- Nº 1815 (2008/09/11)

Cuba – Revolução em debate

Festa do Avante!

A Revolução cubana, que este ano assinala o seu 50.º aniversário, marcou toda a primeira metade do século XX e continua a ser um estímulo para os povos de todo o mundo, que pelo seu exemplo comprovam que é possível derrotar as ditaduras e construir o socialismo. Mas por isso mesmo Cuba continua a ser um alvo do imperialismo norte-americano, que com a vitória de Cuba sofreu a derrota da sua tese «a América para os americanos, ou seja, para os EUA», nas palavras de José Casanova, director do Avante!, no debate que ao final da tarde de sábado juntou José Rodriguez, do PC de Cuba e Manuela Bernardino, do Secretariado do PCP.
Começando por lembrar a luta que levou ao derrube da ditadura de Fulgêncio Batista – uma luta que durou 5 anos, 5 meses e 5 dias –, José Rodriguez passou em revista os ataques que desde então os EUA têm promovido contra Cuba socialista e as dificuldades acrescidas enfrentadas com o desaparecimento da URSS, que em termos económicos representou a perda de 85 por cento do comércio externo. Apesar disso, sublinhou, os sucessos de Cuba tanto no plano externo como interno são uma realidade. A prová-lo está o facto de o bloqueio norte-americano a Cuba ser condenado na ONU desde 1992, sempre com apoio crescente, a ponto de actualmente a condenação ser praticamente unânime. No plano interno, a educação, a saúde pública e a segurança social são motivo de orgulho para os cubanos, embora como sucede noutros países a questão do envelhecimento da população comece a tornar-se um problema nacional. Em debate na sociedade está a hipótese de aumento da idade de reforma (55 anos para as mulheres e 60 para os homens). Em franco desenvolvimento estão diversos sectores da economia, como a produção e exportação de medicamentos, níquel e outros produtos, bem como a aposta crescente no turismo de qualidade.
O carácter heróico da Revolução cubana foi sublinhado por José Casanova, que frisou a epopeia de «no interior de uma sociedade capitalista criar uma sociedade sem exploração do homem pelo homem», e como os 50 anos passados são «50 grandes anos de superação de dificuldades e de grandes problemas», em que a ofensiva norte-americana nunca abrandou. «O que é de espantar, o que é notável, é que Cuba tenha mostrado que é possível resistir», disse, enfatizando a importância da solidariedade internacional com o povo cubano e com a Revolução cubana. Uma solidariedade em que o PCP se empenha, porque também os comunistas portugueses «não desistem de construir em Portugal a sociedade socialista».