
- Nº 1815 (2008/09/11)
Até às tantas
Festa do Avante!
Quando a noite termina nos palcos principais da Festa do Avante!, é um corrupio Alameda da Liberdade acima até à Cidade Internacional, onde jovens, menos jovens, militantes comunistas de várias origens e muitos outros ainda sem partido se juntam para continuar a Festa, quase sempre até às tantas e carregada de uma força solidária, de um espírito de fraternidade que se sobrepõe à língua, cor, credo, proveniência ou estatuto social. Assim começou a sexta-feira no Espaço Internacional. Depois da chuva, claro está, era ver milhares de pessoas a desabrigarem-se para a folia interrompida por momentos, e, talvez por isso, desforrada até não mais poder.
No Palco 25 de Abril, a intempérie cancelou a Grande Gala da Opera. No Palco Solidariedade, também não puderam tocar os grupos e artistas previstos para a abertura dos espectáculos, mas da zona central da Cidade Internacional até ao stand do Partido Comunista de Espanha, aqui sob a consigna de Dolores Ibárruri, La Passionária, sob a palavra de ordem No Passarán! – que no domingo o director do Avante!, José Casanova, haveria de repetir a propósito da resposta aos que querem pôr fim à Festa – e a bandeira da República Espanhola, uma multidão davam largas à alegria ao som de música pop, de canções revolucionárias bem conhecidas e da Carvalhesa (que punha aos saltos a multidão heterogénea), dançando e cantando sem regatear esforços.
Alguns procuravam descanso. Subiam uns metros até à Associação Iuri Gagarin e bebiam uma vodka gelada, provavam uma glatinotka ou metiam a cabeça no Fotomatov para um retrato com o capacete do cosmonauta russo que abriu os caminhos do espaço à humanidade levando a bandeira do primeiro Estado proletário do mundo, a União Soviética.
Outros percorriam os restantes stands mais acima no Espaço Internacional e em muitos encontravam de novo a Festa com música trazida pelos camaradas do PAICV, da FRELIMO, do PT do Brasil ou de PC de Cuba, passavam os olhos pelo artesanato de Moçambique, da Bolívia, da Palestina ou da República Popular da Coreia, ou receber da mão de jovens militantes do Partido Comunista dos Povos de Espanha um boletim especialmente feito para a Festa dos comunistas portugueses.
Em cheio
No dois dias que se seguiram, o cenário de festa repetiu-se. No Palco Solidariedade, a Festa começou com a música africana, deu um salto pela bossa nova canarinha, lembrou o rock dos anos 60 e o reggae, dançou ao sabor das sevilhanas e da música popular portuguesa.
Os destaques vão para os portugueses Velha Gaiteira e para os cubanos Moncada, que «arrasaram» a massa humana que se juntou para os ver com irreprimíveis incentivos a pular, dançar, mexer o corpo, aliviar a alma, parando apenas para beber um Mojito, uma Cuba Livre ou uma cerveja mesmo ali ao lado no Bar da Solidariedade (assegurado pelos camaradas da célula dos trabalhadores comunistas da Transtejo), recobrando forças para a luta que continua, todos os dias, até às tantas se as lutas em prol dos trabalhadores em cada momento assim o exigirem.