PCP sobre a escalada dos preços

Frutos da política errada

O Governo travou quanto pôde a tomada de medidas, que há muito se impunham, e fugiu a todo e qualquer diálogo sério para construir soluções para a crise, afirmou Agostinho Lopes, da Comissão Política do PCP.

O Go­verno guia-se pelo in­te­resse dos grupos eco­nó­micos

Em conferência de imprensa, na passada segunda-feira, o dirigente comunista leu uma declaração sobre a situação «de brutal agravamento das condições sócio-económicas da generalidade dos portugueses, das micro, pequenas e médias empresas, dos sectores produtivos», situação que foi «acelerada pela escalada de preços dos combustíveis».
«Fechado na sua torre de arrogância e autismo; pregando um optimismo balofo para esconder o real agravamento da situação económica e social, fruto da sua política; assumindo, até há bem pouco tempo, o absurdo posicionamento de considerar o País imune à crise financeira internacional; guiado pelo interesse ganancioso do grande capital e grandes grupos económicos, entre os quais se destacam os grupos das petrolíferas, o Governo PS/Sócrates travou quanto pôde a tomada de medidas, que há muito se impunham, e fugiu a todo e qualquer diálogo sério para construir caminhos e soluções para a crise» - acusou o dirigente comunista.
A gravidade dos problemas e da situação fica evidenciada na recente e massiva paralisação do sector pesqueiro, nas acções de marchas lentas e paralisação das frotas, iniciadas na sexta-feira e em curso, pelas empresas de transportes rodoviários de mercadorias, e nas já anunciadas iniciativas do sector agrícola. «O protesto desencadeado pelas empresas de transporte de mercadorias – independentemente do juízo sobre a sua natureza e objectivos, e da exigência de não poder pôr em causa os direitos dos trabalhadores do sector – é da res­pon­sa­bi­li­dade única do Go­verno PS/​Só­crates e da sua total inércia, pe­rante um pro­blema em cres­cente e ace­le­rado agra­va­mento desde o pri­meiro mês do ano», salienta-se na declaração.
O Relatório da AdC sobre os preços dos combustíveis, que só foi pedido pelo Governo a 30 de Abril, não analisou em profundidade a evolução dos lucros das petrolíferas e gasolineiras, nomeadamente a parte que se deve ao «efeito de stock» (subida do preço do petróleo entre o momento da sua aquisição e o momento em que o combustível é vendido). O PCP nota que as petrolíferas vêm anunciando espantosos resultados, e que uma parte importante dos lucros corresponde precisamente à revalorização dos stocks, como sucede na Galp (69 milhões de euros, num total dos 175 milhões de lucros líquidos obtidos no primeiro trimestre de 2008; 107, 276, 287 e 359 milhões, respectivamente, em 2004, 2005, 2006 e 2007).
Apresentando um conjunto de medidas extraordinárias, o PCP apela à luta dos trabalhadores e do povo português para que outras políticas se concretizem. Acompanhando a justa indignação que percorre o País, o Partido manifesta a sua solidariedade e apela à participação de todos no bu­zinão, a 17 de Junho, promovido pelo Movimento de Utentes.

Me­didas ex­tra­or­di­ná­rias

A situação extraordinária que o País atravessa, perante a escalada de preços dos combustíveis, que se pode prolongar, exige uma resposta e iniciativas extraordinárias. Nesse sentido, o PCP propôs o abaixamento do IVA para 19 por cento e apresentou, sexta-feira, na Assembleia da República, um Projecto de Resolução que recomenda ao Governo um importante conjunto de medidas, designadamente:
- A cri­ação de um im­posto ex­tra­or­di­nário sobre os lu­cros com origem no efeito de stock, a cobrar trimestralmente, e destinado a suportar as medidas de apoio às empresas, pressionando desde já as petrolíferas para que deixem de poder reflectir no preço dos combustíveis os ganhos especulativos;
- O es­ta­be­le­ci­mento, por um pe­ríodo de seis meses, de um sis­tema de preços re­gu­lados – através da in­tro­dução de um me­ca­nismo de preços má­ximos – da generalidade dos combustíveis líquidos, incluindo a nafta, bem como do gás natural e do GPL;
- O re­forço dos apoios ao ga­sóleo verde para a agricultura e as pescas, por recurso aos valores máximos permitidos pelo mecanismo «minimis»;
- A cri­ação de apoio equi­va­lente, para ou­tros com­bus­tí­veis usados pela pesca artesanal;
- A ur­gente con­cre­ti­zação do anun­ciado ga­sóleo pro­fis­si­onal para os transportes colectivos rodoviários de passageiros, a partir de 1 de Julho, no sen­tido de im­pedir o au­mento ge­ne­ra­li­zado dos preços dos trans­portes públicos, actualmente perspectivado, com extensão da medida, a partir da mesma data, aos subsectores do táxi, reboques e pequena camionagem de mercadorias (micro-empresas);
- A acção e proposta junto dos órgãos da União Europeia para a cri­ação de um Fundo de Es­ta­bi­li­zação dos Preços dos Com­bus­tí­veis Lí­quidos, na base do Or­ça­mento co­mu­ni­tário.


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