estaremos lá, na primeira linha de combate»
Dos tempos do fascismo, das suas perseguições e assassinatos, do obscurantismo e da censura, da hipocrisia, do engordar dos ricos e da miséria do povo, das manobras intimidatórias sobre os trabalhadores, dos monopólios e dos latifúndios, da subserviência ao imperialismo e das guerras levadas a cabo nas então colónias, dos guerrilheiros torturados e assassinados, dos soldados mortos, de todo o rol de horrores que se prolongou por quase meio século, de tudo isso são os comunistas a possuir a memória mais viva. Não só porque foram os mais ferozmente perseguidos, torturados e assassinados. Mas também porque foram, lutando, os que representaram, no plano político, as aspirações da grande maioria dos portugueses, os que estiveram à frente da batalha que um dia de Abril, há trinta e três anos, derrubou um regime odiado, e se bateram consequentemente pela revolução democrática.
Por tudo isso e porque a memória nos não engana, consideramos que não teria sentido nem rigor chamar fascista a Sócrates e fascismo ao regime democrático que ele e os seus aliados objectivos, os seus patrões e os seus serventuários, pretendem desfigurar, para não chamar outra coisa aos ataques contra a democracia que o Governo do PS desfere.
O facto de se somarem – agora vertiginosamente – os ataques contra liberdades e direitos, contra trabalhadores e populações, entregando a um punhado de capitalistas o que é do Estado e, consequentemente, o que é de todos (se quisermos ler bem a Constituição da República), não chega para classificarmos de fascistas os detentores de um poder, mesmo que seja usado à revelia dos compromissos assumidos com o povo.
Entretanto, e porque a luta de classes se agudiza e se revelou desde o início difícil, e hoje se mostra cada vez mais difícil ao Governo prosseguir na senda dos malefícios sem que defronte o protesto dos trabalhadores e do povo, o Governo PS e o seu chefe vêm mostrando sinais carregados de impaciência. Sócrates vem perdendo a face democrática para enveredar por uma despudorada intolerância antidemocrática e mostrar abertamente o seu carácter anticomunista.
Os acontecimentos dos últimos dias são, quanto a isso, paradigmáticos. O chefe do Governo, que prossegue com denodo e demagogia as suas operações de propaganda, foi a Montemor-o-Velho e irritou-se com o protesto que o esperava. Os trabalhadores que o aguardavam viram-se cercados e isolados por elementos das forças de segurança, decerto com ordens superiores, de um grupo de gente que aplaudia o primeiro-ministro e foi-lhes roubado um cartaz em que exprimiam democraticamente o seu protesto.
Mas, para Sócrates, o protesto democrático é intolerável e as coisas só funcionam quando uma empresa de casting lhe assegura grupos de crianças cujos pais acedem, por dinheiro, a fornecerem o ambiente venerador e obrigado de «portugueses agradecidos».
Para Sócrates, democrático é o aplauso, ilegítimos são os protestos. Quem não está com ele, contra ele está. Por isso apelida de insultos os protestos. E o chefe do Governo não se detém sobre quem pretende atingir. Ao ser perguntado sobre o que teria a dizer acerca das posições dos professores que em massa contestam a sua política, tentou separar os profissionais do ensino das suas organizações representativas. E, em farronca, «desafia» os comunistas, a quem acusa de estarem por «detrás» dos activistas sindicais, de serem os organizadores e mobilizadores destas «manifestaçõezinhas», a «marcar» mais uma para a Covilhã...
Fraca manobra apelidar de «manifestaçõezinhas» os sinais de um protesto que alastra a todo o País. Reveladora, porém, do nervosismo que se apodera de Sócrates e da sua falta de visão e de prática democráticas.
O desafio foi acompanhado, porém, por mais uma iniciativa que, desta vez, assumiu os aspectos sombrios de um grave atentado aos direitos democráticos. Pela primeira vez depois do 25 de Abril, a polícia à paisana entra num sindicato e, sem mandado judicial que a acompanhe, leva consigo documentos de informação, numa operação que o Sindicato dos Professores da Região Centro apelida de «clara violação dos direitos, liberdades e garantias e das instituições democráticas».
Se o primeiro-ministro pretendeu intimidar os trabalhadores e as populações, apelando ao anticomunismo que a ideologia dominante pretende implantar na consciência de toda a sociedade, é intenção votada ao fracasso.
Comentando os disparates e a arrogância de Sócrates, Jerónimo de Sousa, que lhe denunciou a confusão entre «o direito de manifestação e o insulto», e lembrando a amplidão dos protestos em todo o País, assinalou que, se tais protestos viessem todos de comunistas, seria sinal de que o PCP teria a maioria absoluta nas próximas eleições.
«Pode o primeiro-ministro fazer as acusações que quiser», disse o Secretário-geral do PCP no convívio com centenas de pessoas no Entroncamento. «Nós estaremos lá, na primeira linha de combate.»
Trata-se, efectivamente de uma muito extensa linha de combate, em que os comunistas não estão sós. Como será inequivocamente demonstrado já no próximo dia 18 de Outubro na grande jornada convocada e organizada pela CGTP-IN. Porque procuram dar corpo e resposta política às aspirações das mais amplas massas de trabalhadores e das populações. Em defesa do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública. Do emprego com direitos e contra o desemprego e a precariedade. Em defesa dos pequenos agricultores e dos pequenos empresários. De todos os que aspiram a uma maior justiça social e que pretendem que as liberdades democráticas sejam respeitadas. Por isso mesmo, cada vez mais gente se reconhece nos valores do PCP, lhe reconhece o papel que politicamente lhe cabe na democracia portuguesa em prol de um Portugal com futuro.
Por isso mesmo, o Partido continua a reforçar-se, como neste fim-de-semana mais uma vez foi demonstrado com mais uma inauguração de um Centro de Trabalho em Tomar, que se segue à abertura do CT de Albufeira, na semana passada.
Um Partido que não se limita ao protesto por mais amplo que seja. E que avança com propostas nas instituições em que participa, como as que fará na Assembleia da República, saídas das jornadas parlamentares que noticiamos. E também com aquelas que, em Novembro, fruto do labor intenso dos comunistas e dos seus amigos, sairão da próxima Conferência Nacional sobre questões económicas e sociais que todo o Partido debate.
Por tudo isso e porque a memória nos não engana, consideramos que não teria sentido nem rigor chamar fascista a Sócrates e fascismo ao regime democrático que ele e os seus aliados objectivos, os seus patrões e os seus serventuários, pretendem desfigurar, para não chamar outra coisa aos ataques contra a democracia que o Governo do PS desfere.
O facto de se somarem – agora vertiginosamente – os ataques contra liberdades e direitos, contra trabalhadores e populações, entregando a um punhado de capitalistas o que é do Estado e, consequentemente, o que é de todos (se quisermos ler bem a Constituição da República), não chega para classificarmos de fascistas os detentores de um poder, mesmo que seja usado à revelia dos compromissos assumidos com o povo.
Entretanto, e porque a luta de classes se agudiza e se revelou desde o início difícil, e hoje se mostra cada vez mais difícil ao Governo prosseguir na senda dos malefícios sem que defronte o protesto dos trabalhadores e do povo, o Governo PS e o seu chefe vêm mostrando sinais carregados de impaciência. Sócrates vem perdendo a face democrática para enveredar por uma despudorada intolerância antidemocrática e mostrar abertamente o seu carácter anticomunista.
Os acontecimentos dos últimos dias são, quanto a isso, paradigmáticos. O chefe do Governo, que prossegue com denodo e demagogia as suas operações de propaganda, foi a Montemor-o-Velho e irritou-se com o protesto que o esperava. Os trabalhadores que o aguardavam viram-se cercados e isolados por elementos das forças de segurança, decerto com ordens superiores, de um grupo de gente que aplaudia o primeiro-ministro e foi-lhes roubado um cartaz em que exprimiam democraticamente o seu protesto.
Mas, para Sócrates, o protesto democrático é intolerável e as coisas só funcionam quando uma empresa de casting lhe assegura grupos de crianças cujos pais acedem, por dinheiro, a fornecerem o ambiente venerador e obrigado de «portugueses agradecidos».
Para Sócrates, democrático é o aplauso, ilegítimos são os protestos. Quem não está com ele, contra ele está. Por isso apelida de insultos os protestos. E o chefe do Governo não se detém sobre quem pretende atingir. Ao ser perguntado sobre o que teria a dizer acerca das posições dos professores que em massa contestam a sua política, tentou separar os profissionais do ensino das suas organizações representativas. E, em farronca, «desafia» os comunistas, a quem acusa de estarem por «detrás» dos activistas sindicais, de serem os organizadores e mobilizadores destas «manifestaçõezinhas», a «marcar» mais uma para a Covilhã...
Fraca manobra apelidar de «manifestaçõezinhas» os sinais de um protesto que alastra a todo o País. Reveladora, porém, do nervosismo que se apodera de Sócrates e da sua falta de visão e de prática democráticas.
O desafio foi acompanhado, porém, por mais uma iniciativa que, desta vez, assumiu os aspectos sombrios de um grave atentado aos direitos democráticos. Pela primeira vez depois do 25 de Abril, a polícia à paisana entra num sindicato e, sem mandado judicial que a acompanhe, leva consigo documentos de informação, numa operação que o Sindicato dos Professores da Região Centro apelida de «clara violação dos direitos, liberdades e garantias e das instituições democráticas».
Se o primeiro-ministro pretendeu intimidar os trabalhadores e as populações, apelando ao anticomunismo que a ideologia dominante pretende implantar na consciência de toda a sociedade, é intenção votada ao fracasso.
Comentando os disparates e a arrogância de Sócrates, Jerónimo de Sousa, que lhe denunciou a confusão entre «o direito de manifestação e o insulto», e lembrando a amplidão dos protestos em todo o País, assinalou que, se tais protestos viessem todos de comunistas, seria sinal de que o PCP teria a maioria absoluta nas próximas eleições.
«Pode o primeiro-ministro fazer as acusações que quiser», disse o Secretário-geral do PCP no convívio com centenas de pessoas no Entroncamento. «Nós estaremos lá, na primeira linha de combate.»
Trata-se, efectivamente de uma muito extensa linha de combate, em que os comunistas não estão sós. Como será inequivocamente demonstrado já no próximo dia 18 de Outubro na grande jornada convocada e organizada pela CGTP-IN. Porque procuram dar corpo e resposta política às aspirações das mais amplas massas de trabalhadores e das populações. Em defesa do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública. Do emprego com direitos e contra o desemprego e a precariedade. Em defesa dos pequenos agricultores e dos pequenos empresários. De todos os que aspiram a uma maior justiça social e que pretendem que as liberdades democráticas sejam respeitadas. Por isso mesmo, cada vez mais gente se reconhece nos valores do PCP, lhe reconhece o papel que politicamente lhe cabe na democracia portuguesa em prol de um Portugal com futuro.
Por isso mesmo, o Partido continua a reforçar-se, como neste fim-de-semana mais uma vez foi demonstrado com mais uma inauguração de um Centro de Trabalho em Tomar, que se segue à abertura do CT de Albufeira, na semana passada.
Um Partido que não se limita ao protesto por mais amplo que seja. E que avança com propostas nas instituições em que participa, como as que fará na Assembleia da República, saídas das jornadas parlamentares que noticiamos. E também com aquelas que, em Novembro, fruto do labor intenso dos comunistas e dos seus amigos, sairão da próxima Conferência Nacional sobre questões económicas e sociais que todo o Partido debate.