A Amadora precisa de indústria
Para além das intenções e promessas, o resultado das políticas mostra que as maiorias absolutas do PS, nos órgãos municipais da Amadora e no Parlamento nacional, não travam e muito menos invertem a destruição do aparelho produtivo no concelho - acusação que a delegação local da USL/CGTP-IN traduziu na convocação de uma acção pública de protesto, na passada quinta-feira, numa tarde chuvosa.
A chamada foi feita para junto do estaleiro-sede da MB Pereira da Costa. A construtora, que já ocupou os lugares cimeiros do sector e que, depois de o Estado ter recusado participar na sua viabilização, acabou por entrar em falência e ser entregue a um «empresário» que, passado o leilão de Julho de 2006, veio a mostrar que tinha outros objectivos: libertar-se dos trabalhadores sem custos e conseguir dinheiro rápido e fácil com a venda do terreno, nos limites da zona industrial da Venda Nova.
Marcando ali o ponto de encontro, os activistas sindicais do concelho prestaram, mais uma vez, activa solidariedade aos trabalhadores da Pereira da Costa, que mantêm desde há mais de ano e meio uma vigília junto aos portões do estaleiro. Continuam a aguardar mais uma sentença judicial, a reconhecer-lhes razão, nos motivos que apresentaram para que seja declarada a insolvência da Pereira da Costa Construções (a empresa de Luís Moreira, que adquiriu em leilão a falida MB Pereira da Costa). Também estão confiantes quando ao desfecho de outro processo, que suscitaram porque carros da sua empresa estavam a ser transferidos para a Preidacosta, uma firma-na-hora, criada por familiares do patrão. Os tribunais várias vezes decidiram a favor dos trabalhadores, destacando-se a contestação a um despedimento de quase uma centena, em que foram inventados motivos «disciplinares» para justificar o não pagamento de indemnizações.
Mas a Justiça foi deixando os patrões criminosos na impunidade e só houve recurso à força policial numa única ocasião em que o patrão conseguiu uma posição a seu favor. Veio depois a confirmar-se que também este caso estava recheado de falsidades, mas a polícia de choque foi atirada contra os trabalhadores que defendiam o património da empresa.
Actualmente, com as instalações a saque (os trabalhadores mantêm a vigília apenas de dia), os patrões não só não assumem as suas responsabilidades mais directamente relacionadas com a gestão, como nem sequer se apresentam na polícia para apresentar queixa contra os assaltantes, que acabam por ser libertados.
Os resultados alcançados pela luta animam os trabalhadores a manterem a sua determinação, em defesa dos seus direitos, garantidos pelo património da empresa, cada vez mais limitado ao terreno, porque as máquinas das oficinas, as viaturas, as janelas de alumínio, os cabos das instalações eléctricas - praticamente tudo o que possa ter valor, está a ser roubado. Da Câmara Municipal e do seu presidente, tal como do Governo, faltam os actos em defesa da empresa, dos trabalhadores e em defesa também dos créditos do Estado.
Em manifestação, exibindo faixas e gritando palavras de ordem em defesa do emprego, contra o aumento do custo de vida e pela continuação da luta, os activistas sindicais e trabalhadores atravessaram a zona industrial da Venda Nova, até junto do portão principal da antiga Sorefame. No lugar de outras grandes empresas, como a Cometna ou a Bertrand, estão agora prédios de habitação, armazéns ou terrenos vazios. A manifestação lembra que a actual situação tem responsáveis. Entre os que ali desfilam, vários rostos estiveram noutras lutas, contra políticas que, prometendo viabilizar e desenvolver, acabaram por destruir, como então os trabalhadores avisavam.
Apesar da disparidade de forças, a luta deu, também na Sorefame, os seus resultados. Umas dezenas de operários resistiram, recusaram o desemprego e lutaram para manterem os postos de trabalho e para que, depois da Bombardier (a última multinacional ali presente) ter decidido acabar com a montagem e manutenção de material circulante ferroviário, esta importante actividade não acabasse de vez no País.
Como foi referido no final da manifestação - que saiu da Venda Nova e percorreu as principais ruas da Amadora, até junto da Câmara Municipal -, desse núcleo resistente, apenas falta reintegrar dois trabalhadores. As instalações, em parte adquiridas pela EMEF (a empresa de manutenção ferroviária do Grupo CP), estão salvaguardadas para a produção industrial. O objectivo é agora a reabertura pronta da empresa, concretizando em acções concretas os compromissos assumidos pelo Governo, há um ano, na apresentação pública do sector tecnológico ferroviário, feita nas instalações da Sorefame.
Depois de terem enviado, há um mês, uma carta à secretária de Estado dos Transportes, o Sindicato dos Metalúrgicos e os trabalhadores aguardavam os resultados de uma reunião marcada para o dia seguinte. Mas, como lembravam na missiva e como, mais uma vez, mostraram nas ruas, estão dispostos a avançar para outras formas de luta, se tal for necessário.
Cúmplice local
A Amadora apresenta taxas de desemprego e de precariedade das mais elevadas da Área Metropolitana de Lisboa. Para António João Carixas, eleito do PCP na Assembleia Municipal da Amadora (que, aos manifestantes concentrados frente à CMA, leu uma saudação a expressar solidariedade aos objectivos da acção de dia 15), este é o resultado das políticas «da direita e de direita».
No entanto, nos órgãos do município, o PS tem contribuído «por convicção ou por incapacidade», para a perda de população e de qualidade de vida. É cúmplice das medidas do Governo, aumenta os impostos locais (IMI e taxa de saneamento) e não baixa a derrama às pequenas empresas, enquanto aceita passivamente a retirada de receitas, por via da Lei das Finanças Locais, e é permeável aos interesses imobiliários - acusou o eleito comunista. Criticou ainda o impasse vivido na habitação social (PER) e as decisões sobre o traçado da CRIL e Radial da Pontinha, contra os interesses das populações da Venda Nova, da Damaia e de Alfornelos.
Marcando ali o ponto de encontro, os activistas sindicais do concelho prestaram, mais uma vez, activa solidariedade aos trabalhadores da Pereira da Costa, que mantêm desde há mais de ano e meio uma vigília junto aos portões do estaleiro. Continuam a aguardar mais uma sentença judicial, a reconhecer-lhes razão, nos motivos que apresentaram para que seja declarada a insolvência da Pereira da Costa Construções (a empresa de Luís Moreira, que adquiriu em leilão a falida MB Pereira da Costa). Também estão confiantes quando ao desfecho de outro processo, que suscitaram porque carros da sua empresa estavam a ser transferidos para a Preidacosta, uma firma-na-hora, criada por familiares do patrão. Os tribunais várias vezes decidiram a favor dos trabalhadores, destacando-se a contestação a um despedimento de quase uma centena, em que foram inventados motivos «disciplinares» para justificar o não pagamento de indemnizações.
Mas a Justiça foi deixando os patrões criminosos na impunidade e só houve recurso à força policial numa única ocasião em que o patrão conseguiu uma posição a seu favor. Veio depois a confirmar-se que também este caso estava recheado de falsidades, mas a polícia de choque foi atirada contra os trabalhadores que defendiam o património da empresa.
Actualmente, com as instalações a saque (os trabalhadores mantêm a vigília apenas de dia), os patrões não só não assumem as suas responsabilidades mais directamente relacionadas com a gestão, como nem sequer se apresentam na polícia para apresentar queixa contra os assaltantes, que acabam por ser libertados.
Os resultados alcançados pela luta animam os trabalhadores a manterem a sua determinação, em defesa dos seus direitos, garantidos pelo património da empresa, cada vez mais limitado ao terreno, porque as máquinas das oficinas, as viaturas, as janelas de alumínio, os cabos das instalações eléctricas - praticamente tudo o que possa ter valor, está a ser roubado. Da Câmara Municipal e do seu presidente, tal como do Governo, faltam os actos em defesa da empresa, dos trabalhadores e em defesa também dos créditos do Estado.
Em manifestação, exibindo faixas e gritando palavras de ordem em defesa do emprego, contra o aumento do custo de vida e pela continuação da luta, os activistas sindicais e trabalhadores atravessaram a zona industrial da Venda Nova, até junto do portão principal da antiga Sorefame. No lugar de outras grandes empresas, como a Cometna ou a Bertrand, estão agora prédios de habitação, armazéns ou terrenos vazios. A manifestação lembra que a actual situação tem responsáveis. Entre os que ali desfilam, vários rostos estiveram noutras lutas, contra políticas que, prometendo viabilizar e desenvolver, acabaram por destruir, como então os trabalhadores avisavam.
Apesar da disparidade de forças, a luta deu, também na Sorefame, os seus resultados. Umas dezenas de operários resistiram, recusaram o desemprego e lutaram para manterem os postos de trabalho e para que, depois da Bombardier (a última multinacional ali presente) ter decidido acabar com a montagem e manutenção de material circulante ferroviário, esta importante actividade não acabasse de vez no País.
Como foi referido no final da manifestação - que saiu da Venda Nova e percorreu as principais ruas da Amadora, até junto da Câmara Municipal -, desse núcleo resistente, apenas falta reintegrar dois trabalhadores. As instalações, em parte adquiridas pela EMEF (a empresa de manutenção ferroviária do Grupo CP), estão salvaguardadas para a produção industrial. O objectivo é agora a reabertura pronta da empresa, concretizando em acções concretas os compromissos assumidos pelo Governo, há um ano, na apresentação pública do sector tecnológico ferroviário, feita nas instalações da Sorefame.
Depois de terem enviado, há um mês, uma carta à secretária de Estado dos Transportes, o Sindicato dos Metalúrgicos e os trabalhadores aguardavam os resultados de uma reunião marcada para o dia seguinte. Mas, como lembravam na missiva e como, mais uma vez, mostraram nas ruas, estão dispostos a avançar para outras formas de luta, se tal for necessário.
Cúmplice local
A Amadora apresenta taxas de desemprego e de precariedade das mais elevadas da Área Metropolitana de Lisboa. Para António João Carixas, eleito do PCP na Assembleia Municipal da Amadora (que, aos manifestantes concentrados frente à CMA, leu uma saudação a expressar solidariedade aos objectivos da acção de dia 15), este é o resultado das políticas «da direita e de direita».
No entanto, nos órgãos do município, o PS tem contribuído «por convicção ou por incapacidade», para a perda de população e de qualidade de vida. É cúmplice das medidas do Governo, aumenta os impostos locais (IMI e taxa de saneamento) e não baixa a derrama às pequenas empresas, enquanto aceita passivamente a retirada de receitas, por via da Lei das Finanças Locais, e é permeável aos interesses imobiliários - acusou o eleito comunista. Criticou ainda o impasse vivido na habitação social (PER) e as decisões sobre o traçado da CRIL e Radial da Pontinha, contra os interesses das populações da Venda Nova, da Damaia e de Alfornelos.