«Banha da cobra»

Carlos Gonçalves
Este é o terceiro aniversário da derrota do Governo PSD/CDS que resultou nesta maioria PS/Sócrates, intérprete autorizado pelos grandes interesses das mesmíssimas políticas de direita.
A avaliação ao Governo – apesar de filtros e «inventonas» da sua omnipresente central de comando e comunicação – vai-se fazendo todos os dias na vida dos trabalhadores e populações, na degradação dos seus rendimentos, condições e direitos, na perversão da democracia, na descomunal concentração de riqueza, nos intoleráveis custos sociais das políticas de declínio nacional.
Fustigado pelo crescendo da luta de massas o Governo perde sustentação social, vacila e atrapalha-se. No PS, para além da federação de «Soaristas», «Alegristas», «Socratistas» e etc.(tristas), que garante o essencial - o «tacho» -, uma ou outra fissura ou dificuldade clientelar repercute nas sondagens.
A ofensiva da flexigurança e a crise financeira internacional, que está à porta e que o Governo teima em escamotear - para alijar responsabilidades e transferir as custas para os trabalhadores e as populações -, implicam a curto prazo o agravamento da situação social e económica do país.
E o PS sabe que é inevitável ainda mais resistência e luta e crescentes dificuldades do Governo. E que, apesar das leis de batota eleitoral e da inépcia essencial do PSD para ser oposição à política que visa concretizar, subsiste em 2009 o risco (tremendo) do avanço eleitoral do PCP.
Por isso o PS/Sócrates acelera a ofensiva das políticas de direita, para cumprir o caderno de encargos do grande capital e garantir o seu apoio, e socorre-se da «banha da cobra» para agregar inocentes e hesitantes.
É a «convenção alegrista», para manter no PS quem já não confia no Governo, uma indizível hipocrisia com que Alegre e Sócrates visam garantir um ao outro o poder futuro.
É a entrevista de Sócrates à SIC, que leva ao absurdo a fuga à realidade, para segurar, ainda desta vez, os que temem ser órfãos de tanta mentira.
E nada melhor, face ao perverso «Estalinismo», que a vitimização de Sócrates após uns apupos à entrada duma escassa reunião partidária no Rato, que objectivamente só serviu para isso mesmo.
Virá o dia de fazer as contas à «banha da cobra».


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