Há dinheiro, mas para negócios

Salários por pagar

Para hoje está convocada greve na Betablue. Contra os salários em atraso batem-se também as tecedeiras de Portalegre, os operários da 500MD, os funcionários do Bingo do Sporting de Braga.

Para receberem, os trabalhadores têm que recorrer à luta

«Os patrões da Betablue aprenderam depressa a maneira de tramar os trabalhadores que fez escola na Sonuma», acusou na semana passada o Sindicato da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas. No comunicado que divulgou, a acompanhar o pré-aviso de greve para o dia de hoje, o Sinquifa/CGTP-IN exige que acabem «as ilegalidades» na empresa de recauchutagem, que mudou de mãos há dois anos. «Os trabalhadores estão fartos de sofrer à conta do capricho dos patrões, que tardam em adaptar-se à legalidade democrática», afirma o sindicato, que reclama das autoridades uma intervenção «com firmeza, para que aquela que foi uma prestigiada empresa de Figueiró dos retorne à normalidade».
Segundo o Sinquifa, não há qualquer garantia da Betablue quanto ao pagamento de metade do salário de Março e a totalidade de Março de 2006, bem como do subsídio de Natal de 2005; do subsídio de férias de 2006, os trabalhadores apenas receberam 170 euros e do subsídio de Natal de 2006 foram pagos 200 euros. «Invocam dificuldades de tesouraria, argumento difícil de aceitar, já que sabiam bem no negócio que se metiam quando adquiriram a Sonuma», comenta o sindicato.
A greve de hoje destina-se ainda a exigir aumentos salariais relativos a 2008.
Como não foi pago até 20 de Abril o salário de Março aos trabalhadores do Bingo do Sporting Clube de Braga, o Sindicato da Hotelaria do Norte deu andamento à decisão de avançar para a greve, emitindo o respectivo pré-aviso, para os dias 2 e 3 de Maio. Em simultâneo, será realizada uma vigília junto à residência do presidente do clube, o empresário António Salvador, uma iniciativa semelhante à que teve lugar dia 10 de Abril.
«Além do problema dos salários em atraso todos os meses, os trabalhadores estão a ser confrontados com despedimentos ilegais», refere uma nota divulgada anteontem pelo sindicato da CGTP-IN, relatando que foram despedidos cinco funcionários, sem respeitar os formalismos legais, e a direcção do clube pretende despedir ainda mais oito. Além do pagamento das remunerações de Março, a luta destina-se a exigir o pagamento pontual todos os meses (o que não sucede desde 2006), a viabilização da sala de jogo, o fim dos despedimentos e a garantia dos postos de trabalho.
Na Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, estão em dívida os salários de Fevereiro e Março e há trabalhadores «com problemas de sobrevivência, já que, sem salário, não podem cumprir os seus compromissos», alertou o Sindicato dos Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Curtumes do Sul. Em comunicado, na sexta-feira, esta estrutura sectorial da CGTP-IN revelou que os cerca de 40 trabalhadores (na maioria, mulheres), se viram forçados a suspender os contratos de trabalho, para poderem receber através do subsídio de desemprego, até a Manufactura ter condições para fazer os pagamentos.
Segundo a administração, esta grave situação deve-se ao facto de o momento não ser favorável à comercialização das tapeçarias. O stock de produtos prontos atinge um valor de três milhões de euros, afirma o sindicato, que, após vários contactos com instituições, admite a possibilidade de a Câmara Municipal encontrar «alguma parceria, para que a empresa retome a normal laboração». «Para os trabalhadores, a Câmara terá que se envolver profundamente na preservação das tapeçarias de Portalegre, que fazem parte da vida cultural da cidade», afirma o sindicato.

Que destino para a 500MD?

Os cerca de 45 funcionários da 500MD, na Carapinheira (concelho de Montemor-o-Velho), continuam sem receber o subsídio de Natal de 2007 e os salários de Fevereiro e Março de 2008, situação que «está a levar trabalhadores ao desespero», revelou o STIENC/CGTP-IN.
O sindicato solicitou reuniões, com urgência, a Jorge Pereira, presidente do conselho de administração, por duas vezes, em Janeiro e em Março, mas não obteve resposta. Levou, entretanto, o caso até ao Governo Civil de Coimbra e à Câmara Municipal.
Afirmando ter conhecimento de que a 500MD presta serviços à Viatel, do grupo Visabeira, na montagem e assistência de equipamentos de telecomunicações para a PT, o sindicato questiona «para onde vai o dinheiro que a Viatel paga à 500MD», uma vez que «o sr. Jorge Pereira tem várias empresas, a TVE, em Torres Novas, presta serviços na Irlanda do Norte e, recentemente, montou uma empresa do mesmo ramo em Angola». «Será que esta é mais uma empresa que vai ter o mesmo destino de outras», pergunta o sindicato.


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