UE reforça securitarismo

Liberdades em causa

O Parlamento Europeu discutiu na passada semana vários relatórios que visam reforçar medidas securitárias, atentando com os direitos e liberdades dos cidadãos e ferindo áreas da competência soberana dos Estados.

A luta contra o «terrorismo» é pretexto para limitar direitos

Um dos relatórios refere-se à alteração da «Decisão-Quadro relativa à luta contra o terrorismo», cujo objectivo, segundo sublinham os deputados do PCP no PE, é abrir a «possibilidade de aplicação de medidas securitárias e de criminalização de pessoas singulares ou colectivas que efectivamente se batem, por palavras ou escritos, contra o terrorismo de Estado».
A presente proposta, afirmam os deputados do PCP em comunicado, «não representa qualquer mais-valia no combate ao terrorismo real e à criminalidade transnacional a ele associado e comporta, isso sim, perigos reais à segurança e liberdades fundamentais dos cidadãos nos diferentes estados-membros».
Preocupações semelhantes são suscitadas a propósito da «decisão-quadro do Conselho relativa à protecção dos dados pessoais tratados no âmbito da cooperação policial e judiciária em matéria penal».
O PCP considera «inaceitável» que a proposta não tenha excluído «o tratamento de dados pessoais que revelem a origem racial ou étnica, as opiniões políticas, as convicções religiosas ou filosóficas ou a filiação sindical, bem como o tratamento de dados relativos à saúde e à vida sexual».
Por último, sobre a «migração» do Sistema de Informação Schengen, Ilda Figueiredo e Pedro Guerreiro chamam a atenção para a introdução do mandato de captura europeu e dos dados biométricos neste sistema de informações e base de dados. Acresce que se pretende dar acesso a novas entidades e abrir a possibilidade da sua partilha com países terceiros.
Os dois deputados alertam que «esta extensão em relação ao sistema anterior comporta riscos para a salvaguarda de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, por acrescentar novos elementos a uma base de dados que será mais partilhada e acessível».
O objectivo, frisam, é «construir um sistema de informação e bases de dados (...) que seja um dos instrumentos centrais de suporte à ofensiva securitária protagonizada pela UE e à progressiva comunitarização da justiça e assuntos internos – áreas que estão no cerne da soberania dos Estados».
Os deputados do PCP no PE reafirmam a sua oposição a estas políticas e continuarão a lutar por «uma Europa que respeite os direitos humanos, a cooperação e a paz, sempre baseada no princípio de estados soberanos e iguais em direitos. Não trocaremos a liberdade pela segurança, porque ficaríamos sem ambas».


Mais artigos de: Europa

Protesto massivo

Cerca de 130 mil médicos, enfermeiros e outro pessoal dos hospitais civis de toda a Alemanha manifestaram-se, dia 25, em Berlim, contra a precária situação financeira e a redução de postos de trabalho no sector.

<i>Siemens</i> subornou sindicato

O ex-administrador da Siemens, Johannes Feldmeyer admitiu, dia 24, em tribunal ter subornado a Comunidade Independente de Funcionários da Empresa (AUB), um sindicato paralelo criado para diminuir a influência do Sindicato dos Metalúrgicos (IG Metall).Os apoios à AUB elevaram-se a meio milhão de euros por trimestre,...

Revés para Merkel

Os eleitores da Baviera infligiram, no domingo, uma pesada derrota aos conservadores aliados de Angela Merkel, retirando-lhes a maioria absoluta que detinham no Estado regional há 46 anos.A União Cristã Social (CSU), partido irmão da União Cristã Democrata na Baviera (CDU), caiu 17 pontos para 43,4 por cento dos votos,...

Bloco central recua

Os sociais-democratas ganharam as eleições legislativas antecipadas, realizadas no domingo, 28, na Áustria, mas tanto estes como os conservadores seus aliados no governo perderam votos para os dois partidos de extrema-direita.De acordo com os resultados provisórios conhecidos no início da semana, o Partido...

<i>As crises</i>

Todos os meses, com excepção de Agosto, há uma semana de sessão plenária em Estrasburgo, o que obriga os deputados, funcionários, intérpretes e toneladas de papel, a deslocarem-se de Bruxelas para Estrasburgo para satisfazer a pretensão francesa de partilhar com a Bélgica a sede do Parlamento Europeu, cujos serviços...