Jovens no Leste da Alemanha

O sonho do socialismo

Um estudo realizado pela Universidade Livre de Berlim constata que boa parte dos alunos do secundário residentes no território da antiga RDA têm uma opinião positiva sobre o regime socialista, preferindo-o ao sistema em que agora vivem.

Quanto mais jovens, mais positiva é a sua imagem da ex-RDA

Cinco mil alunos, com idades dos 15 aos 17 anos, originários da Renânia do Norte-Vestefália, Baviera, de Berlim e de Brandeburgo, foram questionados entre 2005 e 2007 por equipa de investigadores, que procurou determinar qual a imagem que tinham da «ditadura comunista».
Segundo o diário francês Le Monde (29.12), que divulga alguns aspectos do inquérito publicado no dia 27, os resultados relativos ao estado oriental de Brandeburgo são «inquietantes».
«Inquietantes» porque, na opinião do prestigiado matutino, estes adolescentes que cresceram no território da tal «ditadura comunista», afinal, «conhecem menos a história da RDA que os seus compatriotas da Renânia do Norte-Vestefália», situada no Ocidente.
Como atestado dessa «ignorância», o jornal aponta o facto de 37 por cento dos inquiridos terem respondido que a Stasi, nome dos órgãos se segurança do Estado socialista, era um serviço de informações como outro qualquer.
«Ainda mais surpreendente», na opinião do jornal, é que 54,4 por cento dos alunos ignoram a data da construção do muro de Berlim e apenas um em cada três «sabe» que o regime da RDA «está na origem desta decisão».
Escamoteando, por sua vez, a verdadeira história do muro de Berlim e as pesadas responsabilidades das três potências administrativas ocidentais, que impuseram a divisão da Alemanha no pós-guerra contra a vontade da União Soviética, os autores do estudo consideram que a «ignorância» dos jovens condu-los a «justificar moralmente a antiga ditadura comunista».
Apesar de a versão ocidental da história fazer parte dos programas escolares, os investigadores constataram com desilusão que os alunos dão preferência às conversas com os seus familiares ou aos filmes da época para formarem o seu conhecimento sobre a RDA.
Seguramente também por essa razão, acrescenta o Le Monde, «um grande número de adolescentes minimiza os crimes do regime alemão de Leste e não estabelece uma diferença entre uma democracia e uma ditadura. Quase 40 por cento consideram que a República Federal da Alemanha (RFA), que absorveu a RDA em 1990, não constitui um sistema melhor que a ditadura comunista. E quanto mais são jovens mais a imagem da ex-RDA é positiva», assinala o jornal igualmente sem esconder a sua decepção.

Ignorância ou realismo?

Também com algum incómodo, o ministro social-democrata da Educação de Brandeburgo, Holger Rupprecht, reconheceu ter consciência do fenómeno, salientando que o seu ministério já adoptou medidas, em meados de Dezembro, com o objectivo de «melhorar a aprendizagem deste passado». Para tal, as escolas deverão trabalhar com maior regularidade com os museus e centros da memória.
Todavia, esta alegada «idealização» do socialismo, que as autoridades se propõem combater aumentando a pressão pedagógica, traduz antes um desconcertante conhecimento das vantagens daquela sociedade por parte dos jovens, que explicam as razões da sua preferência com factos que ninguém ousa contestar.
Assim, segundo o mesmo jornal, a política social foi particularmente evocada pelos inquiridos: «Uma maioria de alunos pensa que as pensões eram mais elevadas na RDA do que na RFA e elogia o antigo regime alemão de Leste pela segurança que garantia em matéria de emprego. Para a obter, 32 por cento das pessoas interrogadas estariam dispostas a restringir as suas liberdades individuais». Será possível ser-se mais realista?...


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